sexta-feira, 31 de março de 2023

Reino - SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

Reino de medusas e água lisa
Reino de silêncio luz e pedra
Habitação das formas espantosas
Coluna de sal e círculo de luz
Medida da Balança misteriosa

EM - ANTOLOGIA MAR - SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN - CAMINHO

quinta-feira, 30 de março de 2023

Delito - MARIA TERESA HORTA

Tangível...
Tangível! - pensa a Dama
no sobressalto
do pensamento revolvido

Na palma da sua mão
fechada
o chifre do Unicórnio

Tem o poder do delito

EM - EU SOU A MINHA POESIA - MARIA TERESA HORTA - D. QUIXOTE
 

quarta-feira, 29 de março de 2023

Adormecimento - ROSA MORENA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Flores não acordaram, já é tarde
Escorrega um cântico na boca da noite
Desabrocham rugas na sombra do espelho
Em ausência de casulo, larvo-me
Tenho desconfianças na quentura do meu dia
Careço de ilusões, uma por vez
Quando me desconheço é hora de acordar
Que a travessia me seja.

EM - NA FUNDURA DA PELE - ROSA MORENA - IN-FINITA

terça-feira, 28 de março de 2023

Velho retrato - SUSANA NUNES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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As vagas memórias do passado
são trilhos inscritos no papel partido
daquela singela fotografia velha.
Talvez que apenas sejam sombras,
talvez efémeros sorrisos,
lúgubres mágoas
na fugaz existência das imagens

Ocupam agora lugares inóspitos
de um par de olhos apenas,
solitários monólogos na sede dos lábios,
legendas desertas sem espaços de sílabas

Momentos entrecortados
nos embargos das histórias,
que se definham frágeis,
que se ocultam baças,
num ausente arfar de esforço,
se calhar, inexoravelmente mudo,
naquilo que em idos tempos
já foi um retrato

EM - SEMPRE PLANTO OÁSIS NAS PALAVRAS - SUSANA NUNES - IN-FINITA

segunda-feira, 27 de março de 2023

Barco de pau - ANTÓNIO CAPELLA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Não quero as cobras na manjedoura que me reservaste.
Recuso o teu querer e deambularei na procura de ínsuas
de desejo, fugindo sempre das sedes de deserto grande e mau.
Não, não me atires pedras da calçada, que tanto por nós foi
calcada!
Retorna-me o mundo do teu cheiro inteiro e morde-me a carne
viva onde o sangue lateja e vibra – um dia arrefecerei – à cautela
deixa sempre uma frincha da porta aberta.
Voltarei de madrugada quando me amedrontar com
os fantasmas de todos os outros espaços, residências das caras
pérfidas, duendes e sujos palhaços.
Enquanto neste remanso ainda espero pelo barco de pau envolto
numa imensa espuma de sal!
Planto os pés quase, quase no areal, cemitério dos que se afogaram
neste espaço quando era imenso vau.
Além corre a planície, onde pássaros entontados viajam em voos
rasantes e de relógios avariados com tinos em coitos safados.
Protejo-me com o hálito quente do vento e sem possibilidade
de retornar adormeço sonhando com o barco de pau,
que me recolherá já feito numa grande pedra de sal.

EM - PALAVRAS ESCRITAS, PALAVRAS PINTADAS - ANTÓNIO CAPELLA - IN-FINITA

Pregam-se - SUSANA PIRES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Aos olhos, mãos e tudo o que me apetece

Aquilo que me alimenta

Elegendo

Segredos na catarse da escrita

Todo este

 

          - novo ciclo -

EM - O PRÉDIO - SUSANA PIRES - IN-FINITA

domingo, 26 de março de 2023

Horas... - CONCEIÇÃO FERREIRA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Horas de silêncio,
De tardes em declínio,
De sombras em crescendo,
De gestos flutuantes.
Horas de amor, de fascínio,
Horas de olhar sedento
Por secretos instantes…
Horas de janelas tingidas
Por chamas a ondular
Horas de sonhos perfeitos
Entregues a poentes…
Horas de saber amar
E acender nos leitos
Afectos veementes!
Horas de puro espanto
Horas de apelo mudo,
De um tempo sentido
Em que o olhar dança
Na extrema esperança
De um amor cumprido.

EM - OLHAR A ESCRITA - CONCEIÇÃO FERREIRA - IN-FINITA

Cansado... - CELSO CORDEIRO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Cansado…
Cansado da vida vazia
aguardo que passe mais um dia
preenchido com pedaços de nada,
apenas mais um troço de estrada…

Há dias que passam em desvario
com companheiros de jornada
e até gente que não nos diz nada,
quais placebos neste vazio…

Há dias que não são dias,
são somatório de horas passadas,
sucessão de apatias disfarçadas
em meras voláteis alegrias…

EM - CADERNOS DE ENSAIOS EM VERSO - CELSO CORDEIRO - IN-FINITA

sábado, 25 de março de 2023

Instante - MARIA TERESA HORTA

Ao virar da minha vida
para o lugar
da vertigem

Descubro a ponta
da saia
que tu trazias vestida

EM - EU SOU A MINHA POESIA - MARIA TERESA HORTA - D. QUIXOTE

sexta-feira, 24 de março de 2023

Noturno - ROSA MORENA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Há uma mosca em meus ouvidos
E zonzoneia
E me atordoa
Não ignoro a perversidade das moscas
[nem dos homens]
O luar perdeu a noite
A escuridão engoliu o dia.

EM - NA FUNDURA DA PELE - ROSA MORENA - IN-FINITA

quinta-feira, 23 de março de 2023

O meu mar tem tanto sal - SUSANA NUNES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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O meu mar tem tanto sal,
mesmo que o baptize com flores meigas,
mesmo que eu lhe atire beijos brancos,
mesmo que o encha do lume do Sol

O meu mar tem tanto pranto,
mesmo que o console com a prata dos peixes,
mesmo que lhe dê as curas das algas,
mesmo que o inspire de musas e de sereias

O meu mar tem tanto sal,
porque está cheio de mágoas,
porque está cheio de lágrimas,
porque está cheio de perdas

Mas eu vou tentar,
deitar por sobre ele os meus sorrisos de luz,
dar-lhe os ares ternos que eu respiro,
e acreditar,
que este cristal se vai evaporar,
e eu vou voltar a tê-lo doce,
cheio de céus e de alvoradas

Oro a Ti Meu Pai,
dá menos sal às minhas águas

EM - SEMPRE PLANTO OÁSIS NAS PALAVRAS - SUSANA NUNES - IN-FINITA

quarta-feira, 22 de março de 2023

Menina - ANTÓNIO CAPELLA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Hoje voltei a fitar o espelho carrancudo que sempre me
atormenta com fragmentos de cinzento sangue, num depuro
de temporal recuar aos impreparados e circulares beijos,
nas opadas de desprevenidas sementes que mirraram
por teimosia do alongado e convergente ar de tisnar.
Aceno-te com o primeiro lençol tão neve e com uma fímbria
de roxo maculado.
Ainda estonteada, fitas os ventos dos terríveis adamastores.
Caíste em mim com manto de orvalho e com todos os coalhos
de fantasmas emalados.
Já sorvo o renovado ar que vai chegando em jeito de corcel
peitudo de macieza de fumo sublimado.
Seguro-te nestes fortes braços e rodopio sobre ti para bussolar
o certo rumo.
No caminhar sei que continuaremos a ter interregnos em fontes
de doces brumas, mas também em montanhas de corrosivas
espumas.
Prensei-te em mim, para que mais facilmente fintemos
os esfíncteres das estradas, na procura das alargadas.
Vai chegar o tempo de nova paragem, não soltarei mais sons,
enquanto não criar para ti uma canção com este refrão:
Obrigado por existires maliciosa andorinha.

EM - PALAVRAS ESCRITAS, PALAVRAS PINTADAS - ANTÓNIO CAPELLA - IN-FINITA

Quarto - SUSANA PIRES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Nele visualizo o impensável

Arrebatando o suporte em dias

 

O

 

Vulto

 

Sobe as escadas com passos de viajante

Escadas com cheiro a madeira gastas e secas pelo corroer do tempo

 

- misteriosas de silêncio -

 

Perturbando em meus olhos

      

O

 

    - compromisso -


EM - O PRÉDIO - SUSANA PIRES - IN-FINITA

terça-feira, 21 de março de 2023

Aguarela - CONCEIÇÃO FERREIRA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Com os tons de uma aguarela
Tinjo as palavras loucas
Que se assomam à janela
Rasgada pelo meu olhar.
O despontar da madrugada
O prenúncio de novo dia
A luminosidade entalhada
A cor, a vida e a alegria,
São marcas do meu painel.
A sombra e a profundidade,
Acedem ao meu chamamento
Com a mesma espontaneidade
Com que surge o aturdimento
Nos meandros de um bordel.
Há ilusões, há transparências
Nas transmutações desta pintura,
Há virtudes, há essências
Que se cumprem na ventura
De darem vida ao papel.

EM - OLHAR A ESCRITA - CONCEIÇÃO FERREIRA - IN-FINITA

Ao sabor do vento - CELSO CORDEIRO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Navego ao sabor do vento
sem saber para onde vou,
e vivo cada momento
sem saber onde estou.

Estou perdido em alto mar
e já sem rumo definido,
sem saber onde acostar
ou encontrar porto d’abrigo.

Deixo que me leve o vento,
o vento definirá o caminho,
e com mais ou menos tempo
me encontrará um destino.

EM - CADERNOS DE ENSAIOS EM VERSO - CELSO CORDEIRO - IN-FINITA

segunda-feira, 20 de março de 2023

Fagote - MARIA TERESA HORTA

Eras meu quantas vezes
eu dizia

Teus silêncios lunares
todas as vezes

Se ao piano e ao fagote
várias vezes

Eras sonata e romance
nos meus dias

EM - EU SOU A MINHA POESIA - MARIA TERESA HORTA - D. QUIXOTE
 

domingo, 19 de março de 2023

Você se foi, eu sei - ROSA MORENA

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Árvore que perdeu o solo
Feto sem útero
A navegar por sobre as ondas
[não havia mar]

EM - NA FUNDURA DA PELE - ROSA MORENA - IN-FINITA

sábado, 18 de março de 2023

Devia haver outros remos - SUSANA NUNES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Já não são viagens
os parcos caminhos do homem,
e os olhos afunilam em miopias,
perdem-se iludidos,
ludibriados por banhas de cobra,
envolvidos nas utopias,
nas buscas da pureza de outros dias

Que trilhos já não os aventuram?
Que histórias já não recordam?
Que martírios internos acumulam?

Devia haver outros remos,
outros sentires mais humanos,
outra forma mais verdadeira
de atravessar os anos

Devia haver outras mãos mais abertas,
outros pés mais caminheiros,
outras asas mais transversas

Devíamos ser capazes
de abandonar interesses,
de nos despojarmos da matéria

Devíamos ser capazes
de sermos apenas Verdade
e assim, tão simplesmente,
sermos felizes

EM - SEMPRE PLANTO OÁSIS NAS PALAVRAS - SUSANA NUNES - IN-FINITA

sexta-feira, 17 de março de 2023

Em mim - SUSANA PIRES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Nas esferas de teu reflexo encontrei o desassossego

Luz que dos azulejos deslizou em meus compassos

Danças de movimento nas ruas sentir o espasmo

E acordei de sonhos e fantasias escutando na

Moraria o choro suave das mães

Tamanho enlace entre os vestígios que já foram em tempos mortos

Porque agora estás na boca de um mundo que te descobriu

E faz de ti a menina dos meus olhos

Todos te desejam e És luz de temporal numa candeia

Becos e ruela junto ao fado

Nos rapazes deixas o vestígio do ciúme

Para voltarem à Graça do teu encanto

Os carris que deslizam em teus olhos

Levam os corpos a todos os segredos

Deitando ao rio pétalas de noites

Que no Terreiro testemunharam jazz e seus enamoramentos desviam olhares de outros alinhamentos

Na guitarra faço meu pranto e bebo o café na rua das Flores antes da tertúlia

 

Ah Menina que me fazes rasgar o destino

Depois só depois

Volto ao Chiado

 

Vício de minha infância 


EM - O PRÉDIO - SUSANA PIRES - IN-FINITA

Pintura - ANTÓNIO CAPELLA

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Dou vida a uma parada pintura.
Mudo de paleta e trago cores florais e pingentes das lágrimas
criadas nas covas dos teus olhos de prometidos arraiais.
Nas exuberâncias que nos desunem perpetuarei numa singela
pétala os sorrisos que guardaste para mim.
Todo o quadro é tocado pela mudança de um sentir na moldura
empertigada, pelo consciente desenquadrado.
Olhemos para a tela inconstante do firmamento.
Olha, vês essa enorme obra, que ninguém ousa dizer
que o pintor foi gente!
O que te assusta?
São os infindáveis astros, ou as marés que em ti redopiam,
na cadência do enraivecimento no revés do teu fado?!
Sempre achas que o impossível é mentira?
Vês o azul ali em hipnótica harmonia?
Toca-lhe ao de leve para que ele também sinta que és vida.
Nunca caminhes comigo, quando por dentro caminhas só.
Cultiva a abrangência dos sonhos, que para nós a terra faz
sementeira em plangente toada.

EM - PALAVRAS ESCRITAS, PALAVRAS PINTADAS - ANTÓNIO CAPELLA - IN-FINITA

quinta-feira, 16 de março de 2023

Louvor - CONCEIÇÃO FERREIRA

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Cultivo o branco da paz
Perfumo a pele de sorrisos
Aprisiono sol por um fio
Louvo o que a vida me traz.
Não sei plantar amarguras
Nos recantos do meu jardim
Nem sei qual será o vazio
De se saber plantar assim.
Ergo as mãos ao firmamento
Agarro-me a qualquer nuvem,
Quero desapertar minha alma
Em horizontes de luz e leveza,
Quero ser o espelho do bem
Sem a mácula da incerteza.

EM - OLHAR A ESCRITA - CONCEIÇÃO FERREIRA - IN-FINITA

Encurtam-se os dias - CELSO CORDEIRO

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Os dias encurtam no Outono
tal como se encurta a vida
num tempo de que não sou dono
que não da vida já vivida,

e na sensação de vida perdida
com que se encurtam os dias
assim o poeta encurta a vida
mal disfarçada em alegorias,

ou na metáfora de sentimentos
em mensagem subentendida,
para vencer os desalentos

ao tentar enganar a vida,
resumindo a vida a momentos
até ao momento da partida.

EM - CADERNOS DE ENSAIOS EM VERSO - CELSO CORDEIRO - IN-FINITA

quarta-feira, 15 de março de 2023

Desavinda - MARIA TERESA HORTA

Desordenada comigo
oponho o corpo ao destino
como quem veste o vestido
e o despe em desatino

Desavinda com o sossego
ponho a nudez onde acendo
o grito do meu prazer
que ora prendo ora desvendo

EM - EU SOU A MINHA POESIA - MARIA TERESA HORTA - D. QUIXOTE
 

terça-feira, 14 de março de 2023

A morte de cada dia - ROSA MORENA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Foram tantas as metamorfoses
[até que estacionei no que sou]
Rio sem pretensão de mar
Flor sem direito à primavera
Escuridão em abandono de vaga-lume
Umidade de lágrima na pele do rosto.

EM - NA FUNDURA DA PELE - ROSA MORENA - IN-FINITA

segunda-feira, 13 de março de 2023

Um esbugalhar de vida - SUSANA NUNES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Ainda me crescem flores na orla dos lábios
e as viagens que desvendo nos olhos
ainda correm doces como águas de rios

Passo pela felicidade retemperada
que sinto como gazela afoita
no sulco da madrugada

Ainda sou feita da carícia da Lua Cheia
e os dias ainda me esbugalham a vida

EM - SEMPRE PLANTO OÁSIS NAS PALAVRAS - SUSANA NUNES - IN-FINITA

domingo, 12 de março de 2023

Casta Alma - SUSANA PIRES

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Surge

Endeusado

E

De boca

Em boca

- mito-

Teatralizando o apoteótico  

- sabor -

O espírito gesticula em sintonia a folia dos versos

Que em tempo de outrora e presente

- Poetas -

Embriaga no espaço

A

- transe -

Incerto e tentador

Esculpe nos humanos

- boémia

Encenando a ação inesperada

Que guerreiras mãos

Vindimam lendas na erótica

- Arte -

Transbordando o culto

Civilizacional e Filantropo

Em fissuras de fantasia

Numa cerimónia

Suave e fértil

EM - O PRÉDIO - SUSANA PIRES - IN-FINITA