segunda-feira, 19 de maio de 2025

Salte as barreiras da realidade! - Elizabete Nascimento

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Retalhos de momentos,
fixados por uma mente míope,
na insana condição de uma menina-mulher
que perdeu a lição.
A ficção está na realidade
e a realidade está na ficção.
Vejo isso todo dia e me pergunto:
será em que caminho perdi esta lição?
A fome que vejo nos livros
caminha por entre a gente
de mãos dadas com a exploração;
A amizade e a confiança são compradas
em doses homeopáticas, na farmácia.
Entregues com a seguinte advertência:
acredite com moderação!
A hipocrisia e a prepotência;
a empáfia e a arrogância
de algumas personagens,
na realidade,
são os componentes vitais,
dessa gente sensível, feita só de verdade.
Enquanto isso, atiro o olho pela janela!

EM - IMPÉRIO - ELIZABETE NASCIMENTO - IN-FINITA

domingo, 18 de maio de 2025

Renovação - Fátima Santos

CATÁLOGO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Em Hipocrene um trago da sua linfa bebi
E vislumbrei em mágico espelho
Apolo e seus brilhantes raios refletidos
Mas por uma nuvem obscurecidos
Evocando a morte de Píton
E o castigo determinado
Para punição do deus arrojado.

Das disputas entre Hércules e Zeus
Em Delfos os jogos Píticos foram fundados
E em Olímpia as corridas, as setas e os dardos.

Do passado remoto das lendas e mitos
Ouvem-se sussurros e gritos
Poesias, harpas e melodias
Que apaziguam os dias
São augúrios do futuro
Folhas que verdejando se renovam
Neste presente incerto
Que anseia pela alegria
No raiar de cada dia.

Venham as baladas da maresia
Todos os deuses cristãos e pagãos
A harmonia no corpo e no intelecto
Para que uma nova ordem mundial
Se erga entoando um hino de Paz universal.

EM - RECORTES DE PAPEL - CLAUDE YERSIN - IN-FINITA

Ceres - Adélio Amaro

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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De coroa trigueira, olhar confuso e ameno,
Colhi teu nome preso na espiga trigal
Na manhã soalheira do pão boreal,
Esteira no silêncio do pranto sereno.

No desejo brotou a tua colheita incesta
na constelação triangular sem caminho.
E eu, entre os cereais, fiquei perdido, sozinho.
O inverno levou-te Prosérpina na cesta.

Raptou a tua alegria. Foi teu coração
Que ordenou ao vento, pela fria manhã,
A destruição das colheitas do mortal

Perante as depressões fecundas de Plutão.
No submundo rendeu-se a um bago de romã
E guiou os céus para a abundância maternal…

EM - DIVA MITOLÓGICA 73 SONETOS - ADÉLIO AMARO - IN-FINITA 

sábado, 17 de maio de 2025

Mensagem - António Soares Ferreira

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Agarro a garrafa trazida pela onda
Lá dentro um bilhete de pedido de ajuda
Não sei quem escreveu, onde está, se responda
E se esse alguém não tiver quem o acuda?

Procuro saber mais sobre o mistério
Dei voltas e voltas, não encontro nada
Terei de o ler com mais algum critério
Mas a folha com o tempo ficou manchada.

Mas eis que de repente uma luz se acende
E começo a perceber melhor aquele escrever
Tento decifrar, mas o cérebro não entende
Fazendo de tudo para não esquecer.

Que um dia lancei uma garrafa ao mar
Perdera a esperança e tudo o que tinha
Para procurar salvação pus-me a escrevinhar
Num pedaço de papel, aquela letra era minha.

EM - NUM MAR DE PALAVRAS - ANTÓNIO SOARES FERREIRA - IN-FINITA

Mundos desta cidade - Celso Cordeiro

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Duas antíteses que chocam
a poucos metros de distância,
mundos que quase se tocam
apesar da profunda diferença,

o casario velho em ruínas
de tantos pela vida maltratados
sem condições dignas mínimas
e partilhado com desabrigados,

o condomínio de luxo ao lado
daqueles a quem a vida sorriu
para pagar o metro quadrado
a preços que nunca se viu,

dir-se-á são dois condomínios
pelos contrastes diferenciados
o dos vencidos pelos desígnios
e outro dos sempre afortunados,

e o que separa estes mundos,
mais do que muros ou grades,
tem tanto de abismos profundos
como de opostas as realidades.

EM - NO CAMINHO DO VERSO - CELSO CORDEIRO - IN-FINITA

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Sensatamente se descarta a sensação pesada - Susana Veiga Branco

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Sensatamente se descarta a sensação pesada,
A crente inocência;
Juiz clamando prudência,
Carta detalhadamente lavrada.

Acusada de crime e renegada,
Que conclusões são referência?
Agora nada mais que competência,
Tudo já foi empreitada.

A ambiguidade da perceção,
Como compreensão da defesa,
Reconciliação da proposta,

Alma cativa pela tensão;
Mente ambígua sem singeleza,
Eruditamente aguardando a contraproposta.

EM - COUSA AMADA 2 - COLETÂNEA - IN-FINITA

No silêncio da noite - Fernando Vasconcelos

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Estando eu
em meu terraço
no silêncio da noite
blindado dos olhares,
das vistas do mundo...
vou escrevendo poemas
com a cumplicidade
das estrelas e da lua...
que comigo partilham
verdadeira empatia,
e me dão motivação
no silêncio da noite...

EM - VERSOS E DESABAFOS - FERNANDO VASCONCELOS - IN-FINITA

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Cavaleiro do Apocalipse (excerto) - Desafinador de palavras

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Sou o 5º Cavaleiro do Apocalipse
Já morri e regressei do céu
Lutei contra demónios negros da morte
Na terra, lutei contra doenças, desilusões e má sorte
Bruxas, cartomantes e videntes
Andei pelo vale da sombra e da morte
Escrevi palavras vivas
Para combater, drogas, maldições e morte.
Sou o 5º Cavaleiro do Apocalipse
Sou guerreiro da vida
Guarda pretoriano do meu castelo e do meu ser
Estou aqui!...
Luto até me faltar o ar…
Mas de joelhos… Não!…
De joelhos… Nunca!…
De joelhos… Só para orar!…

EM - PAIXÃO - FRANCISCO MCM FAUSTINO (DESAFINADOR DE PALAVRAS) - IN-FINITA

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Decore tua guarida! - Elizabete Nascimento

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Livra-me deste tempo
Um tempo sem tempo
das coisas urgentes:

Tempo do feminicídio,
Tempo das injustiças
Tempo da (in)diferenças
Tempo do apogeu da violência
Tempo da morte súbita
Sem aviso prévio.

Leve-me para o tempo paciente
das coisas fugidias:

O tempo das borboletas
O tempo da música das cachoeiras
O tempo dourado do mar
O tempo do canto dos passarinhos

Quero o tempo livre e leve,
depositário de sementes
onde germinam rosas e girassóis.

EM - IMPÉRIO - ELIZABETE NASCIMENTO - IN-FINITA

terça-feira, 13 de maio de 2025

José Saramago, O cerco de Lisboa - Fátima Santos

CATÁLOGO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Entre o real e a imaginação
Raimundo muda a história com um não
Foi um revisor ousado
E tudo ficou mudado
Terão sido pelos cruzados
Os portugueses ajudados
A tomar Lisboa aos mouros
Ou terá havido um erro de comunicação
Para salvação do coração?

EM - RECORTES DE PAPEL - CLAUDE YERSIN - IN-FINITA

Atena - Adélio Amaro

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Lembras-te do tronco sustido na oliveira?
Lembras-te do eirado, lume do Monte Olimpo,
Velando as nuvens aportadas ao céu impo?
Lembranças do cheiro a terra, do luar na eira.

Estrelas impacientes cintilavam...
Eu, sem erudição, hospedado nos teus braços,
Tragava, só, a flecha enviada aos traços
do meu coração. Penumbras verdejaram…

Vem fecundar como a chuva astuta. Olvida o ouro,
Acalenta a serpente que acoita a teu lado,
Lança a insígnia sagrada com que foste amada.

Vem alvorecer o sol, triunfar com louro
Os raios salivados pelo vil machado
E celebrar a sabedoria firmada.

EM - DIVA MITOLÓGICA 73 SONETOS - ADÉLIO AMARO - IN-FINITA 

segunda-feira, 12 de maio de 2025

Tempestade - António Soares Ferreira

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Tempestade no mar alto
Tempestade no deserto
Tempestade no planalto
Num tempo cada vez mais incerto.

Opinião aqui, opinião ali
Decisão aqui, decisão acolá
Ninguém se entende nesta trapalhada
Nem Jesus, nem Buda, nem Iemanjá.

E com tanta tempestade
A acontecer dia após dia
Nem rezas, nem mézinhas
Já nem nos pode valer Maria

Mas não há tempestade que sempre dure
E lá diz o povo “depois da tempestade vem a bonança”
E o povo é sábio e se o diz não se duvide
Pode ser que ainda haja alguma esperança

EM - NUM MAR DE PALAVRAS - ANTÓNIO SOARES FERREIRA - IN-FINITA

Equilíbrios - Celso Cordeiro

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Por vezes nesta vida
as travessias são desafios
e a caminhada destemida
é de difíceis equilíbrios,

o sucesso quando atingível
faz do equilíbrio eminente,
como a queda é tão previsível
quando não se é prudente,

tal como um símio exímio
saltando de liana em liana
vamos de desafio a desafio,

esta vida é uma gincana
tantas vezes em desvario,
não é uma linha plana.

EM - NO CAMINHO DO VERSO - CELSO CORDEIRO - IN-FINITA

domingo, 11 de maio de 2025

Encontra-me (excerto) - Teresa Carrapato Moleiro

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Esperei por ti
Perdi o norte
Já não sei se é dia ou se é noite
A tua ausência queima-me por dentro
Arrepia-me a espinha
Por onde andas…?

Volta, meu amor!
O universo um ano novo pariu
O dia despontou
Nas ruas há festejos
Fogo de artifício
Espetáculos de som e luzes a dançar
Pessoas a celebrar!
Risos, abraços sentidos
Afagos no sedoso cabelo das musas
Reconciliação à vista…
Não importa o passado
Viver o momento esperado.

EM - COUSA AMADA 2 - COLETÂNEA - IN-FINITA

Oh grande mar - Fernando Vasconcelos

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Oh grande mar
que me encantas...!
Tu que és livre e vadio,
vigoroso é teu caudal...
não te insurjas
com tuas espadas revoltas,
contra quem lança as redes,
na apanha de sustento...
Para que seus filhos
não andem descalços, nem famintos...!
continuem brincando,
soltos... no baldio...

EM - VERSOS E DESABAFOS - FERNANDO VASCONCELOS - IN-FINITA

sábado, 10 de maio de 2025

Colírio - Desafinador de palavras

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Ponho colírio nos meus olhos
Para esconder o vermelho das minhas lágrimas
Tento fingir, que apenas estou a chorar
Porque o vento me bateu na cara.
Rio-me para disfarçar com cores
O negro da minha alma
Mascaro-me de palhaço rico
Para não mostrar, a minha mágoa.
Escrevo… fujo… escondo-me…
Fico no meu quarto escuro
Não quero falar, não quero ver ninguém
Apenas a minha cama é um porto seguro.
Escrevo… fujo… escondo-me…
Olho para as estrelas do teto do meu quarto
Tento dar a mão, tocar num anjo
Em pensamento, digo que te amo… e parto…
Escrevo… fujo… escondo-me…
Ponho colírio nos meus olhos
Para esconder o vermelho… das minhas lágrimas…

EM - PAIXÃO - FRANCISCO MCM FAUSTINO (DESAFINADOR DE PALAVRAS) - IN-FINITA

sexta-feira, 9 de maio de 2025

Desafie a fragilidade dos ventos! - Elizabete Nascimento

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A vida, talvez, seja um plágio.
Perdi tempo em ajustes de atitudes.
Hoje, já não justifico mais.
Quer ir, vá!
Se precisar de ajustes,
tomo distância.
Eu sou plágio:
de Rio,
de Sol,
de Lua,
de Mar.
Transbordante!
Altamente contagiosa.
É no não lugar
que quero estar,
que me procuro,
que me encontro,
que me perco.
No desejo latente
que continuo sendo...
incógnita e protegida.
No meu instável lugar,
aqui, onde nem as palavras
podem estar e, não estando,
fazem-me ser, muitas.

Exército de liberdades,
A compor experimentos de devaneios.

EM - IMPÉRIO - ELIZABETE NASCIMENTO - IN-FINITA

quinta-feira, 8 de maio de 2025

Lisboa, Alfama - Fátima Santos

CATÁLOGO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Este bairro de Lisboa é testemunho do passado mourisco da cidade, um emaranhado de vielas
onde ressoam as melodias do fado.

Alfama de almas bairristas
Poetas, guitarristas e fadistas
Embrenho-me nas tuas vielas
Nos estendais os lençois são velas
Que ao sol e ao vento
Levam meu pensamento
Sobre o passado de tormento
De um povo que navegou
E tantas vezes naufragou
Em busca de glórias
De troféus e vitórias.

Nas tascas ouve-se a viola
A voz da fadista e do mariola
A gargalhada do parodista
A história do alquimista
As badaladas dolentes do sino
E meu coração em desatino.

EM - RECORTES DE PAPEL - CLAUDE YERSIN - IN-FINITA

Ártemis - Adélio Amaro

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Deténs o sortilégio que enfeitiça a lua…
Tenho saudades nossas, tuas, do teu cheiro,
Da casa branca, do arvoredo soalheiro,
Do devaneio, da terra selvagem, nua…

És filha de Leto e Zeus soberano, amante,
Com coração gemelgo de Apolo a gritar.
Na virgindade azul que te faz levitar
Sei que não arfarias a flecha trespassante.

Semeias a luz do teu pranto e o arco letal,
Na tua mão, dá eternidade ao encanto.
Ressinto o cheiro a terra do teu manto, belo…

Tua castidade, cravada no portal
Das sessenta ninfas mergulhadas no pranto,
Trazem saudades do teu doirado cabelo…

EM - DIVA MITOLÓGICA 73 SONETOS - ADÉLIO AMARO - IN-FINITA 

quarta-feira, 7 de maio de 2025

Ser alado - António Soares Ferreira

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Já não voam sonhos
Nos braços do vento
São tempos medonhos
De fúria e tormento

Já não mora a esperança
Dentro de cada peito
Ficando como herança
Um coração desfeito

Qual ser alado
Que queria voar
Já não restam sonhos
Nem razão para sonhar

De guerra em guerra
De pandemia em pandemia
A humanidade enterra
Com enganadora polissemia

E jazem agora
Mártires aos molhos
E em cada canto
Se fecham os olhos

EM - NUM MAR DE PALAVRAS - ANTÓNIO SOARES FERREIRA - IN-FINITA