quinta-feira, 30 de junho de 2022

Da observação - MARIA FRATERNA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Sei quem és, consigo decifrar tudo,
Nem preciso de muito estudo,
Tens mistérios a desvendar,
Mas sei o que pensar,
É no silêncio da alma,
Que aguardo com toda a calma.

Entendo que a confiança é amarga,
Como o coração feito de magma,
E o foco parecia ter boa intenção,
Por vezes, alguma participação,
Até de grandes personagens,
Mas a boa-fé morava nas margens.

Cada ser luta pela sua dignidade,
Nunca com o objetivo da ociosidade,
Assim, realiza cada sonho,
Ainda que breve, mas risonho,
Amigos com sucesso sabem voar,
Os que nada fazem gostam de olhar.

EM - DE DENTRO PARA FORA - MARIA FRATERNA - IN-FINITA

Antídoto - DAIANA PASQUIM

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A leitura me cura, vai amaciando
as angústias do ego
sob a placidez luminosa
dos dias causticantes
combate os prelúdios de melancolia
faz degustar a grandiosidade da vida.

Vai cauterizando as feridas
Dos maus pensamentos, dos desesperadores momentos
Lufadas de paixões mal resolvidas.

Que vigore no ano inteiro,
portentosa, nossa essência de ser e estar
Mostre ao mundo seu batom vermelho
Com ele, faz um X na tua mão
e refreie os compassos enlutados
que vitimam mulheres.
Erga a bandeira para que nossa natureza floresça,
desabroche, enalteça.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quarta-feira, 29 de junho de 2022

Esperança - MANUEL MACHADO

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Sento-me em praça pública
Sem nada dizer, nem fazer
Quedo, nem folha de papel
Rabiscadas palavras com mel
Sentidos escritos inesperados,
Desejando golpe de asa
Brisa tornada vendaval,
Poisando amenamente
Noutro tempo, em outro lugar.
Vendavais inexistentes,
Praça em vale desejos,
Palavras levadas ao vento
Regressadas incólumes,
Apenas reconhecidas
Cor do papel e caligrafia.
Pensamentos melados
Conscientemente escritos
Dando voz ao coração.

EM - MANUEL MACHADO - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

terça-feira, 28 de junho de 2022

O poema - FERNANDO VASCONCELOS

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O poema
É esplanada que liberta, casa cheia…
Acorde escrito que entoa, em orquestra
Inspirada pela luz...
Sol hilariante que nos envolve,
Nos ilumina, sustenta, não encandeia…
Frases esculpidas,
Em noite estrelada de lua cheia...
Colcheia, semicolcheia,
Dita alma que nos conduz...

EM - A SEMENTE - FERNANDO VASCONCELOS - IN-FINITA

segunda-feira, 27 de junho de 2022

O vento já passou - CECÍLIA DIAS GOMES

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E eu ouvi o vento mesmo em silêncio,
Como se ouvisse um anjo em minha direção.
O beijo combinou,
Sem usar o vento.
O vento passou...
O coração de uma mulher é raro enganar-se.
Até o sol não tem calor.
O olhar falou por nós,
Como se o amor estivesse a cuidar das nossas
indiferenças.
É... o vento já passou, guardou nosso amor,
Guardou-o para sempre!
Apenas... levou nossas divergências.
Para que sejamos felizes nestas nossas indiferenças.

EM - A MINHA VEZ - CECÍLIA DIAS GOMES - IN-FINITA

Mulher com livro - CLARISSA MACHADO

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Mulher com livro
Semeando artes
E cultivando paz.

Em solo,
Miolo
E pólen.

[Aos poucos ela vai regando
Com paciência e resiliência.]

Mãos à obra
Folhas granuladas
E papel vegetal.

Os frutos das palmas,
Sementes que floreiam
E adubam sonhos.

[Amiúde ela vai irrigando
Com esperança e temperança.]

Raízes profundas
Que nutrem letras
E lavram fé.

Do plantio à colheita
A cultura se processa
Em plena solitude.

[Quem semeia palavras
Colhe paz.]

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA

domingo, 26 de junho de 2022

Alegria - CELÊNE IVO JUNQUEIRA BACELAR

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Quem não se alegra em apreciar
Um tapete verde de relvas umedecidas
pelo orvalho das manhãs?
Quem não se alegra com uma revoada
de pássaros enfeitando mais ainda
o lindo céu azul?
Quem não se alegra
Com o deslumbrante espetáculo
da lua cheia surgindo no horizonte?
Quem não se alegra com a eminência
de concretizar aquele tão sonhado amor?
Quem não se alegra ao abraçar alguém
que não via há tanto tempo?
Quem não se alegra em ver
alguns de seus sonhos se realizarem?
Quem não se alegra, apesar dos problemas,
estar feliz, de bem com a vida?
A alegria de viver
É sempre agradecer.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sábado, 25 de junho de 2022

Há sempre reputação, aqui, acolá - MARIA FRATERNA

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No céu, a consciência cintila branca,
Pelo vento, voa na neve macia e fria,
Ela assobia com melodias nas asas,
É como uma borboleta num sonho,
Irrompe das garras do casulo de prata,
Afaga-se, na noite, e encanta-se, no sol do dia,
Tão frágil, na auréola de fogo incandescente,
Elevada no bem e trazida no mal.

Ah! a reputação pousa na agonia do sono,
Aqui, acolá, jorram laivos levados por ela,
Que ficam na poeira e na forma de serpente.
Oh! horizonte da reputação perdido no nome,
Pede às fontes dos nobres princípios
Que a verdade ocupe o teu tempo,
E bem digas depois o teu caminho na Terra.

Ao desabrochar querias estar junta,
Mas não foste no vaivém do céu,
Pintado numa tela de figuras abstratas,
Onde brilham tantos sonhos de paz,
Oh! se desta vez, a consciência pudesse
Embalar o teu sono noutra vida!
Há sempre reputação, aqui, acolá.

EM - DE DENTRO PARA FORA - MARIA FRATERNA - IN-FINITA

A casa - CECÍLIA PEIXOTO

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A casa vazia, silenciosa
Portas e Janelas fechadas.
O brilho que antes pulsava
Hoje saudades desbotadas.

Restam apenas lembranças
Frio congelante no verão
Inverno de cordialidade aparente
Emaranhados sentimentos ausentes.

Paredes nuas reflexos de solidão
Mudanças em todos os cômodos
A disposição diferente dos móveis
Apenas o eco no silencio das vozes.

A varanda, o salão, cozinha, quintal
Eram cenários preenchidos de vida
Folhas secas, teia de aranha, poeira
Vaidades ou trabalho da vida inteira?

Apesar da aparência sombria
Mantem-se viva as esperanças
Em ter luzes acesas, vozes, vida
E novo fluxo de energias positivas.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sexta-feira, 24 de junho de 2022

Amor - MANUEL MACHADO

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Amo as pedras da calçada
Com a mesma força e convicção,
Sem qualquer distinção,
Todos os animais que as pisam
De duas, quatro ou mais patas.
Amo tudo o que me alimenta,
Para me manter ser vivo
Rosas bravias, alfazemas, magnólias
Aromas que me fazem sorrir
Alimentam o invisível, o impalpável.
Amo o fruto da minha semente
Desde que rasgou o ventre materno,
As alegrias constantes,
Orgulho por atitudes e comportamentos,
Abraços longos e reconfortantes.
Amo tudo o que faço e em que toco,
Mesmo os que não me amam,
Esperançoso no amanhã.
Amo a vida como a mim próprio,
Só assim consigo amar em redor.

EM - MANUEL MACHADO - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

Lixos - CÁTIA CASTILHO SIMON

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Ao longe
na esquina
um homem na calçada
rodeado de sacos de lixo

O celular em casa
deu leveza aos passos
minimizando as chances para o mau acaso

Os sentidos em alerta apenas para o inusitado

O olhar vacila
em choque ao revés

Não era um homem,
mas um hidrômetro

Meu Deus,
a naturalização da infâmia
revelou
a minha miséria

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Poeta - FERNANDO VASCONCELOS

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Poeta
Um poeta não mente,
Credibiliza a natureza,
Dando-lhe realce
Descrevendo seu devido valor...
Poeta
Um poeta não mente,
Escreve tudo o que invade a alma, o coração,
Descreve tudo a rigor...
Não é subserviente,
Detesta a traição no amor...

EM - A SEMENTE - FERNANDO VASCONCELOS - IN-FINITA

Autoconhecer - CATARINE AURORA

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O que tu olhas e sentes?
Vazios pungentes?
Sinfonias estridentes?
Ou calmaria insurgente?

Vê-me, no espelho, genuíno?
Sem espadas, malabares, íntegro
Fruto da assimilada dualidade
Diversas vozes coexistindo em mesma verdade.

O segredo?
Volta-te para dentro...
O que ouves e sentes?
Ressignifique fragmentos.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quarta-feira, 22 de junho de 2022

Prefiro não dizer nada... - CECÍLIA DIAS GOMES

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Roubei as estrelas só para ti.
Só para te ver feliz!
Fiz o sacrifício de me esquecer...
O amor é assim...
Uma chama que arde dentro de mim,
Amor que arde no peito.
Sabes... Pedi autorização ao meu pensar,
Faço de tudo para que possas permanecer,
Me faz sonhar...
Prefiro não dizer nada…
Para ver o sol subir as serras.
Foi neste me acalentar que fez tudo acontecer.
Esta ausência tira-me o chão.
Faz-me pensar...
Que a vida tem coisas, e dá muitas voltas...
Prefiro... sim, prefiro não dizer nada.
E acreditar num novo amanhecer.

EM - A MINHA VEZ - CECÍLIA DIAS GOMES - IN-FINITA

Tempero - CAROLLINA COSTA

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As rimas são o tempero dos versos
E por isso cada qual tem seu próprio universo
Sonetos petrarquianos, shakespearianos
Haikais e versos livres
Aldravias, epopeias e cordéis
Diferentes gramas de sílabas e pés
Que ao som da mão que escreve
Ganham receita nova
A ser saboreada
Pelos ouvidos do leitor

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA

terça-feira, 21 de junho de 2022

Transmutraumar - CAROLINE RAMOS

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Dos restos,
Pequenos pedaços,
As sobras de todos os que
passaram.
Sonho,
Com a vontade de potencia,
Tornar-se si mesma,
Amar e habitar o próprio
corpo,
A própria casa,
Construção.

Destroçar as paredes,
Aspirar poeira,
Ser pó,
Ressecar os pulmões sem dó,
Lamber a cicatriz,
Lesto movimento,
Faca em detrimento.

Intoxicar as estradas
Do corpo,
Ver o roxo pulsar,
Os limites cruzar.
Alforriar as asas,
Perder a casa,
Ganhar o mundo.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA

segunda-feira, 20 de junho de 2022

Dois segundos para eternidade - CARMEN LÚCIA DE QUEIROZ PIRES

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Apostei tudo que tinha
Até minha pedra rainha
Sabendo que ia perder
Apostei minha juventude
Minha estrada, minha alma

Agora já é tarde... Imagino...
As noites, os dias me dão conta disso
Do resultado dessa façanha
Tão dura quanto a vida
Que colocou-me longe de ti

Não poderia mais viver
Numa guerra de perdedores
Onde as cores da vida eram desbotadas
E as formas, distorcidas da realidade
Do que eu queria para mim

Hoje não me sujeito às almas
Perdidas e indecisas
Carrego comigo uma certeza
De que agindo assim
Estarei mais próxima de mim

Desfruto agora do encanto
De ver a vida por outro ângulo
Daquela que se descortinava para mim:
Um desencanto, com sabor amargo,
De olhar os cantos que não me cabiam,
Enfim!

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Flores de cimento - MARIA FRATERNA

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No ramo do meu pensamento
Habitam imperfeitas
E nada prometem,
Mesmo escovadas do pó,
Entre os botões armados
E as pétalas oxidadas.

Flores de argamassa
Que se erguem contra mim,
Prontas a preencher o espaço
Da cruel calçada,
Tão suja e sombria,
Onde a pedra é tão fria.

Há de chegar a festa das flores,
A beleza de suas cores,
Num dia de luz de setembro,
Perto da tua lua ao rubro.

EM - DE DENTRO PARA FORA - MARIA FRATERNA - IN-FINITA

domingo, 19 de junho de 2022

Inverno - MANUEL MACHADO

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Lá fora zumbe vento norte
Trás consigo temerosos e arrepiantes
Ecos de lobos nas montanhas,
Frios, gélidos e congelantes
Outrora sentidos em fiordes,
Auroras boreais multicolores.
Lá em baixo guarda-chuvas,
Abrigam apressados e encolhidos,
Entrelaçados em vésperas S. Valentim.
Cá dentro, entre paredes,
Enroscados em mantas macias,
Uns ouvem crepitar madeira incendiada
Outros, disfrutam descoberta de Tales de Mileto.
Ecoam em sons melodiosos
Bach, Chopin, Verdi e Enaudi,
Convidam à leitura de Platão a Pessoa.
Batidas sentidas, compassadas, ininterruptas
Despertam pensamentos e introspecção.
Idosos desprotegidos,
Carenciados e abandonados.
Doentes, presos ou algemados à vida
Fios invisíveis e esperançosos.
Sem abrigo esfomeados,
Tiritantes e desluzidos.
Crianças abandonadas,
Maltratadas e desamoradas.
Invernos do mundo.
Da vida e das gentes.

EM - MANUEL MACHADO - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

sábado, 18 de junho de 2022

Tornei-me… - CARLA DE SÀ MORAIS

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Tornei-me no vento absoluto
Como aquele das tempestades imprevistas
Quando assolam a costa e levantam pelos ares
Os remoinhos de areia grossa
Que fustigam a pele, entram pelos olhos
Cegam o coração que não mais enxerga o amor

Tornei-me num solo estéril
Que se abandona a ele mesmo
Devido à seca, abrindo brechas profundas
Crateras intransponíveis
Talvez com o tempo, a água, vinda das chuvas
Chegará lentamente para o irrigar
E de novo torná-lo fértil

Tornar-me-ei, então, no Fénix, que renasceu das cinzas
Assim como eu, das fogueiras onde me lançaram
Superarei violências e abusos
Transmitirei força e coragem quando mãe serei
Obterei amor e respeito, honra e justiça
Porque sou Mulher

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Loucamente apaixonado - FERNANDO VASCONCELOS

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Estando eu
Com um amigo, num pub conhecido
Recostado comedido
Em cavaqueira animada...
Entraste, por mim passaste
Cheirosa, formosa, divina!
Com um vestido branco rendilhado
Linda, deslumbrante que nem uma deusa...
Toda tu um monumento
Não serias tu uma atração de momento!?
Mas sentindo logo que eras ela
Naquele instante todo eu tremia...
Tu olhaste-me de relance
Eu esbocei um tímido sorriso
E em teu sexto sentido
Visionaste de imediato
Deliberaste, não é brincadeira
Sentando-te frente a frente...
Meu coração sobressaltado
Desde logo acelerado
Por um pouco caia da boca
Mudei de cor
Pálida, ao colorado...
Sem hesitar, fiz um drible à vergonha
Acenei delicadamente
E fui sentar-me
A teu lado

EM - A SEMENTE - FERNANDO VASCONCELOS - IN-FINITA

sexta-feira, 17 de junho de 2022

Pai, saudade! - CECÍLIA DIAS GOMES

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Em minhas orações,
Eu peço perdão.
Por mais que me dedique,
A palavra chave não sai.
Houve desilusões
Pelos tempos que corriam,
Tantas decepções
Neste mar de agonias.
Pai...
Foste grande!
Trabalhaste por inteiro
Sustentaste onze filhos,
Eletricista de primeira.
Homem bom...
Ajudavas quem te pedisse apoio.
Eras tudo o que os outros queriam ser,
Eras homem capaz
És parte de mim,
Meu querido pai.
O que eu aprendi nesta vida...
Tem-me servido de lição.
Não estou arrependida.
Porque também,
Dou meu perdão.
Amo-te infinitamente,
O resto da minha vida.

EM - A MINHA VEZ - CECÍLIA DIAS GOMES - IN-FINITA

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Voltei - C. GONÇALVES

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Voltei
Não sei onde estive nem para onde vou
Mas voltei

Voltei
E é simplesmente isso

Para cheirar os sabores
E sentir as cores
Nas pequenas coisas
Nos momentos
Na plenitude da vida

Voltei
Ainda não sei para onde vou
Mas sigo

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA

A mão estendida - ANA MENDES

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O sol vai raiar
Por entre lágrimas ao deslizar
A doce penumbra vai embora
O sonho vai terminar
Está frio lá fora
O corpo embrulhado, entorpecido
Do medo que sinto agora
Talvez com ele aviste um destino
Gritarei o mal que trago, a mágoa
O sol vai raiar para o mundo
E eu ainda me escondo da vida
Por um abuso em mim profundo
Perpetuado, vivo e mudo
Afrontar o dia que nasce alegre
É violência, vergonha, é tudo
Por um momento de espera na rua
Minha vida foi saqueada, ficou nua.
E tu amiga, de mão estendida
Percebeste a minha dor
Abraçaste com coragem esta alma perdida
Entregaste-me um destino de amor.
O sol raiou desde então
Pintou todas as cores no meu coração

EM - PELO FIO DE ARIANA - ANA MENDES - IN-FINITA

quarta-feira, 15 de junho de 2022

A paz - BIAMARIA

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A palavra Paz em Português
Tem 3 letras apenas é como a palavra mãe
Que também só tem 3 letras
E é das maiores que o mundo tem
A letra “P” é a de Portugal, “A” é a do amor
A letra “Z” Zelo de Mãe, que rima com louvor.

A cor da paz é branca
Como o verde é esperança
O sol é amarelo e se o mundo fosse meu
Pintava-o de azul cor do céu
O mesmo do infinito, porque é o azul mais bonito.

E se não houvesse guerra
Bastavam estas cores como símbolo da Paz
Mas às vezes sem querer, um povo da terra
Veste-se de luto, usa o preto para chorar
Mesmo que seja na primavera.

Mas a paz existe
Vai proteger aquele menino que chora
Que nem sabe para onde vai agora
Não tem caminho, nem destino
Não tem estação, para o seu comboio parar
Mas o menino não desiste, vai ter que caminhar.

E um dia chega a Paz, vestida de cor de rosa
Limpa as lágrimas de quem chora
Semeia flores nos campos
Oferece a Paz que esteve ausente
Espalha calma, alegria e sorrisos, a toda gente.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Há cravos matizados! - MARIA FRATERNA

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Talvez valesse a pena dizer
Que a vida é como uma semente
A tentar espreitar ao sol
Até criar a derme da vida
Com o caule cheio de espanto
Agarrada ao desvario do cio.

Talvez valesse a pena dizer
Que há sóis sem calor,
E, na intermitência do latejo,
Ao invés dos prazeres de Adão e Eva,
Sob a divina dentada na maçã,
Esses sóis deixam solidão.

Talvez valesse a pena dizer
Que voam as aves do paraíso
A penetrar as entranhas do sincelo,
Dos castros dos bosques descuidados,
Por não se renovar a paisagem verde.

Talvez valesse a pena dizer
Que, no sufoco do sol poente,
Vê-se o céu a pousar no mar
E as anémonas a borbulhar
À espera que o amor aconteça.

Talvez valesse a pena dizer
Que a flor ancestral foi branca,
Teve no colo: a rosa e o lírio,
E abandonou os cravos matizados
Que acabaram mitigados pelas vielas
A pedir perdão pela sua floração.

EM - DE DENTRO PARA FORA - MARIA FRATERNA - IN-FINITA

terça-feira, 14 de junho de 2022

Ciclone - BETH BRAIT ALVIM

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.. e o vento
arrebentou minhas
sete peles.
Sem elas,
navego leve.

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Pássaro - MANUEL MACHADO

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Cruzámo-nos entre quatro paredes
Teus olhos fulminaram-me ao olhar-te
Todos te viam colorido em papel
Imaginando mãos doces criativas parideiras.
Não eras um pássaro qualquer, mas
O pássaro tantas vezes sonhado,
Transmutado do papel a senciente,
Encorajador, revitalizante e transformador,
Alado, forte e companheiro.
Dissuasor que em Ícaro me tornasse,
Endotérmico e coberto de penas multicolores,
Nas tuas asas quero voar
Até à África das minhas memórias.
Aos Orientes odores da minha paixão.
Planar oceanos, mares e praias inexpugnáveis.
Revisitar desertos, savanas e florestas.
Absorver brisas deleitosas,
Refrescantes, apaixonantes e amorosas.
Aguardar passagem de ventos e tempestades.
Regressar incólume, desejoso de novas viagens.
Fomos e seremos unos,
O pássaro e eu.

EM - MANUEL MACHADO - COLECÇÃO DISPERSOS - IN-FINITA

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Vinho da vida - AUZEH FREITAS

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Amigo dos meus labirintos,
meus segredos de mar.
Tragas teu vinho
e o parreiral de palavras
que sabes me ofertar,
vinhas de tu'alma.
Jamais deixarei
de embriagar-me de ti,
por tudo e tanto.
Adormeço
anestesia anterior as partidas,
para voltar inteira e outra vez só,
manhã seguinte.
Vida que segue tão simples assim:
Uvas pertencendo aos vinhos.
Você pertencendo a mim.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Musa - FERNANDO VASCONCELOS

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Oh Musa de todos os amores,
Oh “ Lua” tu és a quimera,
Tu és alfa e és ômega...
Sem ti as estrelas do universo,
Não cintilariam tanto...
Não seriam tão grandiosas
Inspiras os mais românticos,
Em quais praias de maior fascínio...
Neste mundo de terráqueos
Assim...
Tu e o Sol estabelecessem ...
O equilíbrio constante,
Entre o dia e a noite

EM - A SEMENTE - FERNANDO VASCONCELOS - IN-FINITA

domingo, 12 de junho de 2022

Brincadeiras - APARECIDA AMARAL

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Eu hoje quero
Soltar pipa, soltar raia ou papagaio
Botar cola, cordão, papel de seda
E voar com ela pelas praças
Deixar ir com rabo de pano
Minha raia de cores misturadas
Encantadas alegres brincadeiras

Eu hoje quero
Jogar baleado e de corpo suado
Coração aturdido e ofegante respiração
Arremessar a bola, balear uma menina
E me embolar pelo chão no gozo do riso
Disputado jogo ganho ou perdido
Engraçadas divertidas brincadeiras

Eu hoje quero
Dançar balé, samba, twist, rebolado
E até sapateado de pés descalços
Em qualquer palco, lugar qualquer
Que surja um espaço iluminado
Para caber infinito prazer de viver
Embaladas adoradas brincadeiras

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Vem comigo - CECÍLIA DIAS GOMES

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Abraça-me como se estivesses a abraçar a poesia!
Vem comigo, escreve-me...
Como se escreve a poesia.
Vem comigo, senta-te à beira do amanhecer,
O sol nascerá para todos.
Vem comigo, senta-te à beira da noite,
As estrelas brilham para o mundo.
Vem comigo, senta-te à beira do riacho,
Os pássaros cantaram só para nós.
Vem comigo, senta-te à mercê do silêncio,
O cosmos falará connosco.
Vem comigo, escuta nossos corações,
Eles batem forte!
Ficarão atentos à ternura do nosso palpitar.
Vem comigo,
abraça-me como se estivesses a abraçar poesia!

EM - A MINHA VEZ - CECÍLIA DIAS GOMES - IN-FINITA

sábado, 11 de junho de 2022

Amor... do teu jeito - ANA MENDES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Desejo de ti e do teu corpo
Anseio de toque discreto
Inebria-me o teu cheiro envolto

Deslizar de mãos entre tules e veludos
Ouço o respiro suave e intenso no escuro
No rosto teus lábios carnudos

A lua lentamente se aproxima
Sem convite expectadora do filme
Que nos observa de cima

E o lençol de seda ou cetim
Que a tua pele desnuda ou encobre
a cor suave claro-escuro de marfim
que a noite esconde ou descobre

Por segundos vislumbro entre folhos
Pérolas que te enfeitam o peito
Pestanas encerram desejos nos olhos.
Retenho carícias carentes do teu jeito.

EM - PELO FIO DE ARIANA - ANA MENDES - IN-FINITA

sexta-feira, 10 de junho de 2022

O meu silêncio - ANA S LOBO

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
Saibam mais do projecto Mulherio das Letras Portugal neste link
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O meu silêncio é único
E o grito também
Duas vozes abafadas
Que se completam
Uma metade é dor
A outra amor
Nessa dualidade
De raiva e paixão
Perco a razão
Pois uma parte de mim é mar
E a outra vulcão

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA