segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Poeta perdido - CARLOS MANUEL FIDALGO GASPAR

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELO AUTOR

Sou poeta perdido
nas páginas de um livro
sou sentimento rasgado de mim
sou metáfora, sou linha inacabada
vírgula na sina das palavras,
ponto final
quando chego ao fim,
e de três pontos em diante
me faço palavra errante
neste livro de poemas
em trilhado caminho
sou voz declamada
no teu cabelo em desalinho.

Sou figura de estilo
anáfora, paradoxo
ironia de um coração quebrado
que depois de estilhaçado
não tem mais reparação,
e de coração em coração
de palavra em palavra
num eufemismo desbravado
de coração partido
te busco em todo o lado.

Sou poeta perdido
neste livro que enalteço
agora te dedico
tudo aquilo que padeço
e nesta hipérbole
num rasgo das palavras
sou tudo e não sou nada
no absinto da vida
se sinto ou não sinto
a alma corroída.

Musa sem rosto,
de longo cabelo negro
traz contigo palavras
ao meu desassossego
e de mãos soltas e de caneta cravada
sou poeta das musas
ao romper
de cada alvorada.

... três pontos,
vírgula,
quando te quero pausar
os destinos de um poeta
contigo se vão cruzar...
e neste fim de poema
anunciado
musas e poetas
de corpo são e alma errante
nas cidades deste mundo
adormecem os amantes.

Poeta perdido
nas páginas de um livro
de olhos aguados
em cada palavra escrita
a vivacidade do poema
cravado no sentimento
da tua alma dorida.

EM - NA SOMBRA DAS PALAVRAS - CARLOS MANUEL FIDALGO GASPAR - EDIÇÃO DE AUTOR

Êxtase - PATRÍCIA PORTO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO PELA AUTORA

Tão intenso esse ruído de memória batendo os cascos na terra ceifada.
A terra onde se pode acumular da pedra um corpo de memória.
Corpo dilacerado de memória, um gosto de poema na boca.
Uma sensação fina depurada de desgaste no que se resmunga,
a descoberta tardia de que uma topada na pedra é apenas uma topada na pedra.
Vasta ideia de lembrança deitada na cama
- vestido azul, sapatos pretos, brincos de prata,
a arrumação inútil do marido, rosto sem maquiagem,
um sopro feroz de vida nas narinas.

Nosso tempo se foi,
murchando em flores miúdas que me cobrem os olhos.

EM - CASA DE BONECAS PARA ELEFANTES - PATRÍCIA PORTO - EDITORA PATUÁ

Aquele rapaz que eu não conheci - ISABEL SOFIA DOS REIS-FLOOD

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Cruzou a rua um sopro.
Vou à janela para te socorrer.
Encontro-te deitado num sono profundo.
Fechas os olhos para eu poder contemplar,
abrindo as persianas desta minha alma,
as asas abertas que te tomam nos braços
e te fundem nos raios da manhã.
O meu olhar é a sombra da tua memória,
marcada a fogo no asfalto vigiado,
já sem cor como o lençol que te cobre o corpo.
Fecho os olhos e rezo por ti que partiste, não sem razão.
Razão que ultrapassa a marionete que somos nesta estrada
de horários apressados por cumprir.
Virá o dia em que também eu cruzarei a rua onde tu repousas,
e quando se ouvir o silêncio desse mistério nas sirenes
da partida, outros olhos se pousarão no véu branco da luz
que de mim restar e só então saberei porque adormeceste,
tal qual uma criança acabada de nascer.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IV - ANTOLOGIA - IN-FINITA

domingo, 29 de setembro de 2019

Pétalas - MARIANA ASPER

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO PELA EDITORA
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São chamas acesas
na nudez do teu corpo,
na tua sensibilidade...
São as mãos que me tocam
no calor da tua beleza,
e me envolvem
no silêncio da saudade!

EM - O MEU TEMPO É VIVER - MARIANA ASPER - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

Fingindo ser! - MANUELA FRADE

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Finjo porque sim,
Sou hoje serenidade
Amanhã revolução
Depois desespero
No dia seguinte libertação
Finjo porque sim,
Pinto realidades
Esculpo sensualidades
Poetizo... porque sim!
Sinto em cada verso
O que na minha alma vai
Finjo porque temo
Saberem quão frágil sou!
A dor transforma-se...
Porque me recrio
Finjo ser porque sim!

EM - PINCELADAS POÉTICAS - MANUELA FRADE - IN-FINITA

Xaile preto... - ISABEL BASTOS NUNES

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Xaile preto, não é só fado
É também símbolo de fé e solidão
É estrada longa, nos areais dos sentidos
É saudade dos entes perdidos
Daqueles que o mar levou.

É também dor e amargura
Daquelas que se perderam
Entrelaçando-se na embriaguez
Da esquina dos seus desejos
Prisioneiras da tristeza humana
Subindo e descendo a calçada
Na sua luta quotidiana.

Xaile preto, feito de lágrimas choradas
E guardadas em cálices de amargura
Na incongruência de um real sentido
Que tudo rói e tudo escalavra
Procurando na essência da palavra
A razão do sofrimento e de tal destino

Xaile preto que aqueces nas noites frias
O denso nevoeiro das almas sós
Aquelas que cuja infância é esquecida
E na vida sempre se viram sós
Abraça-as, e dá-lhes o calor sublime e terno.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IV - ANTOLOGIA - IN-FINITA

sábado, 28 de setembro de 2019

Meu pai, meu amor! - ELÍDIO ROSA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Pai, o que fizeste não tem perdão!
Quase explodiu de dor meu coração.
Por mais que eu viva não vou esquecer.
Dizem que é assim, que é natural,
mas nada nos prepara para tal.
Ficou minha alma a sangrar, a doer.

A nossa vida sem ti ficou vazia,
a nossa casa sem ti ficou mais fria,
o teu lugar à mesa abandonado.
Já não posso abrigar-me em teu olhar,
já não tenho os teus braços pra abraçar,
já não posso contar com teu cuidado.

Pai, por ti vou cantar esta oração,
para ti vou rezar esta canção.
Nada mais agora posso fazer.
Partiste para sempre, meu herói,
Ai, a mó da saudade ainda mói.
Queima a chama que continua a arder.

Escorre a mágoa do coração aberto.
Falo contigo mas prego no deserto
num vazio imenso e desolador.
Canto, com toda a força do meu ser,
pois só cantando acalmo o meu sofrer,
Querido pai, meu esteio, meu amor!

EM - POESIA COM HISTÓRIAS - ELÍDIO ROSA - IN-FINITA

Hoje sorri! - RICARDO FONSECA

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Sorri ao estranho que se cruzou comigo na rua, deixando-o
talvez a pensar que poderia estar louco, mas com certeza
marquei o dia desse Ser.
Sorri quando caíram gotas de chuva na cara, como se ao
Sorrir libertasse pelos poros do meu Ser,
agradecimentos pela dádiva da renovação.
Ao ser tocado pelos raios do Sol, Sorri, como se o calor
recebido fosse emanado alegremente e fosse reflexo
para acalentar as almas de quem por mim passava.
Sorri com o passar dos comboios, ciente das linhas da Vida
a percorrer com paragens, apeadeiros onde Pessoas entrarão
e outras sairão na jornada partilhada
Quando bebi um café, Sorri, ao sentir a cafeína libertar
a energia adormecida e ansiosa por tornar meu corpo hábil
e ator desta cena diária.
Quando vi o meu reflexo na montra de uma loja, Sorri,
vendo a simplicidade de uma sombra a emaranhar-se
entre os enfeites de Natal, como se já decorasse o meu Ser.
Hoje Sorri! Possivelmente emanei energia que fizesse Sorrir
e assim recebi mais vontade e mais força para continuar a Sorrir

EM - EMOÇÕES EM VERSO - RICARDO FONSECA - IN-FINITA

Noite - ISABEL BASTOS NUNES

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Há noites que são feitas de palavras
Onde me são alheias as margens do meu olhar
Onde arraigo o gesto de não as escrever
E solto a minha alma como ave desencontrada
Há noites em que o destino tem um rosto
Que dos sonhos fala com límpida palavra
Porque nele toda a vida é soletrada
Projectando-a na obscuridade do seu mistério.
Há noites em que os gritos se desintegram
Fragmentando o silêncio que não existe
Na consistência dos poetas em delírio
A noite ela própria fica triste.
E a memória das utopias brandas
Como dádivas incandescentes dessas noites
Fazem do esquecimento das palavras
Um poema terno e louco cantando a alvorada!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IV - ANTOLOGIA - IN-FINITA

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Grito à liberdade - LITAS RICARDO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO PELA EDITORA
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Quem me dera poder voar
E um dia sonhar
Que me libertei uma vez.
Quem me dera poder voar
E repeti-lo vezes sem conta,
Sempre que o meu ser o quiser.
Quem me dera poder voar
E lá no alto ouvir uma voz profunda
Que meu corpo inunda.
Quem me dera poder voar
Para me dar força para seguir
E poder sentir as asas quentes a envolverem-me.
Quem me dera um dia
Vir a ser eu: a Litas!
Há muito tempo que o desejo ser,
Mas parece impossível.
Tudo embaça quando...
O que gostaria de sentir no coração,
O som por mim mais desejado:
O som da liberdade...
Somente o som da liberdade!

EM - SENTIRES DE MIM, PARA TI - LITAS RICARDO - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

Sorrisos - CONCEIÇÃO FERREIRA

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Hoje
Só vou usar o olhar para gravar sorrisos
No rendilhado imenso da memória...
Bailar com os olhos em redor de cada face
E observar a dádiva que tanto procuro.
Vou ver sorrisos molhados de silêncio
Se alguma névoa lhes toldar o pensamento
Ou beberem a magia de um puro aturdimento...
Vou ver sorrisos embranquecidos pela vida,
A mesma vida que lhes escorreu o tempo
E lhes roubou a firmeza do momento...
Vou ver sorrisos atravessados de setas
Daqueles que aplaudem e abraçam a falsidade
Com a candura do carinho e da amizade...
Vou ver sorrisos orientados para a luz,
Que espalham paz, música e felicidade
Sendo, mais tarde, evocados com saudade...
Mas também vou ver e sei-o muito bem
Sorrisos que se escondem em cerrados rostos
Que não convivem bem com os seus desgostos
E apertam os lábios numa eterna ausência!

EM - SUSSURROS - CONCEIÇÃO FERREIRA - IN-FINITA

Nostra terra - ISA PATRÍCIO

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Ó nostra terra, saibamos preservar-vos com dignidade,
Perdoai declínios, crimes contra vós cometidos,
Dulcíssima mestre só vós revelais na verdade
Quanta uníssona maestria se funde no nosso ser.
Que substratum ou oratio de pura consolação,
Abrigais em vosso solo até aqueles que perecem
E os que vivem na esperançosa arte de comoção.
Hoje, mantos térreos se levantam em glória pelos que merecem,
Acreditai que a natureza se presta gentil,
Amorosa, encanta com sua poesia pueril.
Nostra terra, elemento fidelíssimo!
Tendo firmeza, assim ensinais dons de realeza.
Quem despertar do seu sono é mestre e aprendiz da sua beleza.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IV - ANTOLOGIA - IN-FINITA

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Somos máquinas - ISABEL BASTOS NUNES

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Somos máquinas deslizantes
Números de raiva inquietantes
Ecos metálicos em noite estranhas,
Mistérios de um mundo que tudo perdeu.

Parecemos uma selva com agrestes tentáculos
Hálito fétido de óleo queimado,
Chapas vermelhas e calcinadas
Onde os números com que somos marcados
Nos identificam em silêncios desarticulados
Porque as máquinas, não sabem falar.

E negros e negros de alma fechada
Dentro das latas fitamos o céu,
E de olhos encovados numa avidez raivosa
Uma lágrima cheia de ferrugem
Cai na terra queimada,
Porque todos sabemos que já não somos nada.

E nestes montes de lata, não passamos de números.
Somos máquinas velhas, desactivadas
Onde vão buscar peças para as avariadas.

E a violência com que nos são arrancadas
Levam o resto da nossa agonia
Deixando-nos inertes na terra queimada pelos fogos acesos,
E da fuligem pelo vento espalhada.

EM - ENTRE OS POEMAS... AS PALAVRAS - ISABEL BASTOS NUNES - IN-FINITA

O mar do teu olhar - MARIANA ASPER

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
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Vejo o mar no teu olhar,
nos teus cabelos envolvo-me
como as ondas revoltas,
marés soltas,
num ir e voltar!
Num sobe e desce
o teu amor levou-me,
puxou-me!
Mergulho na tua boca,
perdidamente louca,
na ânsia de te beijar!
Acariciando o teu corpo,
entre partir e ficar
em doces ilusões
deixo-me afogar!

EM - O AMOR ASSOMA SEM HORA MARCADA - MARIANA ASPER - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

Mãe d'água - ISA PATRÍCIO

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Adopto palavras de cortesia excelsa
Para dignificar realeza honrosa na comunicação,
Cada verso inicia original, brava intuição;
Ó Anima in Versus nota do livro primeiro
Tão óbvio o sentido em que a tomo avena.
Entoo canção seja rude ou delgada como elevada,
Haja vera autenticidade na empresa grata.
Musa da minha alma, mãe d’água, deusa do mar
Assim, me curvo perante magnificência inata,
Exalo estro ao ponto da rocha aguda contemplar
Até o vento se tolhe ao destino da invocação!
Amarando veleja, cobre a salsa espuma…
Transporto poesia sulcando novas temperanças
Quanto adoçam esbeltas ninfas nas contradanças
E nesse ritmo marítimo em que as ondas concedem sete vezes
Ornamentos galantes como rosas, areia e sal,
Assim, me adorno de puro furor, que me é entregue
sangue restaura,
Lava no lume, a tinta arrasta fortuna e a boca oscula
divinas preces.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IV - ANTOLOGIA - IN-FINITA

quarta-feira, 25 de setembro de 2019

Acordar - MARIA DOLORES PITEIRA

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
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Foste tão longe
Que não te encontro mais
E sabes o que é o amor.

Mostra-me o caminho agora
Sentindo-te.
Precisas de amor
Para conversarmos sobre a vida,
Os teus gestos e a tua manhã
No olhar acordado;

EM - ABRAÇAR A LIBERDADE - MARIA DOLORES PITEIRA - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

É preciso...* - PEDRO VALE

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELO AUTOR
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É preciso viver sem paixões.
Mergulhar no absoluto anonimato,
Permanecer morto ou vivo até ao fim.
Aclamar o tumulto escuro e bruto.
Encenar o drama clemente e lento.
Sentir um amor ideal por anjos nebulosos.
Descobrir um novo fundo de poesia e aguardar
uma voz que nos ordena docilmente:
- Não te movas, nem te inquietes,
nem traias o que
ainda não
és.

EM - AZUL INSTANTÂNEO - PEDRO VALE - EDIÇÃO DE AUTOR

Ciência e viagem - ISA PATRÍCIO

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Ai, beleza como me é posta desse gosto,
Súbito escrevo com sentimento e linguagem
Que na alma se me acorde a ternura
Que somente ela sabe despertar; Ciência, viagem…
Consolo celebrado de orações lusas; Encanto, ventura…
Oh, quanta atração destes dois pólos húmidos da
paisagem,
Filtro de amores, surdos e fluídos esplendores de
pérolas;
Aladas antiguidades casando-se ao adágio das cousas,
Dos mais belos mistérios que os sonhos à luz dos olhos
místicos
Sem que as pupilas desvaneçam, expressam poesia.
Branda melodia própria da flor à sua magia,
Também assim o nome do rio procede origem,
Tudo é composto em louvor e honra por ser história
natural.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IV - ANTOLOGIA - IN-FINITA

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Tornozelo à mostra - MIGUEL FITAS FERREIRA

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Uma dobra na calça
Faz a diferença em perna curta.

Depois de nela feita
Ninguém sabe se o é.

EM - A LUZ POUCA QUE NOS VÊ COM RAZÃO - MIGUEL FITAS FERREIRA - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

Silêncio! - MANUELA FRADE

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Mergulhamos no nosso oceano...
Tudo estranhamos,
Tudo procuramos,
O silêncio encontramos!
Lá no fundo... Percepcionamos...
Cores, luzes, flores...
Peixes e aves...
Realidades!
Amores e silêncios...
Compassos e descompassos...
Afinal o que encontramos?
O nosso oceano vasto,
Misterioso e desconhecido...
Sem Luz... Sem Fé... Sem Esperança,
Fica ruidoso... Embaciado...
Silencioso...
Vazio doloroso!

EM - PINCELADAS POÉTICAS - MANUELA FRADE - IN-FINITA

Visita do poeta - GILSA DA ROCHA MAGRI

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E o menino da porteira
Com ares de Jesus Cristo
Veio me visitar
Foi lindo ver o avesso
De suas costuras poéticas
Generosamente mostrou
Como juntar seus
Baudelaires e Rimbauds
Com meus Mallarmés.
Em trinados e viola
Acariciou meu coração
Trespassado pela exatidão
De sua palavra escrita bem dita
A lua branca quase cheia
Limpou bem o céu de quase inverno
Brilhando intensamente pendurada
A perguntar atrevida:
Como cabem tão longos caminhos
Em tão curta estrada?
Ficante, prometi poemas
De (com) (para) você.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IV - ANTOLOGIA - IN-FINITA

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Mar de mágoas - ELÍDIO ROSA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Fingiste um amor que não sentias,
ingénuo, acreditei no teu enredo.
Louco por ti não sabia que mentias,
a ilusão foi tão grande e acabou cedo.

Perdido de ciúmes e abandonado
esperava a noite inteira teus abraços.
Voltavas cansada, já de madrugada
após navegares noutros braços.

Rias quando te falava de amor,
desdenhavas do meu sentimento.
O teu riso duplicava a minha dor.
Só eu sei como era grande o sofrimento.

Dos meus olhos brotou um mar de lágrimas.
Vetei porém no meu peito o sentir dor!
Hoje calo para sempre as minhas mágoas
zarpando desse mar de desamor.

Fiquei só, mas estou melhor assim!
Antes só do que mal acompanhado.
Doeu muito, mas a dor curou em mim
os desgostos deste amor desgovernado.

EM - POESIA COM HISTÓRIAS - ELÍDIO ROSA - IN-FINITA

Âncora - RICARDO FONSECA

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“Vou-te ancorar Estrelinha, neste peito de emoções,
Ora doce e selvagem ora porto seguro como o mar,
Vou-te ancorar com Saudade, Ternura e muito Amor,
Pois em mim te vou guardar sem qualquer Dor,
Mas sim com a memória do mais belo e genuíno Amor!
Vou ser âncora, estrelinha, para os teus pais e família,
Que hoje navegam em águas tão turbulentas e com tanta dor,
Vou ser âncora de suas emoções e constante presença, estrelinha,
Relembrando que viveste e sentiste e foste cuidada com tanto Amor,
Que hoje perdura e que irá curar toda a dor!
Vou-te ancorar em mim Estrelinha, no meu coração,
Ancorando a última dança, que hoje ecoa com emoção,
Estando a melodia que um dia dançámos em união,
Vou-te ancorar em Amor, neste peito onde serás princesa,
Pois és Âncora de Amor e Emoção!”

EM - EMOÇÕES EM VERSO - RICARDO FONSECA - IN-FINITA

Prece - GILSA DA ROCHA MAGRI

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Em tempos de medo
que adivinha trevas
arme-se de poemas
palavras que amam
O amor que desmente
presságios
contraria adágios
Guilhotinas não calam
a voz que escorre
dos que cantam versos
Amantes
amor pelo próximo
distante
pelo igual
diferente
Herdamos versos
rendidos a força
para brotar no solo
irrigado pelo sangue
dos que acreditam na batalha das rimas
na construção da mensagem que liberta
E tem sido assim
pelos séculos e séculos
Amém!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IV - ANTOLOGIA - IN-FINITA

domingo, 22 de setembro de 2019

Voaste - ROSÁRIO PEDROSO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR ADRIANA MAYRINCK

Revoaste para a praia gritada
apenas uma desconstrução de acordes
no ar britado
por isso a serra ardeu de dúvida
queimou a duna evolada
em notas suspensas
por clamores de miosótis.
Muito se falou de dor
naquele dia em que o rio
foi náusea sem foz
e a praia deixou escorrer
a vida e a poesia
além do porto.

EM - LIVRO ABERTO 2019 - COLECTANEA - EDIÇAO DE AUTOR

Amizades - CONCEIÇÃO FERREIRA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Não avaliam distâncias nem presenças
Congregam escolhas, gestos e sorrisos.
Nutridas, tantas vezes, de silêncios
De um mundo aceso nos olhares
De palavras sem o peso das sentenças
De conversas preenchidas e serenas
Onde o tempo se esquece de si mesmo.

São alimentadas instante a instante
E, em cada instante, fazem brotar do peito
A vontade de alastrar continuamente
Um novo ensinamento, um novo jeito,
De aprender a comungar outros caminhos
À límpida luz da vida e das verdades!

EM - SUSSURROS - CONCEIÇÃO FERREIRA - IN-FINITA

O truque - GILSA DA ROCHA MAGRI

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Desde muito cedo
aprendi a ouvir as vozes ancestrais
nunca duvidei de sua sabedoria
nem tampouco questionei se do bem se do mal
trazida pelas mãos, pelos longos caminhos,
se pura foi, ora trago resquícios de muitos umbrais
Percebi pelo olho da testa
que seus amuletos permitiam o trânsito
entre o sagrado e o profano
e bem desperta num sonho
tratei de engolir o meu
Assim grávida, deixei de ser fêmea corrediça e tênue
em vezes que a macheza de um martelo e foice
exigiram força hercúlea
Do sangue ungido e minhas células abençoadas
pari duas vezes, passaporte garantido para ir e vir
do mundo que habito
para o mundo que habita em mim
A poesia das minhas partes
que vislumbro no escuro dos olhos de meus filhos
me trazem a certeza de que todo amor
que emana das coisas e das criaturas
me atinge como tiro certeiro
Não adivinho a direção,
apenas sigo me benzendo eternamente
com passagem garantida e carimbada
e senha para qualquer portal.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IV - ANTOLOGIA - IN-FINITA

sábado, 21 de setembro de 2019

Segredos de um amor ardente - ISABEL BASTOS NUNES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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E no segredo de um querer bastante
Fundiam-se as almas nas manhãs salgadas,
E tomaram-se de amores,
E o desejo ardente
Vibrante e quente
Brotou como se fossem flores,
Num mar de madrugadas.

E fundiram-se num só.

E viviam a sós a febre das ânsias
Como se os corpos fossem fogo em brasas.

E tornaram-se-lhes os olhos em lágrimas
Na forma de um bailado ritmado,
De tal forma estranho e sem jeito
Que pôs entre os dois, um desejo insatisfeito
E quebrou-se o encanto que os unia.

E o segredo, tornou-se mágoa
E a mágoa tornou-se em agonia, ciúme e inveja
E aquele amor inacabado morria
Como flor sem água, numa jarra sombria.

EM - ENTRE OS POEMAS... AS PALAVRAS - ISABEL BASTOS NUNES - IN-FINITA

Valladolid - BEATRIZ H. RAMOS AMARAL

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR BEATRIZ H. RAMOS AMARAL

Valladolid, Valladolid,
por que me vens de novo?

por que roubar de Cronos
a invenção do tempo?

Valladolid, Valladolid,
que legião de vapores
recobre teu brasão
a cada véspera?

que porta me alicerça
de incertezas?

teus pátios, San Gregorio,
o esboço das tranças,
o incenso de costume
onde sombras, sandálias
e audácia persistem
sobrepostas

EM - MUNDO(S) 5 - COLECTÂNEA - EDIÇÕES COLIBRI

Rezando meu filho - GILSA DA ROCHA MAGRI

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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A mim contenta saber que andas amado
Meu coração já sabia desde sempre
Que teus inimigos não existiriam
no mundo que te rezei
Pés imundos não tocariam
o solo sagrado de teu corpo fechado
Não te enxergariam sob o manto
do casaco que sempre te lembrarei de levar contigo
E da memória alerta dos que velam por ti em todos os
planos
Armas de fogo, facas e lanças se quebrarão
Na luz da profunda fé
Tua herança ancestral
Nenhuma corda ou corrente te prenderá o vôo
Sonho e força das asas da tua coragem
Rogo que o poder da santa e divina graça
Te contemple com a bênção maior
Da capacidade de amar
Que a música, os pássaros e as flores
te causem encantamento para sempre
Que nunca esqueças a possibilidade de aprender
Trazendo para teus caminhos
Um galope tranquilo de um coração aberto
certo do amor colhido
Não importa a estrada.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IV - ANTOLOGIA - IN-FINITA

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

Despedida II - CARLOS MANUEL FIDALGO GASPAR

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELO AUTOR

Vem, vem sentar-te comigo ao anoitecer
vamos falar das palavras juntas pelo vento
vem sepultar dores e mágoas... amarguras
no jardim do contentamento.
Sob a quietude da noite
dançam estrelas cintilantes
rodopiam pétalas de luz
efémero incêndio das almas submissas.

Vozes, murmúrios, silêncio
poesia dos Deuses, prosa dos Astros
sóbrias neblinas, resplandescentes auroras boreais
taças de firmamento borbulham
... brindemos... em silêncio...
apenas o nosso olhar se toca...
... caminhemos e contemplemos
a poesia que jamais será escrita.

EM - NA SOMBRA DAS PALAVRAS - CARLOS MANUEL FIDALGO GASPAR - EDIÇÃO DE AUTOR

Volta - GESILDA MEDEIROS

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Voltei pra te encontrar
Na praça! Novamente vamos dançar
Oh! Que bela noite de luar
Para te encontrar nessa nossa contradança
Desta vez! Iremos dançar um bolero
Quero que o mundo veja nosso reencontro
em meio a encontros poéticos e saraus
Ao som das ondas, a lua a nos iluminar
Dançaremos o clássico dos clássicos!
Bolero de Ravel

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IV - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Perseguindo o corvo - PATRÍCIA PORTO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO PELA AUTORA

nada está fora do lugar
os graves e os agudos
tocam o réquiem
de peso grama

nenhuma gota a mais
nada sobrando
o peso sobre a folha
um sonho profanado

dormir é morrer pequeno
peço que o coração pare
na miúda oração de anjo
mas o dia me espera como noiva

abotoando sessenta botões
nenhum fecha sangrias
não morrer todos os dias
morrer todos os dias

pólvora alguma será néctar

EM - CASA DE BONECAS PARA ELEFANTES - PATRÍCIA PORTO - EDITORA PATUÁ

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Silêncio - MARIANA ASPER

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO PELA EDITORA
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A dor de estar só...
Porque o coração se derrama em lágrimas,
abafa soluços, cala palavras.
É o ruído silencioso, nada mais existe.
O mundo se eclipsou!
Só eu e tu, amigo,
sem disfarces, sem rodeios...
Eu e tu, em silêncio!

EM - O MEU TEMPO É VIVER - MARIANA ASPER - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

Cigano - GESILDA MEDEIROS

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Cigano porque vieste?
Insiste em ler a minha mão
Segredos do meu coração
Guardado com tanta emoção
Arrebatando assim, toda minha ilusão
Cigano porque vieste?
Se as rosas que te encantam
Faz sangrar meu coração
Cigano porque vieste?
Se tua magia me seduz
Com esse ar debochado
De quem nada quer, e o mesmo tempo quer tudo!
Então cigano me diz!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IV - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Mar azul, verde-mar! - MANUELA FRADE

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As ondas... Vão e voltam,
Enrolam e desenrolam...
Levam e trazem
Esperança...
Perguntas e respostas...
Mar Azul, Verde-mar!
Profundo em tudo... Até no amar!
Medo universal...
Amor incondicional...
Sentimento maternal,
Iemanjá... Azul, Verde Cristal...
Mar...
Maternidade...
Amor... Raro jardim,
As ondas... Vão e voltam...
Porque é divino...
Simplesmente amar!

EM - PINCELADAS POÉTICAS - MANUELA FRADE - IN-FINITA

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Labirinto - ELÍDIO ROSA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Enquanto os meus pedaços varro
e fumo mais um maldito cigarro,
escuto o meu coração.
Depois mando fora o filtro,
amasso o maço e me infiltro
no labirinto da solidão.

Procuro a saída e não acho.
De tudo eu faço, mas sei que não é fácil
aceitar a tua partida.
Tu eras a minha coluna,
foste e deixaste uma lacuna
e o tempo não curou a ferida.

Tempo que traz as minhas rugas,
as minhas lágrimas não enxuga
e também traz as minhas cãs.
Só não traz o teu amor
e eu continuo com esta dor,
cheio de esperanças vãs.

Vida amarga, vida ingrata!
Vida negra que maltrata!
Vida vivida na dor!
Vida que era colorida,
mas com a tua partida
desbotou, perdeu a cor!

EM - POESIA COM HISTÓRIAS - ELÍDIO ROSA - IN-FINITA

O soldado - FRANCISCO OLIVEIRA

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O soldado continua o seu caminho
Em campo inimigo batalhava pela sua pátria
Gloriosa e sofrida, outrora imponente

Cenário Vermelho, sua capa lhe jorrava
Ferido, o soldado contra o “medo” lutava
Porque só assiste coragem a quem o medo confere

Capturado, na hora de sua despedida
Pronto para sofrer a sentença máxima
O soldado de pé, saldou a sua pátria
(Saldou todos aqueles que por ela lutaram)
E seu coração de boca se transformou
- Portugal!

Medo a seu lado, gargalhadas do outro
Ao soldado lhe é concedido um último desejo

De farda desgastante, água inimiga alivia
O soldado limpa suas mãos, limpa seus distintivos sujos
E com a mão perto da sua pátria, preparado para
enfrentar o seu castigo
O silêncio morre e “A Portuguesa” renasce

E contra sua conduta, o general nunca mais prenunciou
tais palavras
-Estás livre!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IV - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Acreditar - RICARDO FONSECA

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“Enquanto tiver fé, crença,
Em quem sou, no que quero,
Irei lutar determinado,
Rumo ao horizonte que escolhi!
Outros horizontes surgirão,
Sugeridos por alguém, algo,
Ilusões ou realidades,
Tentações ou verdades!
Acreditar é o mote,
Alicerce das escolhas de vida,
A esperança o meu baluarte,
As certezas podem ser armadilhas!
O que fazer no impasse,
Onde o cansaço é rei e senhor,
Não existe caminho fácil,
Neste mapa desorientador!
Determinado calcorreio,
Entre pântanos de dúvidas,
Areais de incertezas ancestrais,
O caminho faz-se lentamente,
Firmando passos e ideais!
Acreditar é a fonte,
Que sacia a sede de vencer,
As demandas de uma vida aliciante,
As provações que fazem escolher!
Opto por um caminho,
Podem ser mais que meros trilhos,
São escolhas únicas e sentidas,
Acreditando no potencial do meu ser!”

EM - EMOÇÕES EM VERSO - RICARDO FONSECA - IN-FINITA

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Hoje - LITAS RICARDO

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Lindo dia de sol tão brilhante
Outono quente e também farsante,
Em que a palavra sentir,
Em grupo, significa unir.

Hoje sinto gratidão
Que está no meu coração.
Sinto a amizade
Que vem da saudade.

Hoje sinto o abraço
Sem qualquer embaraço.
Até sinto o beijo
Na minha face queijo.

Sentir a emoção
Que louca sensação
Sentir o arrepio
Que não vem do frio!

Sentir o calor
Que vem do amor,
De amar e ser amada
Viver assim: pela vida apaixonada.

EM - SENTIRES DE MIM, PARA TI - LITAS RICARDO - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

Alma comprada - FRANCISCO OLIVEIRA

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O Mendigo por esmola pede
Quem é mais rico, tostões o cede
Para um pão comprar sua fome

Vai na volta, em suas mãos fica
Farinha de ouro, carteira rica
E o pobre... o pobre a morte lhe espreita
Pouco saciado, seu fado destinado
A uma vida “quase” perfeita

(Mas essa vida só virá quando a morte o castigar
Porque em território de mortais, a Justiça é um pecado)

Mãos limpas em dinheiro sujo o rico negoceia
Morte vinda, sua alma leiloada em mão alheia;
Mas quem a compra é o diabo
Ganância e poder consumiram o seu corpo
Traição e inveja, juízo de louco
E sua alma, no além, é vendida a pouco

E que remédio este pobre mendigo tem
Senão negociar com a morte e esperar por justiça
Onde sua alma será vendida por bem
Dinheiro de rico não a compra, cobiça

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IV - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Borboleta - CONCEIÇÃO FERREIRA

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Poisada nesse lugar
A ele prendes o meu olhar...
As duas enfeitiçadas:
Tu pelo fulgor da luz
Eu pela luz e por ti!
Perante tal encantamento
Permanecemos enlaçadas...
Nenhuma penumbra escurece
Nenhum som esmorece
Um enlevo tão perfeito.
Eu esqueço-me que sabes voar
A noite... é o teu esquecimento!

EM - SUSSURROS - CONCEIÇÃO FERREIRA - IN-FINITA

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

O poema costurado - ISABEL BASTOS NUNES

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Fui linho bordado
Algodão acolchoado
Pano de chão
Esfregão de cozinha.

Fui lençol bordado
Pano de pó
Fralda de criança
Avental de menina.

Fui tecido em prosa
Bordado de letras sem rima
Rendas em palavras
Remendos nas calças
Camisas em branco e cinza.

Contos em tecido xadrez
Versos de mil cores
Frases em tons de pastel
Roupas estendidas em cordel.

E tudo isto num instante
Se tornou num romance
Tecido em véu de grinalda
À espera das palavras certas
Que morrem silenciosas
Numa fria madrugada,
Quando os olhos já cansados
E as mãos enregeladas,
Dão os últimos alinhavos.

EM - ENTRE OS POEMAS... AS PALAVRAS - ISABEL BASTOS NUNES - IN-FINITA

Palavras soltas de MIM - FLORINDA DIAS

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Amo palavras que me acariciam a alma e o coração,
amo o poder delas quando são ouvidas em coesão.
Palavras que se não as quiserem ouvir não as direi,
aquando cansada de bater na mesma tecla…
d’algumas já me cansei!
Cansei, de as conduzir numa estrada errada,
acabando por ver que não me levavam a lugar algum
sentindo-me só, apenas só, e arduamente (re)negada
Cheguei a escrevê-las a giz branco,
numa pedra, de quadro preto
Hoje, teimo em tatuá-las a preto num papel
como quem pinta um quadro de várias cores, a pincel
Nem do Bem, nem do Mal;
só mesmo pela Paz me rendo à VIDA e me remeto.
Não quero viver só de Sins, nem de Nãos
quero apenas falar e ouvir, sem discutir.
Quero viver tranquila num todo e no que me leva a vida,
quanto baste, a sorrir.
Entre choros e risos,
quero abraçar-me ás palavras de abraço.
sentir a boa intenção e sentir nelas o quão forte é o Laço.
Palavras doces melodiosas,
palavras que me perfumam a alma como Rosas.
Palavras em que os seus espinhos sejam só e somente;
essências de sinceridade,
essas SIM... completam-me!
Fazem-me ficar em êxtase e num estado de Felicidade.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IV - ANTOLOGIA - IN-FINITA