quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Mancha na vidraça - SIGRIDI BORGES

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Amo janelas.
Através da vidraça
observo o planar dos pássaros
a voar no imenso azul,
a menina que canta
e encanta no quintal vizinho.

Acompanha a mãe
a estender roupas no varal
joga um barbante
amarrado num cone de lã e solta a voz
embalada pelo som de fundo
do radinho de pilha.
A plateia são as bonecas
feitas com sabugo de milho e roupas de renda.
Canta tal qual um rouxinol.

Trovões e relâmpagos
estão a chegar.
As duas correm e recolhem os tecidos
lavados no ribeirinho
e perfumados com o aroma de flores.

Resta-me agora
uma mancha na vidraça
embaçada com as gotas de chuva
e a música dos trovões.

EM - PANDEMIA DE PALAVRAS - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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