sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Versos escritos nágua - MANUEL BANDEIRA

Os poucos versos que aí vão,
Em lugar de outros é que os ponho.
Tu que me lês, deixo ao teu sonho
Imaginar como serão.

Neles porás tua tristeza
Ou bem teu júbilo,e, talvez,
Lhes acharás, tu que me lês,
Alguma sombra de beleza...

Quem os ouviu não os amou.
Meus pobres versos comovidos!
Por isso fiquem esquecidos
Onde o mau vento os atirou.

EM - ANTOLOGIA - MANUEL BANDEIRA - RELÓGIO D'ÁGUA

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Soneto de agosto - VINICIUS DE MORAES

Tu me levaste, eu fui... Na treva, ousados
Amamos, vagamente surpreendidos
Pelo ardor com que estávamos unidos
Nós que andávamos sempre separados.

Espantei-me, confesso-te, dos brados
Com que enchi teus patéticos ouvidos
E achei rude o calor dos teus gemidos
Eu que sempre os julgara desolados.

Só assim arrancara a linha inútil
Da tua eterna túnica inconsútil...
E para a glória do teu ser mais franco

Quisera que te vissem como eu via
Depois, à luz da lâmpada macia
O púbis negro sobre o corpo branco.

EM - ANTOLOGIA POÉTICA - VINICIUS DE MORAES - DOM QUIXOTE

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Ser - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

O filho que não fiz
hoje seria homem.
Ele corre na brisa,
sem carne, sem nome.

Às vezes o encontro
num encontro de nuvem.
Apoia em meu ombro
seu ombro nenhum.

Interrogo meu filho,
objecto de ar:
em que gruta ou concha
quedas abstracto?

Lá onde eu jazia,
responde-me o hálito,
não me percebeste,
contudo chamava-te

como ainda te chamo
(além, além do amor)
onde nada, tudo
aspira a criar-se.

O filho que não fiz
faz-se por sim mesmo.

EM - ANTOLOGIA POÉTICA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - RELÓGIO D'ÁGUA

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Pausa - CECÍLIA MEIRELES

Agora é como depois de um enterro.
Deixa-me neste leito, do tamanho do meu corpo,
junto à parede lisa, de onde brota um sono vazio.

A noite desmancha o pobre jogo das variedades.
Pousa a linha do horizonte entre as minhas pestanas,
e mergulha silêncio na última veia da esperança.

Deixa tocar esse grilo invisível,
- mercúrio tremendo na palma da sombra -
deixa-o tocar a sua música, suficiente
para cortar todo arabesco da memória.,.

EM - ANTOLOGIA POÉTICA - CECÍLIA MEIRELES - RELÓGIO D'ÁGUA

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Aquela nunca vista...* - ANTÓNIO FERREIRA

Aquela nunca vista formosura,
Aquela viva graça e doce riso,
Humilde gravidade e alto aviso,
Mais divina que humana real brandura,

Aquela alma inocente e sábia e pura
Que entre nós cá fazia um paraíso,
Ante os olhos a trago e lá a diviso
No céu triunfar da morte e sepultura.

Pois por quem choro, triste? Por quem chamo
Sobre esta pedra dura a meus gemidos
Que nem me pode ouvir nem me responde?

Meus suspiros nos céus sejam ouvidos;
E enquanto a clara vista se me esconde,
Seu despojo amarei, amei e amo.

EM - POEMAS DE AMOR - ANTOLOGIA - DOM QUIXOTE

domingo, 26 de agosto de 2012

Na água - PEDRO MEXIA

O reflexo da árvore.
Ninguém toca na sua margem.
Permanece. Realidade inteira.
Enquanto a árvore,
ardil dos sentidos,
se desfaz
quando alguém agita
a sua imagem.

EM - MENOS POR MENOS - PEDRO MEXIA - DOM QUIXOTE

sábado, 25 de agosto de 2012

Hálito - MARIA TERESA HORTA

E vertical o hálito
é saudade

o frio que amanhece
sobre os vidros

Debaixo dos lençóis
vou-me vestindo
com as tuas mãos
num vagar antigo

EM - AS PALAVRAS DO CORPO - MARIA TERESA HORTA - DOM QUIXOTE

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Mas que sei eu - RUY BELO

Mas que sei eu das folhas no outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?

Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono

Nenhum súbito súbdito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como uma folha

qualquer. Mas eu que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha

EM - TODOS OS POEMAS II - RUY BELO - ASSÍRIO & ALVIM

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Perdição - MIGUEL TORGA

Como a tarde sem mim tem alegria!
Como o sol vai contente sem me ver!
Uma noite de angústia em pleno dia...
Um tição na fogueira, sem arder...

Ah, danada traição de quem não sabe
Viver a vida!
Ah, pombas felizes
A catar o piolho do presente
Diante da tristeza dos meus olhos
Postos na eternidade!
Deus, a morte, a verdade,
E esta ilha de sombra
Num mar de luz!
Este molde vazio
De cada hora,
Agónico por dentro e fúnebre por fora!

EM - POESIA COMPLETA VOL. II - MIGUEL TORGA - DOM QUIXOTE

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

XLII - ALBERTO CAEIRO

Passou a diligência pela estrada, e foi-se;
E a estrada não ficou mais bela, nem sequer mais feia.
Assim é a acção humana pelo mundo fora.
Nada tiramos e nada pomos; passamos e esquecemos;
E o sol é sempre pontual todos os dias.

EM - POESIA - ALBERTO CAEIRO - ASSÍRIO & ALVIM

terça-feira, 21 de agosto de 2012

A António Nobre - MANUEL BANDEIRA

Tu que penaste tanto e em cujo canto
Há a ingenuidade santa do menino;
Que amaste os choupos, o dobrar do sino,
E cujo pranto faz correr o pranto:

Com que magoado olhar, magoado espanto
Revejo em teu destino o meu destino!
Essa dor de tossir bebendo o ar fino,
A esmorecer e desejando tanto...

Mas tu dormiste em paz como as crianças.
Sorriu a Glória às tuas esperanças
E beijou-te na boca... O lindo som!

Quem me dará o beijo que cobiço?
Foste conde aos vinte anos... Eu, nem isso...
Eu, não terei a Glória... nem fui bom.

EM - ANTOLOGIA - MANUEL BANDEIRA - RELÓGIO D'ÁGUA

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Ária para assovio - VINICIUS DE MORAES

Inelutavelmente tu
Rosa sobre o passeio
Branca! e a melancolia
Na tarde do seio.

As cássias escorrem
Seu ouro a teus pés
Conheço o soneto
Porém tu quem és?

O madrigal se escreve:
Se é do teu costume
Deixa que eu te leve.

(Sê... mínima e breve
A música do perfume
Não guarda ciúme.)

EM - ANTOLOGIA POÉTICA - VINICIUS DE MORAES - DOM QUIXOTE

domingo, 19 de agosto de 2012

O enterrado vivo - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.

É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.

É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.

É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.

EM - ANTOLOGIA POÉTICA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - RELÓGIO D'ÁGUA

sábado, 18 de agosto de 2012

Som - CECÍLIA MEIRELES

Alma divina,
por onde me andas?
Noite sozinha,
lágrimas, tantas!

Que sopro imenso,
alma divina,
em esquecimento
desmancha a vida!

Deixa-me ainda
pensar que voltas,
alma divina,
coisa remota!

Tudo era tudo
quando eras minha,
e eu era tua,
alma divina!

EM - ANTOLOGIA POÉTICA - CECÍLIA MEIRELES - RELÓGIO D'ÁGUA

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Amor é fogo que arde...* - LUIS VAZ DE CAMÕES

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

EM - POEMAS DE AMOR - ANTOLOGIA - DOM QUIXOTE

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Uma árvore - PEDRO MEXIA

Uma árvore é uma ideia.
Se olhares para uma árvore
ela desaparece.
A casa por entre os ramos
que na infância não construíste
surge como um fantasma menor.
Não saber o nome das árvores
deixou-te estranho e alheado,
mas elas também não sabem
o teu nome.
Uma árvore não te dará sombra
ou madeira:
É um vocábulo e um símbolo
mas não sabes o seu sentido.

EM - MENOS POR MENOS - PEDRO MEXIA - DOM QUIXOTE

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Voragem - MARIA TERESA HORTA

Não sei desta voragem
no teu corpo

esta espécie de odor
ou de viagem

não sei deste sabor
ou desta cinza

desta aguda lentidão
camuflada

EM - AS PALAVRAS DO CORPO - MARIA TERESA HORTA - DOM QUIXOTE

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Relendo Daniel Filipe - RUY BELO

Desertar do céu deste inverno a andorinha
bem pouco diz talvez não o notar
Mas não a ver nem quando o sol domina
ilumina o seu voo sobre o mar
que terra tenho eu para mo perdoar?

EM - TODOS OS POEMAS II - RUY BELO - ASSÍRIO & ALVIM

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Lamento - MIGUEL TORGA

Ah, cavalo sem freio a galopar
No prado que só vês quando tens fome!
Ah, pássaro sem nome
Que passeia no céu
E não sentes tonturas sobre o abismo!
Bicho também,
Porque não sei correr,
Voar.
Pisar o pasto
E desprezar do alto a sepultura?
Pus em mim o cabresto que me prende,
Cortei as asas da libertação,
E rente à perdição
De cada hora,
Devoro o próprio chão que me devora.

EM - POESIA COMPLETA VOL. II - MIGUEL TORGA - DOM QUIXOTE

domingo, 12 de agosto de 2012

XL - ALBERTO CAEIRO

Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.

EM - POESIA - ALBERTO CAEIRO - ASSÍRIO & ALVIM

sábado, 11 de agosto de 2012

A Camões - MANUEL BANDEIRA

Quando nalma pesar de tua raça
A névoa da apagada e vil tristeza,
Busque ela sempre a glória que não passa,
Em teu poema de heroísmo e de beleza.

Génio purificado na desgraça,
Tu resumiste em ti toda a grandeza:
Poeta e soldado... Em ti brilhou sem jaça
O amor da grande pátria portuguesa.

E enquanto o fero canto ecoar na mente
Da estirpe que em perigos sublimados
Plantou a cruz em cada continente,

Não morrerá, sem poetas nem soldados,
A língua em que cantaste rudemente
As armas e os barões assinalados.

EM - ANTOLOGIA - MANUEL BANDEIRA - RELÓGIO D'ÁGUA

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Soneto de intimidade - VINICIUS DE MORAES

Nas tarde da fazenda há muito azul demais.
Eu saio às vezes, sigo pelo pasto, agora
Mastigando um capim, o peito nu de fora
No pijama irreal de há três anos atrás.

Desço o rio no vau dos pequenos canais
Para ir beber na fonte a água fria e sonora
E se encontro no mato o rubro de uma amora
Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais.

Fico ali respirando o cheiro bom do estrume
Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme
E quando por acaso uma mijada ferve

Seguida de um olhar não sem malícia e verve
Nós todos, animais, sem comoção nenhuma
Mijamos em comum numa festa de espuma.

EM - ANTOLOGIA POÉTICA - VINICIUS DE MORAES - DOM QUIXOTE

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Consolo na praia - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Perdeste o melhor amigo.
Não tentaste qualquer viagem.
Não possuis casa, navio, terra.
Mas tens um cão.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

A injustiça não se resolve.
À sombra do mundo errado
murmuraste um protesto tímido.
Mas virão outros.

Tudo somado, devias
precipitar-te - de vez - nas águas.
Estás nu na areia, no vento...
Dorme meu filho.

EM - ANTOLOGIA POÉTICA - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - RELÓGIO D'ÁGUA

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Aceitação - CECÍLIA MEIRELES

É mais fácil pousar o ouvido nas nuvens
e sentir passar as estrelas
do que prendê-lo à terra e alcançar o rumor dos teus passos.

É mais fácil, também, debruçar os olhos no oceano
e assistir, lá no fundo, ao nascimento mudo das formas,
que desejar que apareças, criando com teu simples gesto
o sinal de uma eterna esperança.

Não me interessam mais nem as estrelas, nem as formas do mar,
nem tu.

Desenrolei de dentro do tempo a minha canção:
não tenho inveja às cigarras: também vou morrer de cantar.

EM - ANTOLOGIA POÉTICA - CECÍLIA MEIRELES - RELÓGIO D'ÁGUA

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Alma minha gentil...* - LUIS VAZ DE CAMÕES

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida, descontente,
Repousa lá no Céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

EM - POEMAS DE AMOR - ANTOLOGIA - DOM QUIXOTE

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Número 5 - PEDRO MEXIA

Dei um passo atrás
e vi pela primeira vez
o número da minha porta.
No passeio, olhando
o metal gasto do algarismo
que há vinte e seis anos
sei que existe,
pensei em recuar um pouco mais
para ver todas as coisas que habito
e não compreendo.
Mas três passos depois
do passeio
o trânsito automóvel
impedia a perspectiva
e a sabedoria.

EM - MENOS POR MENOS - PEDRO MEXIA - DOM QUIXOTE

domingo, 5 de agosto de 2012

Encontro - MARIA TERESA HORTA

Com virilidade - com ócio
e com ausência

de oceano
com ébano
e por fraqueza

com suporte orgânico
refiro-me aos teus
dedos

longos locais claros
para inventar
nas ancas

EM - AS PALAVRAS DO CORPO - MARIA TERESA HORTA - DOM QUIXOTE

sábado, 4 de agosto de 2012

As impossíveis crianças - RUY BELO

Nesta manhã de outono dos primeiros frios
mais a caminho da velhice que da minha casa
eu vejo-vos em roda todas a cantar
Impossíveis crianças deixais-me brincar?

EM - TODOS OS POEMAS II - RUY BELO - ASSÍRIO & ALVIM

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Prenúncio - MIGUEL TORGA

Na tarde calma, ondula
A invisível ramagem dum poema.
Uma secreta brisa,
Que apenas se adivinha,
Percorre o mundo íntimo das coisas
E acorda em sobressalto
As folhas do silêncio.
Falta ainda o poeta...
Mas a evidência
Da sua voz
É como a luz do sol quando amanhece:
De tão branca, parece
Que descora a ilusão da madrugada...
Antes ele não viesse,
E em cada solidão se mantivesse
Esta bruma de música sonhada.

EM - POESIA COMPLETA VOL. II - MIGUEL TORGA - DOM QUIXOTE

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

43 - JAIME ROCHA

Quase no fim, numa pequena nuvem de água,
os corvos dançam e vomitam um besouro
gigante. Todos os homens se ajoelham numa
longa noite. Todos se defrontam com um
último olhar do pássaro. E depois existe
um poço com uma tampa ondeada que ferve
ao sol e envia uma luz cinzenta para o céu.
Dessa água nasce um novo ser que se dispersa
pelos terrenos escolhidos para o centeio.

EM - DO EXTERMÍNIO - JAIME ROCHA - RELÓGIO D'ÁGUA

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Passeio em mim - MARIA JOSÉ LACERDA

Passeio,
pelo interior de mim.

Viajo no meu espaço,
por caminhos conhecidos,
tantas vezes percorridos.

Vou,
num vagaroso percorrer,
admirada,
seguindo em frente,
pelo meu ser,
ser preenchida de tanta gente.

Construo defesas,
baixo os braços,
derrubo represas,
e,
no fim,
ainda estou a sós,
comigo dentro de mim.

EM - DANÇA DE PALAVRAS - MARIA JOSÉ LACERDA - TEMAS ORIGINAIS