domingo, 28 de fevereiro de 2021

Meu ganzá - ITANIRA SOARES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Com meu ganzá
Entoei canção de amar
Com meu ganzá
Cantei melodias de ilusão
Com meu ganzá
Fingi dor matei um coração
Aparei um sonho que caía
De um coração distraído que ia
Beijar meus pés sem meias
Minhas mãos sem luvas
Gotejar lágrimas turvas
Abraçar meus braços sem abraço
Laçar-me sem laço
Um coração sem amor.
Nos contratempos dos altos e baixos
Nas entrelinhas das notas alternadas
Gritavam e silenciavam maracás
Tamborins, pandeiros, ganzás,
Nos terreiros, quintais da minha folia,
Samba, pagode, euforia.

EM - INEXPLICÁVEIS POEMAS - ITANIRA SOARES - IN-FINITA

Salve! Salve a Rainha do Mar - DIVONE BRITO DA COSTA

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Sou filha de Iansã
E neta de Iemanjá
Se de noite estou no vento
De dia vou para o mar
Mulher guerreira e de forças
Mulher sublime de amor
Eu sou filha de Iansã
E neta de Iemanjá

É dois de fevereiro
Não posso deixar de ir...
Hoje é festa da vovó
Eu vou ter que lhe “curtir”
Dois de fevereiro
Iansã no mar vendo Iemanjá
0 mar está em festa
Salve!
Salve a rainha do nosso mar

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Chuva - LIÈGE DE MELO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Neste dia frio, vejo a chuva cair serena -
molha a janela, umedece minha alma,
faz a vida parecer pequena.

Admiro o cinza perdido desta natureza sombria
na transparência líquida de quem vê de perto,
na paisagem embaçada do olhar distante.

Pingos e notas de melancólica sinfonia,
a penetrar no vazio do sentir-se errante.

Lembro momentos de chuva alegria,
misturados aos sons de risos de crianças -
a beleza invernal das nebulosas serras,
na bucólica cidade feliz da minha infância.

Tempo em que um pai esperançoso, previa boa
colheita, na enxurrada do sertão.

Cheiro de terra molhada era perfume,
não combinava com tristeza,
banho de chuva era diálogo,
                  do homem com a natureza.

Após tanto tempo a morar, em um Recife,
plantado no mar,
o encanto da chuva tem chegado transvertido -
o efeito dos anos, também tem me confundido.

Procuro na intimidade das memórias,
o otimismo rural aflorado pelas chuvas,
encontro apenas o tumulto das vias turvas,
daqueles dias de tristes histórias.

Outrora,
            sentia a vida se renovar com águas,
hoje vejo sobreviventes, casas destroçadas
A metrópole ruidosa, vias inundadas
cenas cotidianas, tristemente esperadas.

Águas de chuvas buscam sem medidas,
abrir caminhos para seus trajetos,
tal qual os cambaleantes passos
                                         que ora desenho,
buscando sentidos em novos projetos.

EM - ROTAS POÉTICAS - LIÈGE DE MELO - IN-FINITA

sábado, 27 de fevereiro de 2021

A vastidão do mundo - ROSA MORENA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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A vastidão do mundo
O desconforto dos dias
O encolhimento dos afetos
O tempo de ir embora.

EM - LATITUDES DE INTIMIDADE - ROSA MORENA - IN-FINITA

Pedras ao mar - DIVONE BRITO DA COSTA

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Respeitar tempos
Seres pedra
Seres ventos
Trabalhar diferente em cada estação
Minha terre, meu sertão
Sejas rio
Rio suave
Rio bravo
Seres mar
Marés de janeiro
Marés de março
Em altos e baixos
Contornes, passe por cima
Sentes, deite, deixe rolar
Não confundas o tempo
Seres, seres rocha
Seres terra para suportar
Descansares à sombra
Ver o encontro do céu com o mar
Lugar de encontros marcar
Amantes a esperar
Contemplando o luar
Sem saberes se a pessoa vai voltar

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Conhecimento - ROBERTA WADNER

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Fui tecida no ventre da minha mãe
Sou amada e cuidada
Sondada em minhas entranhas.
Em meus pensamentos
E nem em meu conhecimento
Sou capaz de medir
E contar esse amor
Que me move
Transforma
Cuida
Restaura
Sustenta
Guia-me.
Agradecida sou
Porque me alcançou
E hoje livre sou.

EM - ALMA DESCORTINADA - QUANDO A POESIA GERA CURA - ROBERTA WADNER - IN-FINITA

Somos brasileiros! - DEUSIANA FERREIRA DA SILVA

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Muitas vezes excluídos,
mas orgulham-se
de ser nordestinos.
São autênticos trabalhadores
deste país,
fazendo-o crescer produtivamente
em vários segmentos.

Suas dificuldades
nem sempre são ouvidas,
ainda fogem da seca
na esperança de melhores dias
em outras capitais.

Alguns ficam pelos caminhos
com seus sonhos
e outros concretizam-os
com muita luta,
entre alegrias e tristezas.
Nunca esquecem sua terra natal.

O nordestino não quer
ser somente lembrado
como um povo discriminado,
mas sim, um povo
que merece respeito,
pois são brasileiros!

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Herança! - IVANA POETA

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Não deixo quase nada
Pouco tenho para deixar
Deixo vitórias que não tive.

Sonhos que não cheguei a sonhar
Deixo lágrimas que chorei
Deixo sorrisos que dei
Deixo palavras que escrevo.

Tantas que já nem sei
Deixo desejos perdidos
Abraços que abracei
Bocas que queimam de desejo

Em beijos que não beijei
Em constante amargura
Deixo a alma perdida
Deixo saudades que tenho
Quando deixar a minha vida.

EM - UM MUNDO EM VERSOS (CLUBE AMANTES DA POESIA BRASIL) - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

Novos caminhos... - DEUSIANA FERREIRA DA SILVA

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Caminhas, caminhas, caminhas
entre ruas, avenidas e vielas
muita gente
poucas pessoas
Caminhas!

Refletes sobre a vida
resignificando com sabedoria
novos caminhos
através do olhar interior.
Encontros e desencontros.
Caminhas!

Deixando lembranças
que não queres lembrar.
Tens fé e não desiste.
O Amanhã traz Esperança.

Por isso;
Caminhas, caminhas, caminhas...

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Mia - VIEIRINHA VIEIRA

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À custa de...
Sem saber o que falam,
Mas falam mesmo assim!

Falam como se suas opiniões tivessem mais valor.
Deslizam palavras pela língua...
Como se soubessem tudo!
Acham-se os melhores... é até levar a deles avante;
E o avante acaba por chegar!
As palavras infiltram na pele, os poros transpiram suas emoções.
À custa de...
De gente egoísta e egocêntrica!
À custa de gente que não se importou.
Perder outro alguém para ganhar mais meia dúzia de nada!
E cá vou eu...
À minha maneira!
Deixando tudo para trás, até mesmo as palavras.
À custa de...
Ofereço a razão, mas não peçam o coração, esse é meu!
À custa de minha emoção dançar
Deixando palavras deslizar.
Loucura?
A única sanidade que trago.
O gato.

EM - PANDEMIA DE PALAVRAS - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Coberta de palavras - CLAUDIANA ALENCAR

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me disseste que as palavras são como uma coberta
de aconchegos
de retalhos livres
de cuidados de mãe
em noites medrosas
uma coberta de palavras cobre até aos pés
minhas lacunas todas
tua palavra me acoberta o mundo
é flecha de dois gumes
aquece o sonho
arrefece o medo
quero me cobrir das palavras santas
que curam a alma
tua palavras de voz mansa
oh minha conselheira

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Os olhos teus - JOSÉ SEPÚLVEDA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR ADRIANA MAYRINCK

Os olhos teus são fontes de água viva
Que jorram pelo rosto sem cessar
E contam para nós a história antiga
Que tens no coração para nos dar.

Perfídia? Frustração? Razão sentida
Que dessa forma incerta, irregular,
Te causam sensações de nau perdida
Que enfrenta, incerta, a fúria do teu mar.

Nos olhos teus, um mundo de ilusão
Que querem transtornar o coração
Que pulsa no teu peito tão cansado.

Não, não desistas do teu sonho lindo!
O tempo passa, os dias vão seguindo,
No teu trajeto infindo, inacabado!

EM - SER MULHER III - COLECTÂNEA - MOSAICO DAS PALAVRAS
 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Mendiga do amor - ITANIRA SOARES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Por um dia mendiga fui de amor,
Pedinte

Mãos que suplicavam carícias
Volantes

Artérias que pediam passagem
Coração

Articulações sem conexão
Corpo

E na contramão de desejos barrada
Sem olhos de permissão
Desligaram-se os faróis
A direção ao amor travou
Na clausura dos desejos vivi
A companhia do prazer solidão.

EM - INEXPLICÁVEIS POEMAS - ITANIRA SOARES - IN-FINITA

Saral - CLAUDIANA ALENCAR

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estanquei as tuas poemas
na mesa afeita de espelhos
efeito de um varal de afetos
dos teus saraus nômades
com l de luta
atei-me a tua filologia
de palavras vivas
de conceitos raros
sem nunca transmutar
o teu luto em sangue
por me deixar ficar à sombra livre
de uma casavoa
de pássaros
sem asas
sem eufemismos
nem notas de rodapé
enquanto as horas do teu dia amarelo jerimum
te examinam com os olhares negros
dos teus corres curió
cuida, bell
que tens tanto amor
dentro de ti
que fiz um azigon
das tuas poemas
dentro de mim.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Fragmentos - LIÈGE DE MELO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Meu eu,
              sombra de fragmentos,
partidos ao confrontar o ocaso
que furtou do sonho a quimera,
de uma vida imaginada bela.

Soma pedaços de quase nada -
separados, somem ao vento,
juntos, se fixam na estrada,
leves, buscam solidez.

Conduz histórias de opostos,
velhas luas, rios novos -
tantas dúvidas, tantos rostos
que se cruzam no talvez.

Buscam estar no mundo,
rasgar o fel da insensatez
que se nega a recomeçar
tudo, tudo... outra vez.

EM - ROTAS POÉTICAS - LIÈGE DE MELO - IN-FINITA

É fácil - VÂNIA GUSMÃO

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É fácil dizer fique em casa
Quando da rua não vem seu sustento
Quando a pança está cheia, e
Não falta em sua mesa alimento

Quando não se conhece a cor fúnebre da fome
Ou ronco desesperado das lombrigas no bucho vazio
Não sabe como é lúgubre a dor da barriga seca
Cheia de verme, vento e conselho sombrio

É fácil dizer fique em casa
Quando a dor da indigência
Não te atinge nem consome

Que importa? A escolha é do outro
Se vai morrer sufocado pelo vírus
Ou carcomido pela fome.

EM - PANDEMIA DE PALAVRAS - COLECTÂNEA - IN-FINITA

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Meus olhos - ROSA MORENA

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Meus olhos mergulharam nos seus
O que vi as palavras não alcançam. 

EM - LATITUDES DE INTIMIDADE - ROSA MORENA - IN-FINITA

Irmandade esquecida - CHÁ RIZE

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Início do Poema da vida dos guardiões
Chegando ao fim
Sem mais canções
Reminiscências indígenas enfim
Na cerimônia se despedem os pássaros
Em bandos e cantos loucos de dor

Rochas, Ventos, Fauna, Flora Rios
Uno em busca de consolo espiritual
A terra sangra, a mata queima horas... há frios
Intermináveis perversidades em plural
Singular maldade presidencial
Festa da mortalidade

Um tipo que domina na incultura terrivelmente
Nos que ainda vivem a esperança não morre
Pajés lançam da alma a mente
Misteriosos feitiços estelares correm
E pelos quatro cantos da terra lançam sementes
Num milagre tribos ressurgem portadoras de suas curas
Águas cristalinas jorram em seus desdobramentos
hiper quânticos

Sim virá
Livres, poderosos, amorosos e imortais.
Repare no silencio da noite o diálogo das estrelas
A força mortífera motriz desaparecerá
Do firmamento tamanha beleza se revelará
E então os bons corações
terão permissão de viver o novo tempo.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Labirinto - VALDIRENE CICHOCKI

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Estou “só”
Presa em um canto
Do meu próprio
Labirinto
Quero sair
Mas não consigo
Começo a pensar
Então
Em uma saída
Um lugar
Para voltar
Mas voltar de onde?
Se nem mesmo sai
O Labirinto desaparece
Vejo que foi só
Ilusão!
E que a solidão
Jamais existiu
Em meu
“Ser”

EM - PANDEMIA DE PALAVRAS - COLECTÂNEA - IN-FINITA

domingo, 21 de fevereiro de 2021

O travesseiro - ELÍGIO DE AZEVEDO

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I
Começa o dia já raiou o sol
Acabou enfim a madrugada
Gorjeia alegre o rouxinol
Festejando a alvorada!

II
Bate as asas o carijó
Som agudo e estridente
Olho em volta, vejo estou só
No coração a chama ardente!

III
Ah! Como era bom outrora
Na mesma alcova de cetim
O cenário hoje apavora
Sem teus beijos, triste fim!

IV
E o confidente Travesseiro
Que até parece me entender
Antigo perfumado companheiro
Silente esperando por você!

EM - ESCOLA DE POESIAS - ELÍGIO DE AZEVEDO - CHIADO BOOKS

Insônia ininterrupta das mães negras - CHÁ RIZE

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Foi com dor que seu rebento chegou
Esperado por toda vida, fruto de amor
O sonho do fim do cativeiro nunca deixou
Seguiu por toda vida
Antes pária, hoje e sempre?
Joia desprezada incoerentemente por seu valor

Perseguida por malandros capitães
Dentro das matas defendeu seu bem na capoeira
Perseguição da mortalidade a beira
Uma vida só mas testemunha ocular de muitos
homicídios
Viveu banzo, ausências, frios e falta de pães

Entregou corpo, trabalho e glória
Construiu a história
Mas ver sua cria sendo alvo dos homens
Armas miram sua cabeça
Pelos proprietários de direito usurpado
Extraído de uma falência moral

Outrora os peitos fartos de leite
Se enchem de perfurações a cada ligação
Um suspense, pode ser dessa vez
A cabeça é gotejada por obsessivas preocupações certas...
as setas
Mãe inquieta chora pelo filho do vizinho
Chama por Deus, por seus Orixás
Para que não levem Pedrinho.
Pare de nos matar

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Ansiedade - ROBERTA WADNER

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Divide a mente
Sufoca a alma
Corroí a energia
Provoca o medo
Exclui a fé
Inquieta
Com o amanhã
O que vestir
O que comer
O que beber
Como se acrescentasse
O curso da vida
BASTA!
Ao seu dia
O seu próprio mal.

EM - ALMA DESCORTINADA - QUANDO A POESIA GERA CURA - ROBERTA WADNER - IN-FINITA

Quando - TITA LEAL

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Quando não tiver mais palavras
para escrever versos
E a boca sem marés para te beijar
Nem magia nela para recuperar
o brilho do teu olhar
Ato as minhas mãos às tuas
e em silêncio tatuo na tua pele
O meu nome, meu amor
Para que me saibas recordar

Se assim não for
Tentarei em liberdade
nos pequenos e simples gestos de amor
fazer-te acreditar na minha lealdade

EM - PANDEMIA DE PALAVRAS - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Um Entre Dois - CELÊNE IVO JUNQUEIRA BACELAR

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Um entre dois.
Por que um?
Um nó apertado
Que não desata
pela dor
Um atrito devastador
Pela falta de
amor
Um aperto de
mão
Comprovando
o perdão.

Desfeito o rancor
Um abraço
reconciliador.

Um beijo molhado
Um reencontro
adocicado
Um carinho
iluminado
Um ponto de luz
na multidão
Clareando a
escuridão.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Feito um Borges - TECA MASCARENHAS

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FEITO UM BORGES
terei que quebrar as palavras
com minhas próprias mãos
para falar desse tempo de trevas
aos que ainda não nasceram

vestir-me de luto
baixar os olhos
cobrir os espelhos
acalentar os anjos de colo
e silenciar o voo dos pássaros

semear as palavras despedaçadas
no côncavo dos cântaros
onde os dias amedrontados se escondem
e protegê-las dos abutres
vorazes por almas aladas

ainda que cada noite seja um poço sem fundo
e remanesça inescrutável a mensagem do mar
ainda que os deuses se finjam de cegos
e se encolham de paúra
as crianças as mulheres e os homens

aos que vislumbrarão o amanhã
escreverei na pele
com o sangue dos mortos
a indelével história de hoje
macerada de solidão ausência e saudade

traduzida em soturnas memórias
de oásis de fraternidade
em vazios abissais
e de adeuses cibernéticos
anuviados de lágrimas factuais

enquanto o escárnio dos insensíveis
lança cal sobre os túmulos
e seu desprezo dança com os fantasmas
escancara-se a desumana face
e em esgares de gozo
vilipendia a dor dos amores destroçados

- escrevo, ainda que jamais se consiga
decifrar a linguagem do Mal

EM - PANDEMIA DE PALAVRAS - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

O Pranto - CELÊNE IVO JUNQUEIRA BACELAR

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Em cada canto
um pranto
Em cada pranto
uma dor
uma saudade
uma alegria
um desamor
Ou, simplesmente,
um pranto.

Olhei com desdém cada pranto
e fugi.
De um soluço intenso
o chamado insistente
Ouvi.

Parei e voltei.
Voltei esbarrando-me
no encanto
Que me levou
ao pranto.

Sussurros
Sorrisos
Renascimento.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Arco-íris de papelão - T. M. GRACE

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Num piscar de olhos as ruas ficaram desertas,
A esperança ficou suspensa,
Expectativas jazem cristalizadas no tempo,
Persianas corridas,
Gentes espreitando inquietas,
Abrindo frestas à saudade e ao desalento.
No céu o sol e a lua continuam brilhando sublimes,
E os milhões de estrelas reluzentes no firmamento…

Revela-se o olhar de almas indiferentes, perdidas,
Resta-nos sonhar como que por casualidade,
Cerramos nossos olhos, nossas mentes estão incrédulas.
Será que estamos a sonhar?
Os ecos de almas solitárias se encontram,
No silêncio de um vazio forçado,
Mas seguem escutando o sopro da vida,
Entre soluços numa face de lágrimas banhada.

Mas além, sim, lá do outro lado,
Escuta-se o gargalhar de uma criança,
Num desafio lançado por muitas outras mais,
Por telefone ou pelas redes sociais,
Para redescobrir e dar cor ao símbolo da esperança.

Todos unidos por um só bater de coração,
Afinal o planeta também precisa respirar,
E a humanidade carece aumentar a sua fé,
De olhares perdidos no horizonte,
voltámos a sentir a mãe terra pulsar,
E cada um espalhou pelo mundo
e em todo o mais pequenino lugar,
O seu lindo arco íris de papelão,
Afinal a vida é feita para nos ensinar,
Ela simplesmente é como é...

EM - PANDEMIA DE PALAVRAS - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Interrogações e capacidades - CECÍLIA PEIXOTO

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Amar incondicionalmente! Porque sou mulher?
Ser fonte de prazer! Porque sou mulher?
Doar-se! Porque sou mulher?
Sacrifício! Porque sou mulher?
Calar! Porque sou mulher?
Ganhar menos! Porque sou mulher?
Não ter opinião! Porque sou mulher?
Submissão! Porque sou mulher?
Esconder meu corpo! Porque sou mulher?
Não ter direitos! Porque sou mulher?
CHEGA! CHEGA...
Sou dona de mim para amar
Inteligente para sobreviver, sonhar...
Livre, apta a viver sem tutor
Posso ser que quiser sem ter senhor.

Sou insubmissa, vanguarda, vil, atrevida.
Sou uma sobrevivente no território vida.
Maria, Madalena, Carolina de Jesus, Forte!
Detentora de muitas qualidades sem aporte.

Sou negra, nordestina, eterna rainha da passarela.
Bem mais valiosa do que uma imagem em aquarela.
Mulher de fibra, capaz, um ser de valor e respeito
Flor, desabrocho na caatinga, bato com orgulho
no peito.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Luz, Voz, Fé e Esperança - ITANIRA SOARES

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Pelo fundo do olho minha alma passeia
Encontra-se com a fé e se ajoelha
Cruza o infinito e desenha uma teia,
Visita a esperança e vê uma centelha

Estrada longa até onde o brilho se perde
E risca o chão do horizonte inerte
Na linha imaginária do infinito
Do fundo do meu olho tudo é mais bonito.

Meu itinerário do todo dia
Meu pensamento minha poesia
De guarda sol ou guarda chuva
Assim me cobre a cada curva.

Olho invisível, pensamento audível,
Visita a fé e escuta o Deus do impossível
A voz que me comove
A luz que meu caminho move.

EM - INEXPLICÁVEIS POEMAS - ITANIRA SOARES - IN-FINITA

Mancha na vidraça - SIGRIDI BORGES

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Amo janelas.
Através da vidraça
observo o planar dos pássaros
a voar no imenso azul,
a menina que canta
e encanta no quintal vizinho.

Acompanha a mãe
a estender roupas no varal
joga um barbante
amarrado num cone de lã e solta a voz
embalada pelo som de fundo
do radinho de pilha.
A plateia são as bonecas
feitas com sabugo de milho e roupas de renda.
Canta tal qual um rouxinol.

Trovões e relâmpagos
estão a chegar.
As duas correm e recolhem os tecidos
lavados no ribeirinho
e perfumados com o aroma de flores.

Resta-me agora
uma mancha na vidraça
embaçada com as gotas de chuva
e a música dos trovões.

EM - PANDEMIA DE PALAVRAS - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Os dias - LIÈGE DE MELO

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Os dias, rápido em alegrias,
alongam-se em tristezas
nas manhãs de almas vazias.

Nelas o silêncio sangra,
congela, grita inerte, rodopia
no vácuo das incertezas.

Ao ser pesa admitir o quão é frágil,
efêmero, tirano, humano.
Inflado de contrastantes diversidades.

Um poço de sentimentos
puros, obtusos, mundanos,
que dormem calmos,
                                acordam insanos.

Sentir acalma, sufoca, agita -
faz o poeta abrandar conflitos
                                com versos

Nascidos de íngremes partos,
alimentados de ilusórios anelos -
para em algum dia incerto,
                                virarem amores

                                b e l o s.

EM - ROTAS POÉTICAS - LIÈGE DE MELO - IN-FINITA

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Feliz aniversário Salvador - CECÍLIA PEIXOTO

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Bom dia Salvador!
Terra de encantos e magias
Histórias, turismo, praias
Pelourinho, Santo Antônio, Boemia

Cidade alta, cidade baixa
Contraste de uma cidade negra
Suor de um povo segregado!
Histórias registradas em ruas e ladeiras

A senhora que completa 471 anos
Concilia a parte histórica e a modernidade
Acolhedora com todos os visitantes
A periferia... Parte esquecida da cidade

Salvador das 365 igrejas
Dos inúmeros terreiros de Candomblé
Sincretismo na ruas, becos e vielas
Intolerante com seu povo de axé

Mar... Cor de imensurável beleza
Cheiros, sabores, sons, ludicidade
Salvador: terra, amor, pertencimento
Hoje só quero respeito à sua diversidade

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Gostaria de brincar - ROSA MORENA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Gostaria de brincar naquele quintal
Aquele que me olhava de vestido azul
Com o cabelo desgrenhadamente feliz.

EM - LATITUDES DE INTIMIDADE - ROSA MORENA - IN-FINITA

 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Não fujas de mim - CECÍLIA DE SOUSA NETO

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Se um dia me encontrares por aí
Peço-te não fujas de mim
Sei que não quer me ver.
Mesmo assim,
Eu me alegro em te ver.
Te amo além do infinito
Se me encontrares por aí,
Não finja não me ver
E nem desvie o caminho.
Sei que um dia nos encontraremos
Um dia, sem nada marcado
A vida se encarregará desse encontro
Em algum momento
Não importa o tempo
Sei que um dia vai me encontrar por aí.
Perdoe-me por te amar tanto
Perdoe-me por te querer
Perdoe-me por ser assim.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Preguiçoso - ROBERTA WADNER

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Falta entendimento
Caminhos cheios de espinhos
Superfície coberta
Em ruinas
Sem ninguém
Para receber ordem
Só fica deitado
Em seu eterno sono
Cochilando
Em repouso
Se acabando
Na pobreza
Procrastinando
Sem iniciativa
Sem previsão de futuro
Parado sem nada a fazer
As oportunidades vão passando
As necessidades esmagando
Desculpas arrumando
Totalmente sem ação
Inicia coisas sem terminar
Sua indolência o deixa inquieto
É digno de pena
Nesse momento.

EM - ALMA DESCORTINADA - QUANDO A POESIA GERA CURA - ROBERTA WADNER - IN-FINITA

Já não tenho pressa… - SÃO SILVEIRINHA

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Já não tenho pressa,
nem acelero o meu passo.
Os dias desfilam mudos,
dançando num lento compasso.

Já não me atormenta o tempo,
agora já não me foge...

Oiço-o aproximar-se,
quando antes nem o sentia...
Sinto o sufoco das horas
em tempos de pandemia.

O extremismo que corrói
anda por aí à solta!

O colapso social,
a violência gratuita,
a palavra incendiária,
toda esta insana revolta...
é isto que nos destrói!

Já não tenho pressa,
apenas me deixo estar...

EM - PANDEMIA DE PALAVRAS - COLECTÂNEA - IN-FINITA

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Coração quebrado - CECÍLIA DE SOUSA NETO

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Estava com o coração magoado,
Dolorido, traído, machucado...
Você apareceu.
E, com teu jeito doce, gentil, Carinhoso
Também com o coração machucado
Me conquistou.
Juntamos o que ainda havia de melhor em nós
E formamos um só coração
Vivemos dias ímpares de muito amor, carinho,
Atenção, afeto, entrega e cumplicidade.
Mas, de repente,
Foi só o alguém que machucou teu coração
Te procurar
Para nossos momentos serem desfeitos em minutos.
Me deixando sem nenhum cuidado.
Me deixando ainda pior.
Me deixando de coração quebrado.
Agora me diz, como consertar esse pobre coração?
Acho que não tem mais cura.
Será amargurado para sempre.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Janela de Menina - GRAZIELA BARDUCO

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Através desta janela
Por detrás desta cortina
Se escondia uma menina
Que já fora uma sentinela
Num momento de prequela
Quando um brilho lhe externava
Seu olhar não tinha trava
Mas sua chama se apagou
Como um sopro que passou
Nas cantigas que cantava.
Graziela Barduco

EM - UM MUNDO EM VERSOS (CLUBE AMANTES DA POESIA BRASIL) - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

domingo, 14 de fevereiro de 2021

Eu estava virada - CAROLINE DIAS BRANDÃO

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Eu estava virada
Sem lenço, nem sentimento
Cansada de querer
Não quero mais alvorecer
Dia que pinga gota pequena
Dia que nasce morrendo de frio
Dia que sonha com o escuro da noite
Era lagrima e sorriso no mesmo dia
Afff, era uma patifaria
Eco em cima de eco
Estala o tapa
E eu, eu estava virada
Num pulo só levantei azeitada
Sem trava e sem medo nas ventas
Eu ventei as minhas poucas palavras
Eu soprei a pemba,
e até do sumitero terra eu achei pra jogar
Na minha casa não!
Debaixo de minha vista não
Não me importa de onde veio essa mulher
Mas na minha vista mulher não apanha
Eu estava mesmo virada
Acreditada no invisível
Pulei lá pelas forças de nossa senhora
Nenhum dia, nenhuma hora
Ahhhh, que pela força de mil orixás
De todos os santos e encantos
É NUNCA!
Nem no dia que pingar ouro do céu
Nem no dia que o chão sumir dos meus pés
É nunca, sem rima e sem poesia
Homem, tapa dado não se tira,
mas se assuma na covardia
Mulher, cuida uma da outra
Abraça tua irmã, por que unidas
Faz-se a força e cai por terra a valentia
De homem que pensa que pode machucar mulher.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Entre raízes aprisionadas - CRISTINA FERNANDES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR ADRIANA MAYRINCK

entre raízes aprisionadas
liberto a semente implodida
nesse abraço enlaçado
planície da terra prometida

entre raízes aprisionadas
desvendo a cor do sentimento
caudal do olhar inaugural
nas mil águas soltas ao vento

entre raízes aprisionadas
revelo a luz dum novo dia
poros abertos à paz
no pautar da estrela guia

entre raízes aprisionadas
cresce um sabor inesgotável
nas gotas se sal beijadas
explosão da tua pele arável

em mim...

EM - SER MULHER III - COLECTÂNEA - MOSAICO DAS PALAVRAS

Sei - SANDRA RAMOS

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Sei de mim e de Ti...,
sei as primitivas e as derivadas das palavras,
o soneto ondulatório das pautas musicais,
a ação gravítica do passional liquidado...

Sei de Ti e de mim...
sei a posição grave e aguda das estrelas polares,
as ligações duplas conectadas no centro abismal,
a mitigação do risco pandémico da Vida...

Sei de nós...
sei da pavorosa ilusão de Bocage,
da noite sem lua, do deserto sem água de Sophia,
dos poemas mais extensos e da cintilação das sílabas de Eugénio
de Andrade...

Sei de vós...
da escultura interdita do traço coerente,
do pincel incessante em busca da pedra grega de Orfeu,
da voz silenciosa cantante do pulsar de um fadista,
da prosa poética espelhada no rosto de um poeta!

SEI...
porque sei... da vivência intemporal,
do ‘el ascetismo Cristiano’ assoberbado da dureza interina...

Não me questionem o quê… simplesmente... SEI!

EM - PANDEMIA DE PALAVRAS - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sábado, 13 de fevereiro de 2021

O que me matou ontem - CAROLINE DIAS BRANDÃO

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O que me matou ontem
Não me matará amanhã
Morro de uma coisa por vez
Mas de amor,
Morri todos os dias surpreendentemente
Em cada vez o amor me levou numa jornada
Numa busca impensada
Desenfreada
Onde eu me realizava desfazendo e refazendo
O amor me matou todos os dias em que me fez olhar
fora da janela
Me arrastou pelos cabelos
Me fez acordar numa praia deserta
Dormir olhando a luz das estrelas
Me levou com suas águas
Para cima das janelas
Acima do firmamento
E dessas vezes todas, eu morri sorrindo
Mas esse mesmo amor que arrancou minhas asas
Também me fez acordar no dia seguinte restituída
Desconfiada mas sempre disposta a ouvir o seu chamado
Até que descobri que o amor não era o que me tirava
de mim
Amor era só o que me restituía
Que me devolvia a mim mesma
Desde então as vozes que me chamam lá fora
Que falem sozinhas
Que chamem até cansar
Desde então me realizo neste amor que dá vida

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA