LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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FEITO UM BORGES
terei que quebrar as palavras
com minhas próprias mãos
para falar desse tempo de trevas
aos que ainda não nasceram
vestir-me de luto
baixar os olhos
cobrir os espelhos
acalentar os anjos de colo
e silenciar o voo dos pássaros
semear as palavras despedaçadas
no côncavo dos cântaros
onde os dias amedrontados se escondem
e protegê-las dos abutres
vorazes por almas aladas
ainda que cada noite seja um poço sem fundo
e remanesça inescrutável a mensagem do mar
ainda que os deuses se finjam de cegos
e se encolham de paúra
as crianças as mulheres e os homens
aos que vislumbrarão o amanhã
escreverei na pele
com o sangue dos mortos
a indelével história de hoje
macerada de solidão ausência e saudade
traduzida em soturnas memórias
de oásis de fraternidade
em vazios abissais
e de adeuses cibernéticos
anuviados de lágrimas factuais
enquanto o escárnio dos insensíveis
lança cal sobre os túmulos
e seu desprezo dança com os fantasmas
escancara-se a desumana face
e em esgares de gozo
vilipendia a dor dos amores destroçados
- escrevo, ainda que jamais se consiga
decifrar a linguagem do Mal
EM - PANDEMIA DE PALAVRAS - COLECTÂNEA - IN-FINITA
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