domingo, 31 de maio de 2020

Chuva - FÁTIMA HORTA

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A chuva tardou.
Mas hoje chegou.
É uma bênção, uma riqueza,
Que hoje está a cair das nuvens do céu.
Para matar a sede aos campos, às plantas, florestas.
Rios, barragens, seres humanos e animais.
A chuva cai,
Sobre telhados e beirais.
Sobre a terra, rios e mar.
Para todos nos alegrar.
Oh chuva abençoada,
Não tragas contigo a trovoada!
Não exerças vingança,
Corre sim com dignidade.
Não faças destruição e maldade.
Tu és a essência da vida.
Sem ti ninguém sobrevivia.
A vida parava, não existia.

EM - GRÃOS DE AREIA - FÁTIMA HORTA - IN-FINITA

Alentejo opus 2 - JOÃO VIDEIRA SANTOS


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da minha ceifa,
trigo do meu pão,
és minha lavra,
fruto do meu chão

EM - TOCA A ESCREVER - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Noite eterna - JOÃO DORDIO e PRECIOSA COVAS


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Eterniza em mim esta noite
Ilumina o meu mar escuro, com a estrela mais brilhante do teu céu.
Abraça-me e afasta da minha alma esta sombra,
Este vazio...

Semeia em mim estrelas infinitas e leva-me na tua viagem...
Faz o meu corpo tremer transformando as minhas lágrimas nas
mais belas flores.

Adia o nascer do sol como prova do teu amor!
Faz de cada estrela uma tentação de olhares, abraços, beijos!
Extingue o meu vazio com o seu brilho
E com o teu corpo em mim...

Esta noite leva-me a voar por essas estrelas...
E leva também aquela solidão de todos os dias em que te vi e senti
sem estares...

Abraça-me
Trémula e louca, nesta chama que desespera de tanto sonhar-te.
Olho-te dentro e descubro que o mistério do teu amor está na tua
leveza de ser...

Ama-me
Como se fosse a última vez, o último respirar ou o último
orgasmo!
Fecha-me para sempre em ti num labirinto de paixão de nós sem
saída...

EM - DUETOS DORDIANOS - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sábado, 30 de maio de 2020

O meu olhar marinheiro - VÍTOR COSTEIRA

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O meu olhar vagabundo,
sobre este profundo mar,
fez-se eterno navegar
neste largo e longo mundo
em constante maravilhar,
descobrir e sonhar adormecer
embalado pelo luar
e acordar encantado por viver,
entre peixes e sereias,
marés-vivas e luas-cheias,
golfinhos e caravelas,
alforrecas e baleias...
E, nesta bela tela,
o meu olhar itinerante
fez-se também parte dela,
sob um Sol ardente e brilhante,
sob uma Lua clara e errante,
feliz e viajante,
fez-se amado e fez-se amante...
O meu olhar marinheiro
repousou no alto-mar...
e, viajando num veleiro,
deixou o meu sonho a viajar...

EM - DIAS DE ÁGUA E SAL - VÍTOR COSTEIRA - IN-FINITA

Todas as noites - JOÃO DORDIO


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A transparência da alma faz despir os corpos e, sempre
que tiro a roupa em mais um caminho que tracei
naquele cama de prazer mundano e carnal, digo à alma
para escrever mais um poema ou fazer uma canção...
No final do meu braço já não mora a tua mão
entrelaçada na minha, mas deixaste-me uma caneta
qualquer para dizer ao mundo que existe um corpo
também transparente que autorizou a alma a voar...
Todas as noites as lágrimas e as asas cosidas por dentro
desviam, de alguma forma, a tinta... Ou será apenas o
álcool, nunca sei...
Mas todas as noites essa tinta percorre também caminhos
infindáveis de folhas para deixar a um mundo que nunca
terá portas ou janelas para o meu reino...
A transparência do corpo e da alma cria o estranho
nevoeiro de olhamos sem vermos o poeta... sem perceber
realmente os seus gritos...

Esta noite há gritos de letras!
Gritos transparentes...

Com a boca fechada e a caneta destapada. Todas as
minhas canetas deixadas por ti têm tampas que também
estão desadaptadas aos seus bicos, os tais que lançam
gritos, que lançam espirros e saltos da tinta, entre o voar
das letras e das palavras...
Esta noite gritei desnecessariamente que te queria
novamente. E nas portas e nas janelas sempre fechadas
do meu reino percebi que os meus lábios ainda estão
colados aos teus sempre que uma tampa desadaptada não
fecha os gritos da caneta.

EM - TOCA A ESCREVER - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Coração cansado - ANA ACTO


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Quero-te... e já não te quero
O coração cansa
Passam os dias e o vais mantendo
alimentado com palavras
Batendo com fugazes momentos
Mantendo, não amando
E o coração cansa

Cansa de ser mantido iludido
Quero-te e já não te quero
Não assim...
Gostas realmente de mim?
Ou és apenas refém desse desejo egoísta
dessa busca por prazer e aventura?

O coração cansa
Cansa até de saber que outros como ele
manténs iludidos a bater

Quero-te... queria... já não quero...

Mas sabes?
Este coração cansado merece ser feliz
Um dia irá se cansar o teu
e se lembrar deste cansado que perdeu...

EM - NUA - ANA ACTO - IN-FINITA

Amadora, 19 Março, 2012 - SEVERINO MOREIRA

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Estrela minha, miminho meu,

Não sei dissimular
a tormentosa frustração
que advém
da dor que me embala...
Mas nas omissões que adivinhas,
e nas que vais detectando,
decifrarás os estigmas
pelas escarpas da sofrida fala...
A alma penalizada
seguramente me entorpece,
e turva o que desejaria dizer
neste ferido tempo que me avassala...
Desculpa-me se acaso te apercebes
do cântico desarmónico em que me perco,
mas é labiríntico o rol de ansiedades
que me abala...

Um beijo do teu avô

EM - POEMAS-CARTA A UM MENINO-LUZ - SEVERINO MOREIRA - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Cumplicidades - JOSÉ ALENTADO

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Chega pé ante pé, apenas para um abraço,
um aconchego, aquele momento de partilha e conforto,
que nos acompanha para uma vida...
– Bom dia!... hoje não sonhei que caía!,
hoje nem sequer sonhei!... –
Abraço-o, naquele abraço sem palavras,
apenas o gesto de dar tudo,
sem reservas, nem condições,
transferir uma primavera inteira
como se fôssemos um colibri pairando
– Zé! Porque há meninos maus?
... não há meninos maus... há meninos, tristes,
porque estão sozinhos, sem um abraço destes,
e o quentinho desta caminha
que tem esta tua almofadinha dos sonhos bons,
onde podes sonhar sem medos, e ser quem tu quiseres...
e assim ficou, silencioso, adormecido no meu abraço,
e eu, querendo eternizar esta primavera

EM - A MINHA LARANJA ROMÃ - JOSÉ ALENTADO - IN-FINITA

Nada digas - JOÃO DORDIO


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Nunca me digas por onde ir. O melhor que poderás
dizer é... Não voes por aí! Mas como nunca acompanhas
o meu voo, sou eu que te digo... não fales aqui porque
não te ouço! Quando voo, não ouço ninguém. Apenas
escrevo. E como nunca acompanhas a minha escrita,
não mexas os lábios! Recebe o meu beijo, recebe o meu
corpo. A minha alma deixa-a comigo, disfarçada de
letras, disfarçada de asas com penas mágicas, tantas vezes
molhadas pelo líquido da garrafa de vinho... Também ele
disfarçado de chuva.
Não me digas por onde ir. O melhor que poderás fazer é
ler-me, usar o meu corpo para os teus e os meus delírios
físicos e carnais. E nada mais! Nunca me acompanharás!
Tenho surdez para tudo dos humanos!
Tenho cegueira para tudo o que se disfarça de roupa,
pele, osso e músculos!
Se nem os deuses me acompanham, o que posso
esperar?...
Continuo a escrever. Com a alma que me move. Com
a essência que me molda. Com um corpo apenas para
segurar a caneta e uma folha por onde me devolvo...
Nem os olhos que olham para as letras são normais!
Nem os dedos que seguram aquela caneta são normais!
Nem as folhas já são brancas! Mesmo assim continuo a
tentar juntar letras...
Sem ligar para o que me dizem. Sem amar o que o
corpo abraça. Voando pela noite dentro por onde a alma
ordena e o álcool ainda permite...
Porque, sem os deuses o evitarem, devolvo-me todas as
noites à alucinação e à alcoolémia, as minhas amantes
preferidas dessa alma intemporal...

EM - TOCA A ESCREVER - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Amar - ROSA MARIA


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Amar,
é compromisso sim!
compromisso intelectual,
compromisso moral,
compromisso físico!
Amar é pretender,
desejar,
querer tudo num todo!
É entrega,
confiança,
verdade,
maturidade!
Amor...
queima,
refresca,
tempera,
promove ternura,
companheirismo,..
planar em outra dimensão...
fluidez,
crescente sentimento,
partilha de emoção,
fusão empática,
plenitude,
ligação,
cedência,
aproximação...
Sublime sensação
AMOR!

EM - AMAR EM FRAGMENTOS DO SENTIR - ROSA MARIA - IN-FINITA

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Lamentos II - CLÁUDIA CAROLA

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Do meu túmulo eu me ergui
Alma penada hoje eu sou
Não tenho paz desde que morri
Não esqueço tudo o que passou
Não ouvem vocês meus gritos?
Não sentem a minha revolta?
Neste vale imenso de aflitos
Daqui ninguém sai, não há volta
Desilusões pesam em meu peito
Muitos ecos da minha vida passada
Não esperava este total desrespeito
Não durmo... não acordo... ando cansada
Talvez um dia nos reencontremos
Porque na morte tudo é incerto
Jamais sabemos por onde iremos
Jamais sabemos o que está certo
Mas não vos desejo nada fatal
Desejo-vos a dor que hoje sinto
Mas não me levem a mal
Sou verdadeira, não minto!
Chegou-me a vida de hipocrisia
De ser bondosa, de me fechar
Para terminar oca... tão vazia
Neste tão tenebroso lugar...

EM - MARESIA DE POESIA - CLÁUDIA CAROLA - IN-FINITA

Poetando - JANICE REIS MORAIS


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Poesia tradicional
rima, métrica, etc. e tal
versos rimados, eternos
brancos e livres, modernos
formas de poemas surgindo
poetas inovando, que lindo
Tautograma
tento, tema, traço, trama
Haicai
do Japão, pelo mundo vai
Camaquiano
de Camac Leon, é meu próximo plano
Indrisso
vamos ver como é isso?
rima jotabé
o espanhol JB ensina como é
Aldravia
seis palavras versos, uma poesia
Cordel
o nordestino de tirar o chapéu
Ah! O famoso soneto
um dia me arrisco, prometo!

EM - TOCA A ESCREVER - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Lembrei-me - ANA MARTA

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Lembrei-me
Lembrei-me do arrepio
Da sensação confusa
Misto de ciúme
Curiosidade
Desorientação
Confusão.
Fiquei desarmada
Completamente
Atordoada.
Talvez atingida pela tal flecha
Perdida no caos adolescente,
Acertou na mouche
Tão profunda
Tão eterna
Tão fatal.
Lembrei-me
Lembrei-me do dia
Que nunca esqueci
A primeira vez que te vi.

EM - INEXPLICAVELMENTE - ANA MARTA - IN-FINITA

O (Buraco) Negro - O CAMÕES PRETO


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Sugo tudo,
No instante que me aproximo,
Dentro ou fora, de ti,
Teu corpo é meu,
Tua essência é minha,
Venho do Negro,
Sou Negro.

EM - RASGOS - O CAMÕES PRETO - IN-FINITA

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Versos com reversos - CELSO CORDEIRO

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No aglutinar de palavras em poesia
quantas vezes se escrevem versos
que escondem seu próprio reverso,
versos bordados a fio de fantasia,
e glosando com o que se sente
oculta-se com a palavra a antítese
num jogo elaborado de pura ironia
capaz de iludir leitor pouco atento,
que até vai tomar a noite pelo dia
e ignorar tristeza vestida de euforia.

Confrontam-se dualidades do sentir
na amálgama de experiências de vida,
o que se sente ou o que deveria sentir,
o que se pensa ou o que deveria pensar,
o ser consciente da própria consciência
ou ser inconscientemente consciente,
o ímpeto de querer escrever ou falar
e o bom senso a impor um silenciar,
o querer premente do que se sente
ou simplesmente sentir sem querer...

Muitas dualidades e desassossego
se reflectem nas palavras escritas
mesmo quando o reflexo distorce
para passar a mensagem esbatida,
na forma crua e directa, transparente,
e outras vezes metáfora, ironicamente,
travestindo desassossego em devaneios
ou sonhos que confundam a realidade.
– Serão meras palavras aglutinadas
ou reflexos de experiências de vida?

EM - VERSOS COM REVERSOS - CELSO CORDEIRO - IN-FINITA

Lusofonia - JANICE REIS MORAIS


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Português daqui, dali
de lá e de acolá
fruto da colonização a se espalhar
língua oficial
ou dominante
influências
sotaques
riqueza cultural
Língua de Camões
Pátria amada de Fernando Pessoa
flor do Lácio de Bilac
do meu Brasil brasileiro
inspiração para poesias e canções
Português na África
na Ásia
aqui, ali
lá e acolá
lusofonia a se conectar

EM - TOCA A ESCREVER - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Um mundo dentro de nós - CARLA GOMES e JOAO DORDIO


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Escuta este silêncio que nos envolve
Ele invade os nossos sentidos
E transporta-nos para outro lugar.
Um mundo diferente,
Não sei se melhor ou pior
Tenho que viver esse mundo
Tenho que senti-lo.
Fechos os olhos e transporto-me até lá
E de repente começo a sentir os pássaros a cantar
Em sintonia com as gargalhadas das crianças
Que brincam alegremente pelas ruas,
Quando dou por mim
Estou a sorrir e a brincar com elas.

É no bairro desse silêncio que habito
Sem casa própria, mas com paredes de sentidos
Daqueles que foram criados para além dos cinco
Por entra as ruas de loucura para captar a anormalidade.
Estou num mundo completamente aparte
Sem querer saber se bom se mau.
Sei que é ali que pertenço
Sei que é ali a minha missão.
As crianças… As gargalhadas das crianças!
As suas brincadeiras chamam-me porque eu também o sou...
Uma criança que se vestiu de mulher lá fora deste mundo
Uma criança que se despiu de mulher para puder ser verdadeira
Mas só neste mundo interior... Só por dentro...

Ah... como eu gosto deste mundo
Aqui eu não temo as tempestades
Que teimem em assolar-me,
Aqui reencontrei o meu sorriso que há muito me havia abandonado
E os meus olhos brilham em vez de chorarem.
Aqui não tenho medo
Posso ser eu, simplesmente eu,
Aqui posso sentir sem disfarçar,
Posso desejar sem recear
Aqui posso amar, sentindo cada momento como se o tempo fosse
infinito.
Sim... é aqui que eu pertenço
Neste lugar onde o silêncio é feito de gargalhadas
E onde somos livres, sem muros nem muralhas
Que nos prendam os sentidos,
Aqui somos genuínos, somos puros como a água que corre nos rios
Neste lugar somos aquilo que sentimos.

Não sei quanto tempo posso estar neste mundo interior
Sem criar uma dependência que sinto estar a crescer.
Ao fechar os olhos sei que não tenho nem janelas nem portas,
Apenas caminhos para ser eu mesma sem o fantasma do medo.
Ser genuína assusta os demónios do mundo normal
Aqueles tantas vezes de carne e osso e voz suave,
Mas que gritam inveja e ciúme... e causam tanta dor...
Gosto deste mundo interior e faria tudo para não regressar.
Até as gargalhadas das crianças são diferentes
Quando abro os olhos e enfrento o lugar dos corpos insensíveis...
Esta noite estou decidida a fechar os olhos ainda com mais força
E deitar-lhes a cola mais potente que exista para não voltarem a abrir
Para ficar aqui, apenas deste lado, no meu mundo interior...

EM - DUETOS DORDIANOS - COLECTÂNEA - IN-FINITA

terça-feira, 26 de maio de 2020

Água - FÁTIMA HORTA

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Sou água, sou rio, barrancos, ribeiras.
Riachos, sou gota, sou mar.
Mato a sede, alegro a vida, não me desperdicem.
Aos poucos posso acabar.
Sou transparente.
Não me queiram desafiar.
Não me maltratem.
Muita dor eu posso causar.
Sem mim ninguém sobreviveria.
Os rios e mares secavam,
Os campos não verdejavam.
A vida parava, não existia.
Quem sou?
Sou água, sou gota.
Que mesmo caindo, em grande quantidade ou apenas gota,
Sou amor, sou vida para toda a Humanidade.

EM - GRÃOS DE AREIA - FÁTIMA HORTA - IN-FINITA

Veste-te de poesia - ISABEL BASTOS NUNES


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Deixa a mão pousada no meu corpo
Não fujas ao desejo
De me abraçar enquanto durmo
Colhe o doce fruto e a fragrância dos meus sonhos
Deixa que a lua guarde os teus segredos
E a maresia enleve os teus sorrisos.

Que os sons que percorrem a noite
Não te perturbem
Que o silêncio que te rodeia
Te abrigue na sombra luminosa do amor.

Veste-te de poesia
E abraça-me como se poema eu fosse
Desvenda-me desse modo
Que o gesto mais do que a palavra
É o doce som do dedilhar
Do eterno desejo da minha carne.

EM - TOCA A ESCREVER - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Horizontes - MANOEL BARBOSA


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Além do horizonte?
Um passo além!
Quem sabe outro horizonte
repleto de novos horizontes.

Tu bem sabes!
O mundo não é só aqui.
Que tal seguir aquela estrada
ou alguma outra estrada
seguir aquela estrela
ou alguma outra estrela qualquer
descobrir por si mesmo que simplesmente
toda estrela tem seu próprio brilho
mas nem sempre tal brilho
é visto pelos olhos de todos
que depende de você
aflorar a sua própria estrela
pode ser que ela tenha um brilho intenso
ainda que esse brilho não seja percebido
pelos olhos de todos
pelo menos nesse "horizonte"
nesse "Belo Horizonte"
talvez pelos olhos de alguém
ainda que seja em outros horizontes.

EM - SANGUE E BLUES - MANOEL BARBOSA - EDIÇÃO DE AUTOR

segunda-feira, 25 de maio de 2020

O lado errado - VÍTOR COSTEIRA

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Debatia-se com todas as forças que as suas fracas pernas tinham.
Inventava fugas em cada direcção que olhava e os seus gritos
mudos ecoavam no espaço fechado do seu medo.
A perseguição prosseguia sem tréguas, enquanto os cordões
que a cercavam se multiplicavam, num canto de um mundo
tão limitado como o canto de uma janela.
Por fim, exausta e desalentada, tombou no chão da teia,
na cilada, e pôde dar conta da inutilidade do seu corpo asado,
do seu peso vago – sem qualquer significado, naquele
universo –, da vontade de gritar e não ter voz e assim ficar.
Olhando o lado de lá da janela.

EM - DIAS DE ÁGUA E SAL - VÍTOR COSTEIRA - IN-FINITA

Quando meu corpo desnudas - ISABEL BASTOS NUNES


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Experimento contigo
O desdobrar do sentidos
Quando meu corpo desnudas
E ele se abre
Pleno de orvalho
Sem pudor
Sem restrição
Como cálice entre teus dedos
Que sorves com sofreguidão

Meu corpo de mulher
De brancas espumas feito
Vagueia ao sabor do teu mar
Ora revolto
Ora calmo
Perfeito

Saboreio
O verdadeiro verbo amar
Explosão múltipla
Onde me dou e te recebo
Numa quase dor
Num quase lamento
Onde me reinvento
E te recebo.

EM - TOCA A ESCREVER - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Coração e Razão - ANA ACTO


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Pedi à Razão que falasse com o Coração
e me libertasse de ti

Ela, dona e senhora de si,
segura das suas certezas, explicou-lhe os porquês

Ao vê-la o Coração sorriu
a envolveu e falou-lhe de Amor

Esquecida já do meu pedido
veio ter comigo e pediu-me a Razão
que a libertasse do Coração...

EM - NUA - ANA ACTO - IN-FINITA

domingo, 24 de maio de 2020

No dia que eu puder - JOSÉ ALENTADO

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No dia que eu puder mudar o sonho,
irei a correr dizer-te que
Já podes adormecer...
Os fantasmas dos teus medos
serão afogados nas lágrimas
do teu sofrimento, agora,
poderás fechar os olhos e sonhar... e
Se me vires a sorrir no teu sonho
é porque a porta se abriu
e finalmente poderemos os dois sonhar (...)

EM - A MINHA LARANJA ROMÃ - JOSÉ ALENTADO - IN-FINITA

Indelével - HUMBERTO CELLUS


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Rica de toda meiguice
Unhas impares cariciais
Me faz subliminarmente delirar
Como deslizes pelos mares glaciais
Fonte pura dos golpes sensuais
Irresistível força dos leões
Fogo violento das paixões
Campo minado, vendavais.
Corpo esculto da beleza
Natureza nunca esculturada
Som em voz do acalanto
Aquece o frio na madrugada
Joia, brinde pra toda vida
Supra Luzia admirável
Amor simples, revolucionário
Mulher Indelével, minha Namorada.

EM - TOCA A ESCREVER - COLECTÂNEA - IN-FINITA

A corpo inteiro - MARIA TERESA HORTA

Um silêncio dormente
a corpo inteiro
Com este odor a verão
desencontrado

Esta chama, estes lábios
e este cheiro
dormindo entre os braços

Mas primeiro:
doce bebido de um leite
coalhado

EM - EU SOU A MINHA POESIA - MARIA TERESA HORTA - D. QUIXOTE

À distância de um beijo - ROSA MARIA


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“À distância de um beijo”,
encontro-te em mim,
e resvalo em ti,
planeio,
colo-me,
decalco-me...
Entre salpicos de ternura, desbravamos intenção,
assumimos atitude,
navegamos, explorando caminhos,
angariando o amanhã, reservando o hoje!
Aniquilamos mentira,
festejando alegria,
temperamos quietude, adormecendo o MUNDO,
refrescamos embalo,
desafiamos silêncio,
ensurdecemos desafios,
gargalhamos adversidades.
brincamos no olhar,
entrelaçamos segredos,
congelamos recuos,
dignificamos sentimento!
Em cada espaço teu,
revejo cada canto meu,
inventamos um lugar NOSSO!
Selamos dignidade,
entrega!
Acreditamos,
É o AMOR,
“À distância de um beijo”!

EM - AMAR EM FRAGMENTOS DO SENTIR - ROSA MARIA - IN-FINITA

sábado, 23 de maio de 2020

Lamentos I - CLÁUDIA CAROLA

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Sopra o vento com intensidade
Nos ecos da vila abandonada
E eu destruída pela saudade
Com a minha alma devastada
Com o olhar repleto de lágrimas e dor
Que colhi com o meu tempo, triste viver
Despedaçado coração repleto de amor
Continua a bater... continua a sofrer
Ouço-me na chuva que lá fora cai
Grito no soprar, soprar forte do vento
E ainda assim a minha dor não sai
Ainda assim muito choro meu lamento
Raiva imensa, em noites de tempestade
Deste mundo cruel que me recebeu
Que me tirou toda e qualquer vontade
Que me tirou tudo, tudo aquilo que era meu
Vagueio na noite... entre vielas e ruas
Desertas de pessoas, desertas de emoções
Só me sentem os passos, as casas nuas
Com elas partilho minhas totais frustrações
Limito-me no aqui/agora, no presente a existir
Sem sonho, sem amigos, sem ambições
Mesmo assim, não consigo disto desistir
Limito-me a reviver as minhas recordações

EM - MARESIA DE POESIA - CLÁUDIA CAROLA - IN-FINITA

Farrapos sombrios - HUMBERTO CELLUS


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Para chegar a você
Andei pelas madrugadas
Sozinho nas ruas dos frios
Escuras, esburacadas
Com um vento que trouxe a chuva
Que fez minhas vestes molhadas
Sob negras noites geladas
Cheguei a você meu amor
Antes das horas marcadas
Quase farrapos sombrios
Em mares de águas passadas
Você agora me chuta
Me diz que sou filho da puta
Daquelas das mais descaradas.

EM - TOCA A ESCREVER - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Acreditar no amor - ANA MARTA

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Eu sempre acreditei no amor. Se é ingenuidade ou apenas
fruto de alguma carência, não sei.
Mas o Amor sempre foi a minha religião, o meu conforto,
a minha alegria, a minha paz. E, existindo tantas
formas diferentes de amar, o meu coração, esse músculo
que me possibilita a vida, estica de modo a albergar todo e
qualquer amor que eu consiga sentir.
Não sei se por magia, mas é no amor, e na forma como
eu o vivo e o sinto, que encontro o tal sentido da vida.
Não escondo que, nem por um momento, vivi sem estar
perdida de amores ou completamente apaixonada por
alguém ou alguma coisa. Ou melhor, por muitos alguéns e
por muitas coisas. Sempre houve essa motivação em tudo
o que escrevi, em tudo o que partilhei, em tudo o que vivi.
E, como outra fé não conheço ou professo, o Amor, independentemente
da forma como se apresenta, foi mote
para diversos poemas e textos que escrevi.

EM - INEXPLICAVELMENTE - ANA MARTA - IN-FINITA

Vida - O CAMÕES PRETO

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O amor não é um projecto,
É sim, colecções, desejamos todos,
De bons momentos.
Esquece os finais sem alento,
Tudo se transforma,
Principalmente tu, pois,
Lembraste que és amor
Desde o primeiro momento,
Ao último deste projecto,
Vida!

EM - RASGOS - O CAMÕES PRETO - IN-FINITA

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Nostalgia - CELSO CORDEIRO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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O rio corre,
a leve brisa sopra,
o calor acalma e,
perto, a música toca.

Só o tempo não corre
na vida que se adia,
nem o vazio a acalma
nem se acaba a nostalgia.

EM - VERSOS COM REVERSOS - CELSO CORDEIRO - IN-FINITA

Negro - FORTUNATA FIALHO


LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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O negro desce sobre a terra e a luz perde-se no horizonte.
Um manto negro cobre tudo nas horas tardias.
No calor de uma lareira tosca de um pobre monte
Uma criança procura as estrelas através das vidraças.
Suas roupas são negras e as lágrimas correm no seu rosto.
Lá no alto as estrelas brilham como joias maravilhosas.
Uma brilha mais intensamente sempre que ele a olha,
No seu rostinho um sorriso se revela.
– Olha pai, é a mamã a mandar beijos.
Tinham-lhe dito que as pessoas não morrem,
Transformam-se em lindas estrelinhas no céu.
O seu coração brilhou por instantes soltando um desejo
– Vem ver-me todas as noites, brilha para mim...
Quero aceitar e devolver os teus beijos.
Um raio de luz surge, é o dia que se levanta.
Sob o parapeito da janela a criança adormeceu.
No seu rosto um sorriso brilha...
Tornando o coração do seu pai, que o observa,
Um pouco menos negro... e a dor esmoreceu.

EM - TOCA A ESCREVER - COLECTÂNEA - IN-FINITA

O pintor e a alma - DANIEL NOBRE MENDES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO PELA EDITORA
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Dedicado a EC

Este mar, este mar
Que sopra a navegar
É pintura, é um corpo,
Um ser vivo a respirar!
(Terra redonda que flutua,
Sendo minha é mais tua,
É quadros, é momentos,
Barcos a tona, a arfar,
Pincelada de infinito,
O abafado de um grito
Na minha alma a boiar...)

EM - INSURREIÇÕES E LIRISMOS - DANIEL NOBRE MENDES - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

Envelhecer no tempo - CARLOTA MARQUES CANHA e JOÃO DORDIO


LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Pergunto-me diversas vezes
como será envelhecer
no tempo, em qualidade,
em dignidade
sentir as mãos enrugadas
sem força e firmeza,
sentir os longos fios de
cabelo branco a cobrirem a
tez pálida e cansada
sentir os sinais do tempo
de ser ancião,
expressar a séria teimosia
de ser idoso e de tudo saber,
sentir que os joelhos gritam
com falta de firmeza,
querendo caminhar,
mas sem a certeza de nada.
Pergunto-me diversas vezes
como são as emoções que sinto e que
já senti enquanto jovem,
sentimentos intensos
e voluptuosos que mantinham a
minha alma acesa.

Pergunto várias vezes
como consegui envelhecer sem ti...
Chego rapidamente à conclusão
de que nascemos os dois novamente
sempre que escrevo
as recordações do que sempre fomos
e ainda somos e seremos...
Os cabelos brancos terão sempre cor
e os nossos dedos a passarem por eles.
As mãos enrugadas
são caminhos com histórias
e se as pernas hoje tremem
é ainda com o pensamento
do prazer que tínhamos
quando os dias eram passados
em plena paixão e fusão dos corpos...
A minha alma permanece acesa
porque estou sempre a renascer
em cada poema que ainda te escrevo,
meu amor...

Pergunto várias vezes
como consegui envelhecer sem ti...
pensar que te perderia no tempo em que
a memória já foge-me tantas vezes,
receio de já não conseguir reconhecer-te,
a visão ficar turva e tremule de já não te ver
com a mesma lucidez que a memória me guarda,
já não conseguir tocar-te como sempre, ter-te como
meu e só meu amor...
Pergunto várias vezes como ainda manténs
a minha alma acesa nessa solidão de penúria que
a perda da memória começa a confinar-me, mas mesmo
sem a mesma visão, o mesmo tato, a mesma audição,
se partir hoje, sei que partirei contigo num doce abraço contido
no meu coração de que a nossa história sempre perdurará.

Pergunto-me várias vezes como fui tanta coisa sem ti,
tantos lugares com tantas pessoas e tantas histórias.
Provavelmente fui sem sair daqui querendo estar onde não estava
e querendo ficar onde já existia... Pergunto-me e respondo-me...
Entre o olhar vazio do tudo e o abraço tantos mundos cheios
de nada...

EM - DUETOS DORDIANOS - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Há de vir um dia... - JOAQUINA RAIMUNDO

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA
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Há de vir um dia em que o firmamento
Criará outra estrela de grande valor,
De rara luz e brilhante entendimento
E em que o seu brilho eternizará o amor.

Há de vir um dia em que a emoção
Ditará num poema, um alto momento,
Com rara beleza de pensamento
A mais bela e mais genuína canção.

Há de vir um dia um verso perfeito
Que com o seu significado e beleza
Será no universo poético o eleito.

Há de vir um dia que a inspiração
Ditará a paz como a maior grandeza
E reinará o amor em cada coração.

EM - AS PALAVRAS QUE SEMPRE TE DIREI - JOAQUINA RAIMUNDO - EDIÇÕES VIEIRA DA SILVA

Deixa para lá - FORTUNATA FIALHO


LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Se a vida te prega uma partida deixa para lá.
Tenta pagar-lhe da mesma moeda,
Troca-lhe as voltas, levanta-te e sorri.
Não lhe mostres as lágrimas, por vezes ela é má.
Nos bons dias proporciona-te boas surpresas,
Premeia o teu esforço de formas que nem imaginas.
Presenteia-te com o mais lindo raio de luz,
Com as estrelas mais brilhantes,
Com os perfumes mais inebriantes,
Com a felicidade de um sorriso que seduz.
Se a noite é tenebrosa e negra deixa para lá.
Procura a lua e pede-lhe as estrelas.
Projeta a luz das tuas lanternas,
Rasga-a com belos raios de luz.
Pinta-a de lindas estrelas brilhantes,
Salpica-a de pingos de intensa luz.
Terás o céu mais brilhante e...
No teu rosto brilhará a felicidade.
Se a tristeza te bater à porta deixa para lá.
Busca a felicidade, procura o amor,
Veste as roupas mais bonitas e sai.
Baila com todo o teu furor...
Percorre os campos floridos,
Lê o livro que reclama na estante,
Viaja nas suas páginas e adormece feliz.

EM - TOCA A ESCREVER - COLECTÂNEA - IN-FINITA