terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

Quero provar-te - NICOLETA PECELI

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– Quero provar-te - murmurou sedutoramente.
Fingi-me inocente, mas os olhos pregados nos meus
ferviam de desejo.
Num percurso lento beijou-me ternamente a mão,
avaliando cada reação minha,
Continuando pelos dedos, mordendo-os suavemente.
Estremeci, sentindo o corpo a envolver-se nas suas fantasias.
A respiração desregulada marcava a minha posição.
Ajoelhou-se, passando lentamente as mãos pelas minhas
pernas,
Suplicando o meu nome.
Prosseguiu, dominador, desta vez com os lábios.
Passei-lhe a mão pelo cabelo, puxando-o,
sentindo as pernas a contraírem-se…
E ele continuava.
Mecanicamente, as ancas movimentaram-se ao ritmo
inconstante da sua língua…
E ele continuava.
Virei-me, preparando-me para a segunda parte,
desejando que ele me completasse.
Os lábios, entreabertos, antecipavam-me cada pulsação.
Numa lentidão aflitiva, os dedos frios acariciavam-me
a inspiração.
O prazer explorava-me os limites e o ventre ardia-me,
escaldante.
Gemi alto. Numa libertação inconstante o meu corpo
estava a recompensá-lo!

EM - (E)TERNA SENSUALIDADE - NICOLETA PECELI - IN-FINITA

Socorro - RAQUEL CONTI

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Socorro! Preciso de ajuda
Pois me vejo deprimida
Alguém venha me acuda,
Custando quase minha Vida
Consegui não sem muitas controvérsias
Onde jamais pensei estar,
Para minha sanidade preservar!
Galguei, vivi odisseias
Mas de ti me afastei
E assim, me libertar
Não dói no corpo, lamentei
Me fiz por amar
Desanimar? Sim, pensei...
Relembrando com orgulho de tudo que fui
Quero, vou, posso fazer
Garra e determinação me influi
Penso naquilo que vou ter, e
Sei, sei como é melhor
Sucesso, farei por merecer
Mas ali, aperta sem dor.
Vou provar que sou mais Eu
Agradecer ao Senhor
E buscar o que é meu!
Surpresa! Já estão os que viram, notaram
Calada, olho, espio e vejo...
Até o cheiro perceberam
O segredo tá no espelho
Semblante límpido,
Ar bem juvenil, felizmente
Sinto pertinho, a libido
Afinal, o “maledeto” agora larguei
E nenhum cigarro mais fumei!
Eeeeeeeba! E fui eu que a batalha ganhei!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Pedaços de nós - RUTH COLLAÇO

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Pedaços de nós
largados no chão
gotas de amor
espalhadas na cama
de ti sinto a alma
de mim a paixão
pedaços de nós
partilhados na cama.
Pedaços aqui
pedaços ali
pedaços de nós
ao virar cada esquina
encontro-te ao vento
cheiro-te no mar
pedaços que fogem
e me escapam no ar.
Adentro a floresta
por te querer encontrar
e eis que pedaços
de nós vou buscar
deitados no musgo
encosto-me a ti
oiço-te arfar
por mais me quereres
e mais um pedaço
de mim eu entrego
em troca de beijos
pedaços de ti.

EM - PÉ DE CARVÃO E POEMAS NA PALMA DA MÃO - RUTH COLLAÇO - VENTOS SÁBIOS/RUTH COLLAÇO/IN-FINITA

Da cor do vazio - ROSA MORENA

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Ando impaciente e tenho um corpo
Que não se conforma
Que é noite, frio e inverno
Que não se conforma.

EM - NA FUNDURA DA PELE - ROSA MORENA - IN-FINITA

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Uma chávena de leite - CARLA SANTOS

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Uma chávena de leite
Um copo de chocolate
Uma tigela de cereais
E sabem que mais...
Uma pêra abacate
Que pedi aos meus pais
Para juntar ao chocolate
E ao leite com cereais.

EM - TROLARÓ - CARLA SANTOS - IN-FINITA

Poefísica - PIETRO COSTA

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Poesia, os inquietos são sua visita
Permuta a rota repetitiva pela fuga
E pelas fendas do silêncio transita
É uma implacável força centrífuga

Plasmada nas incógnitas adjacentes
Absorta ou estranha à temporalidade
O fantástico e trivial circunjacentes
Da náusea e êxtase, dita sua verdade

Atuante sobre corpos vorazes de vida
Observadores de feitios não inerciais
Em conformidade à força imprimida
Mitiga ou expurga crises existenciais

Andrômedas de sentires, de elucubrações
Constelações de estrelas e sóis se tocam
Escala lúdica, orbitam várias percepções
Curas e inimitáveis auroras se convocam

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

domingo, 26 de fevereiro de 2023

Palavras - CONCEIÇÃO FERREIRA

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Palavras ditas às avessas,
Palavras que fingem amar,
Palavras cheias de promessas
Quebradas antes de soarem…
Palavras soltas, que escorregam
Em lábios de densos sorrisos,
Não sabem tocar minha alma
Nem acordar prantos imprecisos.

Alheada de trevas que pesam
Pelos ombros de vidas vazias,
Entrelaço amor, paz e a calma
Na luz que me rege os dias.

EM - OLHAR A ESCRITA - CONCEIÇÃO FERREIRA - IN-FINITA

Desalento - PAULO DE TARSO BRANDÃO

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Faca cravada no coração do tempo
Direcionada a dilacerar as fibras
Clarão do aço contra a luz da lua
Desassossego fugido da bainha
Determinado a deter as horas
Peso e silêncio sufocam as amuradas
Quedam inertes tempo e faca
Derretem-se as lâminas
Nenhum futuro para levar a cabo

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Letras de (a)mar - CELSO CORDEIRO

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Anoitece, o sol paira no horizonte,
leio-te e folheio-te calmamente
deleitado com ténues reflexos
desses derradeiros raios de luz
espelhados na vastidão do mar.

És livro que não canso de ler
na suavidade de um pôr-do-sol
partilhando o aroma de maresia,
teus gestos dignos de antologia
e teu olhar a mais bela poesia.

O sol já se vai lentamente
e ouve-se um suave marulhar,
tu és meu horizonte e poente
e já te leio de cor a cada olhar,
és poesia em letras de (A)mar.

EM - CADERNOS DE ENSAIOS EM VERSO - CELSO CORDEIRO - IN-FINITA

Mesmo Que Chova a Potes - LUÍSA GALVÃO

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Em dias de tempestade
Não quero ficar quietinha
Ando à mesma pela estrada
Pois é chuva miudinha.
Mesmo que molhe meus pés
E que faça trovoada
Pego no chapéu de chuva
Sozinha faço-me à estrada.
O tempo não mete medo
Nem que haja tempestade
Das guerras sim porque matam
Sem dó nem piedade.
Vou continuar a andar
Mesmo estando molhada
Mesmo que chova a potes
Continuo a caminhada
Quero chegar a um monte alto
E deixar uma missiva
Senhor castiga os maus
Deixa os inocentes com vida
Ver se chego a tempo e horas
De ver a guerra acabada
Deus põe cobro nisto
Ou fica a terra estragada.

EM - MEMÓRIAS DE UM ROUXINOL - LUÍSA GALVÃO - VENTOS SÁBIOS/RUTH COLLAÇO/IN-FINITA

sábado, 25 de fevereiro de 2023

Poema do incitamento - SUSANA NUNES

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Desfolho o tempo faminto,
faço-o descer através das marés do corpo
num ajuste de apelo cutâneo,
num contrair floral de coito,
num véu translúcido de brisa,
a dilatar-se na vontade semeada,
no sublime horto do ventre

de repente,

a lombada larga e rubra da palavra,
o sorriso impreciso de Mona Lisa,
no sensual verso escrito
com o molhado aguçado da língua

E a vida a ser-se Vida!
E a vida a ser-se Tudo!
Quando o colo arfa e fala,
e se quer de cópula avermelhada,
no poema amplo do incitamento

EM - SEMPRE PLANTO OÁSIS NAS PALAVRAS - SUSANA NUNES - IN-FINITA

Sobre raízes, asas e jardins - MARIANA FREITAS

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Vem aqui, senta do meu lado.
Fala comigo, me faz um cafuné.
Vem quebrar esse muro que construímos nem sei quando.
Ainda somos só você e eu.

Vem que eu deixo você puxar meus pés pra me ensinar
a criar raízes, enquanto eu te levo pra voar comigo
e procurar música no céu.
Onde foi que a gente se perdeu?

Me leva de volta pra quando éramos só dois corações 
abertos a mergulharem juntos no escuro. 
Dois mundos opostos e dispostos no meio de uma cidade 
cheia de pessoas vazias.

Vem dar uma volta de vespa na pérola do Oriente.
Tirar fotos dos arranha céus, observar as pessoas,
tomar um café na esquina, ouvir a nossa música.

Vem pra varanda comigo, que o céu tá estrelado.
Me dá a mão e um beijo com gosto de whisky.
Tá tocando um jazz na radio.
O que aconteceu com a gente?

Eu gostei quando você parou de me dar flores
e começou a plantar jardins.
Eu gostei quando você me ofereceu uma planta.
Aquela que me salvou algumas vezes.
Pelo menos assim aprendi a apreciar as transformações.
A aceitar que tudo é vida e morte.

Vem me regar.
O que será do nosso jardim?

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Sonhos guardados - MARIA JOÃO ABREU

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Vão e veem,
como o sol às vezes,
como folhas secas balançadas pelo vento,
como lembranças recordáveis,
como a música.

Seguem-me,
como os espíritos ou fantasmas,
como a sombra,
como o tempo,
como a lua que anda sem rumo e sem destino.

É certo...
infiltram-se nas fendas como a água,
como a luz entre as lacunas,
tornam-se num só com o vento,
entram e saem...
crescem como o fogo,
O meu desejo e o sabor de um amor sem desgosto!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Dentro do peito, desse jeito - ROSA MORENA

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Teu corpo me inunda
Funda paixão
Ausência de dor
Cor de beija-flor
Quase amor
Entrega e ardor
Tudo mais é prazer.

EM - NA FUNDURA DA PELE - ROSA MORENA - IN-FINITA

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Lento, lento... - NICOLETA PECELI

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O suspiro devora o momento.
Lento, lento…
Inquieta, mordo o lábio por dentro.
Lento, lento…
A inexpugnável tentação procura o lugar favorito,
Num gozo críptico por interpretar.
É tão complexo o enredo, sugiro que me decifres!
Sem delongas, os desejos ameaçam a intensidade de amar
Para, em breves suspiros, castigar a felicidade.
Lento, lento…
Quero de ti extrair as minhas promessas,
Sugando as mais negras formas de te amar.
Quero que a tua febre assuma o meu corpo,
quero tanto libertar-me.
Lento, lento…
Hum… selvagem desejo.
Perco-me nesta busca do teu querer.
As tuas provocações proclamam para o meu amor te dar
a conhecer.
O desejo obscuro infringe o pudor.
Entusiasmada com a sua vontade,
Dei conta de que eu era o poema escrito pelo fervor
das suas mãos.
O calor possuía-me cada vez mais, libertando um prazer
felino.
Numa sabedoria bem definida, levei-lhe a mão ao coração,
Conduzindo-o a uma doce e requintada tortura.
Lento, lento…
E, nessa perpétua procura, os lábios revelam tentação.
Não te iludas, os meus versos são bem claros,
mas o ritmo é inconstante.

EM - (E)TERNA SENSUALIDADE - NICOLETA PECELI - IN-FINITA

Escrevi-te um poema na areia - Mª LEONOR COSTA (NONÔ)

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Escrevi-te um poema na areia
Com a pena de uma gaivota
Sangue quente na veia
Um amargo sabor a derrota.

Mesmo que não sintas, eu sinto.
Mesmo que não escutes, eu digo.
Mesmo que não queiras, eu quero.
O meu caminho, prossigo.

Foi bom enquanto durou
É tudo o que me lembro
Em agosto começou
Não chegou a setembro.

Por detrás das nuvens
O sol escondeu-se
Sei que já não vens
O meu coração arrependeu-se.

Agora, sou livre, posso voar
Bater as minhas asas com vontade de me libertar
Mesmo que não me ames
Posso-te continuar a amar.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Mergulhar nos teus olhos - RUTH COLLAÇO

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Se eu mergulhar nos teus olhos
e buscar-te os segredos que guardas
se eu me colar aos teus beijos
e molhar-te o desejo na carne
E se eu te tocasse no peito
fazendo caminhos sem fim
será que tremias por mim
Será que ceifavas a noite?
Porque te sonho assim
Porque me invades os dias?
Por entre sombras te vejo
Escondido no meu pensamento.
E porque te sinto assim
tão fundo dentro de mim?
Será que me sentes também
nas noites que dormes sem mim?
Ai, como te atreves meu bem
roubar-me este mel que te dei
não queiras que acorde e perceba
que o dia chegou, e a noite sonhei.
Ladrão que me roubas o sono
feitiço tecido nas estrelas
serei eu cadente rendida
no leito do teu manso rio.
Molha-me então este corpo
escreve o teu nome no meu
As horas que passam são longas
Castigos mandados do céu!

EM - PÉ DE CARVÃO E POEMAS NA PALMA DA MÃO - RUTH COLLAÇO - VENTOS SÁBIOS/RUTH COLLAÇO/IN-FINITA

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

Hoje é o dia da distração! - CARLA SANTOS

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Hoje é o dia da distração!

Distrai-me ao me calçar
E quando olhei para baixo
Tinha uma chinela e um sapato
E comecei a assobiar...
Passei pelo espelho a cantar
E parei com espanto
Tinha a camisola do avesso
E as calças a um canto...
Nem o cabelo escapou
À distração deste dia...
A trança encaracolou
E o laçarote nem se via
Esqueci das cuecas
E das meias, nem as vi...
Fui dormir uma soneca
Acordei nem percebi
No meio da biblioteca...
Afinal tudo era um sonho
Ai como me ri...

EM - TROLARÓ - CARLA SANTOS - IN-FINITA

Eu acredito! - MARIA ELIZABETE NASCIMENTO OLIVEIRA

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É preciso acreditar,
na magia e nos sonhos,
que há doçura nas crianças,
que no fundo ainda somos.

É preciso acreditar,
em heróis nunca vencidos,
numa força que nos move
e nos mantém mais unidos.

É preciso acreditar,
em um mundo mais bonito,
onde a vida é solícita
e o amor é infinito.

É preciso acreditar,
que há justiça lá em cima,
que Deus louva esses loucos
por justiça e por rimas.

É preciso acreditar,
em fantasias e gnomos,
na coreografia dos golfinhos
que encantam os oceanos.

É preciso acreditar,
nessa chama que nos chama,
que nos faz crianças ou loucos
e nos deixam mais humanos.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Paixão lusitana - CONCEIÇÃO FERREIRA

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Nos dias em que as imagens
Se diluem para além do mar
E aportam ao cais do luar,
Bailo na languidez dos reflexos
Em gestos amplos e libertos.

Solto pela mão do vento
Laivos do meu pensamento,
Sorvo o odor a maresia
Que perfuma a rocha fria,
Beijo mil botes, um a um…

Tenho com eles em comum
Fúlgida e intensa chama:
A velha paixão lusitana
Por novos mares e viagens!

EM - OLHAR A ESCRITA - CONCEIÇÃO FERREIRA - IN-FINITA

Reflexos - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA

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Reflexos que dão vida
A um olhar perdido
Reflexos do sol no mar
E do céu na terra
Reflexos da tua sombra
Quando passas em intervalos
Da lua intercalada p’la nuvem
Reflexos de nós dois
Quando pisávamos a poça d’água
Chuva caída na calçada
Pisada e repisada p’la vida
Reflexos de gentes vadias
Em dias de angústia

Reflexos de um olhar feliz
Na inocência de um petiz!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Eco silenciado - CELSO CORDEIRO

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Cansa a distância a percorrer
da proximidade que separa
com tamanha proximidade
como tão difícil de vencer.

Perturba este diálogo mudo
de respostas que ficam por dar
por palavras que não chegam
e já não se conseguem ler.

Desassossega este silêncio
do verso que não tem retorno
porque o eco foi silenciado

Inquieta manter a distância
com a presença ali tão perto
e sem poder aproximar

EM - CADERNOS DE ENSAIOS EM VERSO - CELSO CORDEIRO - IN-FINITA

E tudo foi com o tempo - LUÍSA GALVÃO

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Fui criança fui menina
Tive um bom tempo de escola
Nas brincadeiras que tinha
Corria jogava à bola.
Cantarolava alegre
Fazia versos ao vento
Batia palmas a mim
Sem público, mas eu invento
E tudo foi com o tempo
Agora faço os meus versos
Vivo a vida, canto à mesma
Não há público eu invento
Canto os meus versos ao vento
Ouço a chuva bater
Onde estão os aplausos
É isso, iremos ver...

EM - MEMÓRIAS DE UM ROUXINOL - LUÍSA GALVÃO - VENTOS SÁBIOS/RUTH COLLAÇO/IN-FINITA

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Forte como a rocha - MARIA ANTONIETA GONZAGA TEIXEIRA

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Nesse infinito azul
vivemos felizes
argumentamos
e queremos respostas:
para nós mesmos
para a natureza que nos cerca
para o céu azul de anil.
Buscamos nas estrelas
o brilho para o nosso olhar.
Procuramos nos mares
os mistérios do amor.
Pedimos ao vento
que levem nossas saudades.
Clamamos aos céus
alívio para nossas dores.
Se o meu existir tem sentido
Eu existo para o amor
E na beleza desse amar
Minha alma silencia
e nesse silêncio
entendo
que o amor é tudo:
o amor perdoa
o amor é persistente
é forte como a rocha
é belo como o luar.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Que tamanho têm os teus olhos? - SUSANA NUNES

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Que tamanho têm os teus olhos quando me lês?
E que cor neles se prolonga?
Terão sorrisos,
e lágrimas... terão?

Eu acho que sabem a ti
à cor que acho que eles têm
e acho que são sempre azuis
Mas...
a maior parte das vezes...
eu acho que são vermelhos....

Que tamanho têm os teus olhos quando me lês?
E como é que o fazes?
Estão abertos ou fechados?
E o coração... onde o pões?
Dentro do azul dos olhos... ou no vermelho ao lado?

Eu um dia hei-de saber...
se esse espaço que tens nos olhos... é tamanho...
e hei-de saber...
se ele chora ou se ele ri
porque um dia eu hei-de ler-me
com os meus olhos... postos em ti

EM - SEMPRE PLANTO OÁSIS NAS PALAVRAS - SUSANA NUNES - IN-FINITA

domingo, 19 de fevereiro de 2023

Oração - ROSA MORENA

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Perdoa-me, se atropelo a palavra que escorre da tua boca
Perdoa-me, se falo mais de pesadelos que de desejos
Perdoa-me, se a minha tempestade sufoca a tua brisa
Perdoa-me, se a crueldade dos meus lábios
[Fere o teu sorriso e sangra o teu coração].

EM - NA FUNDURA DA PELE - ROSA MORENA - IN-FINITA

Espelho - MARIA ALICE BRAGANÇA

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Um outro que olha,
e nunca é.
Um outro escapa,
ao que não nos é espelho.
Olho o outro.
Pergunto: - quem sou?
Nenhum de nós dois
tem a resposta.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sábado, 18 de fevereiro de 2023

Remendos - MARGARIDA PILOTO GARCIA

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Nenhum remendo sutura a minha pele
nenhum anjo ampara a minha queda
nenhuma curva na estrada me esconde
de um lugar onde não cabes.

Os espelhos têm tantas faces
onde finjo morrer refletida em mil pedaços
e as portas não abrem um futuro
de que não tenho as chaves.

Falo comigo sempre que chegas tarde
ou mesmo se não vens e os olhos ardem
na inevitável passagem do tempo.
E volto a costurar os meus sussurros
presos na pele nesta manhã obscura.

O vento suão esmaga os lençóis
contra o meu corpo e eu digo-te
que estou farta deste manancial de auroras
e não posso esperar mais.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Era ele que eu queria sentir - NICOLETA PECELI

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– O que pretendes fazer? – perguntou-me,
sentindo o meu entusiasmo aumentar.
O seu olhar vestia-se com a cor dos meus segredos.
Hipnoticamente passei o indicador pelos seus lábios
instigando-o a consumir-me.
Timidamente, a língua degustava-me numa súplica
de mim exigida.
A sua vulnerabilidade ambicionava-me a continuar.
Curvei-me sedutoramente,
destacando a minha négligé vermelha.
Fixou-me o olhar, forçando um sorriso perspicaz,
Procurando desvendar as minhas fraquezas.
Passivamente, submeti-me aos prazeres da sua imaginação.
O desejo prolongava a demora.
Acendeu um cigarro como se tentasse fugir da realidade.
E eu continuei, despertando em mim tudo aquilo que ele
queria sentir.
As mãos, ávidas e trémulas, acariciavam-me a pele numa
exigência pecaminosa.
O meu corpo confirmava o que a mente temia admitir:
era ele que eu queria sentir.
Forcei um sorriso tímido, deixando livremente descair
o déshabillé.
Completamente nua, ergui-me, chegando ao seu encontro.
A respiração, cada vez mais apressada e ofegante,
denunciava o clímax.
Os olhos ardentes fixavam os meus numa fúria conspiradora.
– Decidiste seduzir-me, desafiando a minha conquista –
comentou, numa exaltação sublime.
Confesso que sou culpada pela carência dos seus delírios.
É neste ardor, que o nosso íntimo derrama,
que alcanço as suas fantasias.

EM - (E)TERNA SENSUALIDADE - NICOLETA PECELI - IN-FINITA

Nozes e morangos - RUTH COLLAÇO

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Gosto de nozes
de doces e filhoses
de pipocas a estalar
som do bife a fritar!
Gosto de batata frita
e de arroz malandrinho.
Gosto de mangas e papaias
e comer romãs às dentadas.
Gosto de dióspiros suculentos
daqueles que se comem com os dedos.
Descascar a Laranja laranja
sentir o sumo da mão a escorrer,
cortar um limão ao meio
e na boca sentir água a crescer.
Morangos vermelhinhos
bem carnudos adocicados.
De mirtilos de travo ácido.
Gosto do bolo da minha mãe
e da sopa da minha avó.
Gosto de sardinha assada, quentinha
em cima de pão de aldeia.
De gaspacho no verão
e bolo de figo no inverno
massaroca assada na brasa
com manteiga a derreter!
Mas o que gosto mesmo
é comigo à mesa te ter.

EM - PÉ DE CARVÃO E POEMAS NA PALMA DA MÃO - RUTH COLLAÇO - VENTOS SÁBIOS/RUTH COLLAÇO/IN-FINITA

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

Liberdade - MARCELA SANTOS

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Vai além, deixa que a Liberdade
Invada o teu corpo,
Não penses como tu,
Pensa como o outro, sente o outro…

Tira os teus sapatos
Despe as tuas correntes
Caminha na areia
Nada na imensidão do MAR da VIDA

Levanta teu corpo
Ergue tua voz
Pelo justo pela causa
Não temas a Liberdade

Repara como o universo é
Vasto e ilimitado,
Assim como ilimitada tua mente é…

Exalta a natureza em ti
Exalta tua sabedoria Mestre
Exalta-te pela vida que merece

Abraça a vida que te abraça

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

A bola rebola - CARLA SANTOS

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A bola rebola
Na baliza do banana
Bate a bota na bola
E a baliza abana.

O sapato sem sola
Que levei na sacola
Caiu e ficou sem par.
E agora ao andar
O meu pé esfola
E ao bater na bola
Já me dói a sola.
Como vou jogar
Só com um sapato para chutar?

Alguém me pode ajudar???

Vou pedir ao Cristiano Ronaldo
Sei que ele mos vai dar!

EM - TROLARÓ - CARLA SANTOS - IN-FINITA