quinta-feira, 31 de março de 2022

Vida Pós-Pandemia Em Prosa e Poesia - JANETE LAINHA COELHO

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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Não serei uma poeta
De um tema velho
Uma nota só valeria
Passado é cabeçalho
No presente eu Maria
Terminaria o trabalho
VIDA PÓS-PANDEMIA
EM PROSA E POESIA

Rimarei esperança
Em outra realidade
O que de mim seria
Sem a nossa verdade
Onde a maldade veria
Alma na simplicidade
VIDA PÓS-PANDEMIA
EM PROSA E POESIA

Outra pessoa nascerá
Diante das desgraças
No relento eu dormiria
Com as Dez e as Graças
Sem dó o poema faria
Nas ruas e nas praças
VIDA PÓS-PANDEMIA
EM PROSA E POESIA

Outros motes e glosas
O martelo agalopado
Outra forma eu faria
Na mente fotografado
O verso não esconderia
Como fiz no passado
VIDA PÓS-PANDEMIA
EM PROSA E POESIA

Sairia do anonimato
Mudaria de endereço
Amaria todos os dias
Não barganharia preço
Adoecia só de alegria
Faria um novo começo
VIDA PÓS-PANDEMIA
EM PROSA E POESIA

Começava de manhã
Não seria a solidão
De tudo eu escreveria
Jamais na contramão
O coletivo viveria
No inverno e no verão
VIDA PÓS-PANDEMIA
EM PROSA E POESIA

Tanto que eu reprimi
Mas além vou chegar
A escritora vadia
Para todos autografar
O pudor eu afastaria
Ao escrito me entregar
VIDA PÓS-PANDEMIA
EM PROSA E POESIA

Os machões de plantão
Uma virgula não tiro
Após tanta agonia
O preto não retiro
Não terei um branco
Declamo e me arrisco
VIDA PÓS-PANDEMIA
EM PROSA E POESIA

Serei louca e deusa
Da palavra, ladainha
Mais inspiração teria
Sobrenome Rainha
Nova luta iniciaria
Não mais aprisionaria
VIDA PÓS-PANDEMIA
EM PROSA E POESIA

Livros de mão em mão
Pessoas de qualquer idade
Na galeria na livraria
Criança e mocidade
O velho valorizaria
Eu, e Dona Liberdade!
VIDA PÓS-PANDEMIA
EM PROSA E POESIA

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Amar-te sempre - TITA LEAL

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Mesmo que o brilho dos olhos teus
Não venham ao encontro dos olhos meus
E a tua mão desvie o movimento da minha
O calor dela me deixe sozinha
Vou amar-te sempre

Mesmo que passem dias sem te ver
Quero sorrir e no amanhã acreditar
Neste meu desejo de tanto te querer
Vou prender-me num só sentir e flutuar

Não arrumarei a nossa estória
Porque a tenho encostada ao peito
Carregarei nossos momentos na memória
Vou levá-los comigo e amar-te sempre a meu jeito

Mesmo que alguém ocupe o meu lugar ao deitar
Me roube o fruto delicado e apetecido
Vou amar-te sempre e esperar
Pelo amanhecer do teu orvalhar
Meu grande amor, de tua pele meu corpo vestido

EM - ECOS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

quarta-feira, 30 de março de 2022

Flor silvestre - MARIA FRATERNA

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Na ribeira antiga, ela, ali, está.
E, quem sabe se lá ficará?
A verdade é que ficou forte,
Quer amanhecer e, ali, viver,
Feliz debaixo do céu azul,
Com bem-me-queres de ternura,
Que lhe acenam no tempo,
Sem ais de ontem,
Com olhar e sede de amar
A morrerem numa jarra.
Sem viver nas asas do vento
E sorver a água milenar
Ao pé da senhora do monte,
Que acolhe todas as emoções,
Por entre as flores silvestres
No itinerário oculto das vivências.

EM - DE DENTRO PARA FORA - MARIA FRATERNA - IN-FINITA

Dores - ZENILDA RIBEIRO

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Dor é dor
Seja qual for
Dor física
Dor psíquica
Dor emocional
Toda dor é dor
Dor sentida
Dor vivida
Não há dor inferior
Há dor no interior
Que se parte
Ao ver partir.

A saudade é uma dor.

EM - ECOS BRASIL - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

Uma sertaneja “antes de tudo forte“ - JANE MACHADO

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Ela ia cedo trabalhar
Com o pai e as irmãs
A enxada nas costas
Pela roça a capinar

Imaginava no caminho
Banana ou romãs encontrar
Para a fome de barriga
Roncando matar

Guerra contra a fome
Contra a seca nordestina
E se num dia come
No outro só imagina

Nessa vida de menina
Eis que cresce e se apaixona
Ainda moça pequenina
Casar com primo é cafona

Sete filhos ela teve
Todos nasceram em casa
Ela nunca se absteve
De tê-los debaixo da asa

Sempre pensou em comida
Para aos filhos não faltar
Trabalhou com o marido
Dia e noite sem cansar

Plantava e colhia o plantio
Feijão, abóbora e maxixe
Inventava bredo sem desafio
E os filhos que cochichem

Quando chega bata de feijão
Sobe no trator e reboque
Põe os filhos num colchão
Na madrugada arranca o toque

De bater, debulhar e soprar
O resultado da colheita
E ainda dá conta de rancar
E não esquecer a receita

Ela adora cozinhar
Tudo com muita fartura
Na mesa comida a cheirar
Tão cheia de gostosura.

Ela é dona Etelvina
Se casou com Machadinho
Filha de Diel e Terolina
Seu amor é seu Gilsinho.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Na praia deserta - TILÓ HENRIQUES

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Na praia deserta só tu e eu
calaram-se as gaivotas
no anil do céu…
A liberdade és tu a liberdade sou eu
ondulam as palavras silenciosas
cantam os búzios uma melodia suave
tu emprestas-me o teu olhar
e eu empresto-te o meu…
Escoam-se pelas nossas mãos as areias do tempo.
Ainda te lembras amor!?
No nosso leito de mar a espuma da flor
que voou nas pétalas do vento…
Por vezes em mares encapelados
outras vezes serenamente em mar chão
percorremos madrugadas de safiras e esmeraldas…
Em jardins de jasmins e açucenas
colhemos o fogo do amor em cada estação…
No aroma do azul
as pegadas dos sonhos…
Na praia deserta só tu e eu e o por do sol
Aguardamos novo barco do amor
que navegará em mar de estrelas
e em horizontes de luz eternamente…

EM - ECOS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

terça-feira, 29 de março de 2022

O Outono da vida com você – VERA SILVA

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Olho para ti e sinto a vida

De mansinho mudando os tons e sons

A energia, a urgência, intensidade

Os anseios, os sonhos, prioridades

Desaceleram os passos...desacelera a vida?


A neve tinge os seus cabelos

O olhar se perde no infinito

O hábito da leitura se torna frequente

O cochilo chega mais fácil

A face mostra sinais do tempo

Mas não perde a essência, a capacidade de agir

O sorriso é o mesmo que me conquistou

Ainda dança...apoia-me em tudo, transmite força, coragem

Tranquilidade, companheirismo sempre e, muita paz.


Mas em meio a esse tensor de paz

A saúde torna-se um ponto de interrogação

Novo ciclo, novos hábitos e experiências se fazem necessários

Certamente nos unirão ainda mais

E com esperança, fé e ação estarei sempre ao seu lado

Segurarei a sua mão e acolheremos o Outono da vida

Com aceitação, positividade, fé e união

Continuaremos a nos fazer felizes de diferentes formas

Vivendo intensamente cada momento como Deus nos permitir

Pois a vida é o Agora e apenas um grande ponto de interrogação

Para mim, você e todos nós!


EM - ECOS BRASIL - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

Pára que tá feio! - JACQUELINE MEIRE SANTOS

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Parem com está história de que mulher tem que ser foda.
Somos! Não precisa hipervalorizar.
Amar, superar, cuidar, procriar, pensar, trabalhar e todo
o verbo que se inventar.
Pára!
Diga de lá, quem foi que escreveu este roteiro?
Uns desmandos que parecem circular o mundo inteiro.
Mulher bendito exemplo...
Pára, já não nos importa.
Mulher gente
Mulher dona
Mulher de sua própria história
Aí, sim, daria para ter uma conversa senhora.
Se você não tem interesses
Se não tem coragem para mudar
Se a preguiça, medo, pieguice te venceu.
Não é um outro ser elevada de super poder
a responder pelo que você não resolveu.
Para de dizer na nula tentativa de acreditar
Meu corpo tudo
Meu corpo único
Meu desejo exclusivo
É da conta do meu umbigo.
Serie foda sempre que desejar
Quando não, serie só a minha própria ilusão.
E você, irmão, que cuide do teu.
Da fantasia que se meteu.
Lave sua roupa, molde seu pão, assuma a sua própria construção.
Quem sabe assim, para de depositar em mim,
algo que eu não escolhi.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Entardecer - ROSÁRIO PEDROSO

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O pôr-do-sol, os pássaros, as peras
enquanto corres por outros rios.
Velas tombadas sobre as ilhas
ansiosas, indizíveis das albas.
As árvores queimadas, silenciadas
num rodopio de morcegos
no inquieto baloiçar das horas.
Toco-te na penumbra do olival
como se fosses azeite ou luz antiga.

EM - ECOS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

segunda-feira, 28 de março de 2022

Primeiro Desgosto - FERNANDO VASCONCELOS

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Aos doze primeiros anos de vida,
Sofri meu primeiro grande desgosto
Que me fez mossa para a vida
Nesta vida que levei meio à deriva
Meio salobra e decomposta
Presenciei como pode ser cruel
O ferver do sangue nas veias
A raiva o sabor do fel a subir à boca
O desmembrar de meu corpo
A definhar já decomposto
Aos doze primeiros anos de vida
Sofri meu primeiro grande desgosto...
A noite já não era noite
Era negra e sombria
Como o veneno da serpente
Entranhando na pele através de seus poros
Caminhei por caminhos desordenado
Cai em profundos pântanos,
Com areias movediças
Emergi de temporais
De fortes águas picadas nunca me vergando
Lutando, ressurgindo, sempre, mas sempre por cima
Aos doze primeiros anos de vida
Sofri o meu primeiro grande desgosto

EM - A SEMENTE - FERNANDO VASCONCELOS - IN-FINITA

Aí, a Bahia! - JACQUELINE MEIRE SANTOS

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Nascer na Bahia tem uma espécie de maestria
a qual não cabe explicar.
Na metade do dia darmos graças a Ti, ainda que haja aqueles incapazes de sentir.
Crer no inacreditável só por saber que o inusitado
está por aí.
É saber que apesar de tudo, a baía e Todos os Santos estarão sempre lá.
Havendo dor ou desespero ainda assim sabemos colocar aquele tempero
E apenas um cheiro te faz viajar.
É dar glórias com as mão calejas
Na cotidiana batalha pelo pão e construção.
No transporte lotado que as esperanças vão.
Nas mansões sobre as pedras que mantém a segregação.
Trabalho, suor, sorrisos, muitos suspiros e superação.
O clima que favorece o viver é o mesmo que garante
uma boa plantação.
Um pôr de sol que faz esquecer o que a história tratou
de esconder.
Segue cantando, curtindo, sofrendo, esperançando.
Ação por sobre lamentos.
Misturas perfeitas e absurdas que apesar das agruras encontra meios para sorrir.
Santos e outras forças no permanente vigilar.
Por nossa maestria que ao longo de um só dia
Equilibra o que não nos importa, o que incomoda
e o algo a mais que aparecer em nossa rota.
Ao nascer na Bahia já vem no pacote a alegria
e a astúcia para resistir.
Não dá para elucidar, resta admirar
A força a e leveza que a Bahia consegue espalhar.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

domingo, 27 de março de 2022

Ritual - CRISTIANO CONSTANTINO

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limpa o que é de limpar
leva o que é de levar
mas sacia esta vontade louca
de chorar

sob um manto azul turquesa
tão azul que sabe a mar
segue as ondas na presença
de Iemanjá

EM - CAUSOS DE QUARENTENA (OR QUARANTINE POEMS) - CRISTIANO CONSTANTINO - IN-FINITA

Inveja não é legal - TANIA DE MELO

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Inveja é um dos piores sentimentos
Faz perder o próprio tempo
Desperdiçando bons momentos
Fazendo da vida um tormento
Ela vem com lente de aumento
Aumentando o descontentamento

A inveja está nos incompetentes
Os que se acham inteligentes
Pensam até que são influentes
Geralmente são só prepotentes
Muitos apenas desistentes
Talvez nem gostem de gente

Para não viver só nesse sofrimento
Para mudar esse comportamento
Precisa ter amadurecimento
Começar a se olhar por dentro
Conseguir ter discernimento
Para conquistar empoderamento

Bom mesmo é saber elogiar
Torcer para alguém conquistar
Ficar feliz quando alguém ganhar
Na vitória dos outros se contagiar
Procurar sempre prestigiar
Quando aplaudir, se levantar

EM - ECOS BRASIL - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

O meu Vale do Capão - IZAURA DA GRAÇA FURTADO

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Ah, a minha Bahia e o Meu Vale do Capão
Brilha o Vale nesta Chapada Diamantina
Brilha mais que os diamantes dos tempos de antanho
Brilha com gente simpática, humilde e lutadora
Mulher garimpeira, é aqui mesmo
Aguerrida, mostra na feira de domingo as pedras
que garimpou
Ametistas, cristais, quartzos
Reluzem nos olhos da garimpeira
Olhos que brilham mais que os diamantes dos tempos
de antanho
Mulher guia de trilha, é aqui mesmo
Pernas firmes, passos decididos, olhos de águia
Olhos que brilham mais que os diamantes dos tempos
de antanho
Mulher cozinheira, é aqui mesmo
Pastel de palmito de jaca, torta de taioba,
pãozinho de jatobá
Servidos com um sorriso nos olhos
Olhos que brilham mais que os diamantes dos tempos
de antanho
Quem chega aqui, se encanta com a paz e com a beleza
Ou fica de vez, ou quer voltar
Ah, a minha Bahia e o Meu Vale do Capão
Brilha o Vale nesta Chapada Diamantina
Brilha mais que os diamantes dos tempos de antanho.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sábado, 26 de março de 2022

Desterro - INÊZ OLUDÉ DA SILVA

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escascaviando no porão
da ternura e do amor
por uma casa
que deixei aos emboléus

pisei muitas terras
com meu canto
alegrei as ruas
das cidades onde morei
atravessei muitos mares
com encanto e ardores
acatei cidadanias

sou daqui e dali
pinto minha viola
em todos os tons
desenho minhas pinturas
com todos os sons
me poetizo a vida
com todas as cores
neste exilio infinito

EM - OS POEMAS QUE O DIABO AMASSOU - INÊZ OLUDÉ DA SILVA - IN-FINITA

Estrada - SANDRO AMARAL

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Que sina é essa
De escrever com o coração,
De ter reposta a tudo
Entre a dor e a canção.
Que sina viver com a pena
Entre os dedos a vomitar
Versos doces de encantos
Tendo o coração a soluçar.
Que sina é essa...
Viver de paixão alheia
Ameada durante o caminho
Sem osso e sem forma
Como o ser em desalinho.
Viver sem norte e sem sul
A esperar o milagre cair do azul.
Que sina é essa,
Sina de vida
E de morte.

EM - ECOS BRASIL - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

Esta é a minha Bahia - IZAURA DA GRAÇA FURTADO

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A Bahia que eu vi, ouvi, vivi e senti
Pulsa em mim como o acarajé “bolinho de fogo”
Flui em mim como as águas do Porto da Barra
Desliza em mim como as ladeiras do Pelourinho
Retumba em mim como os toques dos tambores
Terra mágica, terra mãe do Brasil
Bahia que acolheu esta migrante como se nativa fosse
Migrante que atravessou o Atlântico
Com a cara e a coragem
Conectando as ilhas de Cabo Verde com a Terra
de Pindorama
Migrante que aterrou e estreou na Bahia
Porque Baiano não nasce, Baiano estreia
E quem aqui chega, estreia
Com uma nova luz, uma nova energia,
um novo propósito
Bahia de Todos os Santos, de todos os cantos,
encantos e recantos
Esta é, com muito amor e com muita alegria
A Bahia que eu vi, ouvi, vivi e senti

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Saldos - MARIA CABANA

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Levei a carteira prenha
Para a parir aos pedaços
Fui tirando senha a senha
Comprei vestidos, sapatos e laços
Em cada filho que pari
Se foram horas de trabalho
De tudo o que adquiri
Nada vale mais do que eu valho
Agimos por impulsão
Nem tudo o que luz é ouro
Ficamos sem um tostão
Olhando nosso tesouro
Será pudor ou prestígio
Ou ascensão social
Entramos nós em litígio
Com o nosso animal
Produtos e mais produtos
Baixa estima ou depressão
Devemos ser mais astutos
E não perder a razão
Nos saldos somos tentados
A esvaziar a carteira
Mas, estamos a ser roubados
Pela sociedade traiçoeira!

EM - ECOS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

sexta-feira, 25 de março de 2022

Fervores crepitantes - MARIA FRATERNA

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No verde bosque da paixão,
Entre a emoção e a poesia,
Crescem delicadas violetas
Com pétalas crepitantes
A gotejar sílabas de estio,
Num manto tingido de céu
Que em oração se dilui.

Rende-se a flor ao sonho
Debaixo do fervor da lua
Cobre-se na magia
Do calor sedento do tempo
Procura a brisa do luar
Decifram-na no voo das aves
Tão demorado na partida
Com medo do caminho.

Nasce no bosque uma musa
Que desperta e se abre ao dia
Descobre-se, tatua-se e canta
Embala-se, contida na melodia
Sacia-se no leito do rio
Sem se prender nas horas
Tem brincos puros de inocência
Extasia-se em fervores crepitantes.

EM - DE DENTRO PARA FORA - MARIA FRATERNA - IN-FINITA

Olhares - RODRIGOSBA

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daquela janela eu avistava
prédios, escolas, comércios,
casas antigas em mutação
e pessoas em outras janelas

daquela janela eu avistava
pedestres indo e vindo,
pontos de ônibus, ruas
e carros, como o do meu pai

daquela janela eu avistava
estudantes, donas de casa,
mendigos no viaduto,
o porteiro, os irmãos taxistas
e outros (des)conhecidos

daquela janela eu não me via
fora desse velho lugar
onde hoje sou multidão,
avistado por alguém
da janela que um dia morei

EM - ECOS BRASIL - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

Você me faz bem - IVAN LUIZ SANTANA

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Um dia em plena batalha da vida,
Na correria em busca da sobrevivência,
No barulho das máquinas e pessoas,
Encontrei a paz que eu precisava.

No dia em que a vida me decepcionou
E os problemas não paravam de surgir
Entre lágrimas e desânimos
Encontrei em você a força para reagir.

Na manhã que o sol não apareceu
Onde tudo e todos estavam contra mim
No momento que meus pés tropeçavam
Surgiu uma luz no meu caminho.

E foi num desse amanhecer
Que surpreendido pela solidão
Pensei em estar sozinho
Porém, você chegou sem dizer nada,
Pegou-me pelas mãos e me fez um carinho.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Escrito na lua - MARIA ANTONIETA OLIVEIRA

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Escrevo na lua
A mensagem tua
A palavra solta
Da boca calada
Ela se escondeu
O sol apareceu
A palavra voou
A boca calada ficou

Eu, nada soube
Nada sei
Nem o sol
Nem a lua
Nem o caminho encontrei
As palavras perdidas
No sonho, ficaram retidas
Nem o que escrevi decifrei.

EM - ECOS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

quinta-feira, 24 de março de 2022

Por trás das máscaras - RITA QUEIROZ

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Vazios se aglomeram,
Fitam infinitos.
Olhares perdidos nas vãs filosofias,
Blasfemam juras eternas
Nas abissais consciências.
Ao léu, tumultos inconfessáveis
Reinventam geografias.
Sopram ventos nos pés das bailarinas,
Ocultando silêncios,
Concretudes inscritas na euforia.
Uma algazarra invade
As surreais chamas do dilúvio
E as areias epifânicas sacramentam
Outras esperanças.
Há tempo para plantar e para colher
Nos horizontes prenhes
De calmarias.

EM - ECOS BRASIL - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

Jardim da Vida - IVAN LUIZ SANTANA

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(À Lindaura de Jesus – in memória)

Hoje lembrei que há tempos eu não vejo,
A única rosa que enfeitava o meu jardim.
Recordei seu perfume e senti um desejo,
De rever a minha flor de jasmim.

Eu a tinha como uma jóia valiosa,
Regava como se fosse uma planta em extinção,
Era feliz, não por ser a mais linda e formosa,
Mas, por ser a palma que habitava no meu coração.

Um dia acordei e percebi que não mais existia,
A rosa que representava tudo para mim
E lá se foi a flor de minha simpatia
Deixando tristes os pássaros do seu jardim.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Metamorfoses - MANUEL MACHADO

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Há entardeceres musicalizados
sons de um piano
mesclados ao do saxofone
ecoam melodias
por fontes em Estombar
logo ali o rio Arade
águas calmas espelhadas
por sol a cair no horizonte
cantado de Al-Um`Tamid
rei poeta árabe
a Aleixo ou João Brás.

Vagueio
na penumbra do imaginário
sentado ora em Delfos
Epidauro ou Herodion
sons transmutados
aos da lira
de aulos ou Zurnas
o rio de calmas águas
pouco ou nada ondula
por danças provocatórias
de ninfas Camonianas.

Há entardeceres musicalizados
com ausência de Baco
apenas sons
sentidos e imaginados
paisagens relaxantes
quiçá idílicas.

EM - ECOS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

quarta-feira, 23 de março de 2022

A trompete soou em surdina - FERNANDO VASCONCELOS

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A trompete soou em surdina,
Mesmo quando sem surdina entoava,
Do ré maior, ao dó maior…

Tanta coisa por exclamar,
Imensas coisas por esclarecer,
Tanta vida mal vivida
Deste desnaturado ser…

Perdi a conta aquilo que fiz, sem meio nem
Fim, que eu poderia ter vivido,
E nesta vida deitei a perder…
Entra a música e a poesia,
Que melhor sonho poderia ter sonhado e
Dado
A saborear…

Desaproveitei-o num todo,
Pouco esclarecedor,
Só mais tarde me dei conta,
De quanta perca,
De quão maravilhosa vida
Poderia ter tido meu ser.

EM - A SEMENTE - FERNANDO VASCONCELOS - IN-FINITA

Ex nunc - RENATA TEIXEIRA DA SILVA

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Quando a vida nos tira pra dançar, ela não quer saber
se a roupa cai bem, se o corpo está ok – até porque,
pra gente, nunca está! – se o batom está legal
ou se o sapato combina com a bolsa.

Quando ela nos chama para dar uma volta, ela não nos
espera ligar para o salão e marcar unhas, cabelos, peeling,
depilação – nem perguntar ao amigo ou amiga confidente
se devemos mesmo aceitar...

Quando o destino bate à nossa porta, não quer nem saber
se vai doer, se fará bom tempo ou se vai chover...

É tudo pra ontem, é tudo urgente! Se não aceitamos,
damos guarida para vários “E se...”. Não dá tempo
de parar para pesar, medir nem pensar... Tampouco
ela quer saber se vai dar...
Para esses convites, o melhor a fazer é dizer “É pra já”!

[A vida não retroage!]

EM - ECOS BRASIL - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

Uma saída - HUMBERTO CELLUS

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Outra vez vem você
De fora me atormentando
Esquece que o meu coração
Pena porque te amo
Chora quando se vai
Derramas todo o meu pranto
Mulher alma do desencanto
Se fosse apenas paixão
Sorria até cantando
Seria bem diferente
Paixão só brinca com a gente
Quando não estamos amando

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Noite Escura - MANUEL A RODRIGUES

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Na noite escura,
Vagueando pela rua,
Sozinho caminhava,
O vento batia, e o frio gelava.
Passava gente,
Agasalhada e quente,
Conta de gente eu não dava,
Para comigo falava,
Mas o que me deu,
Para andar na rua em dia de breu?
Queria uma luz ver,
Encontrar uma lareia e aquecer.
Luz não via,
Caminhava, e mais frio sentia.
Podia ser luz de vela,
Ou uma antiga candeia,
Podia ser luz intensa, ou apenas uma piscadela,
Qualquer luz servia, para pisar o chão que me rodeia.
Ao longe, observei um candeeiro,
Que a rua inteira iluminava,
Vou pedir-lhe que seja meu companheiro,
Na vida me conceda brilho, e luz na minha caminhada…

EM - ECOS PORTUGAL - COLECTÂNEA - IN-FINITA 

terça-feira, 22 de março de 2022

Último desejo - CRISTIANO CONSTANTINO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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o meu último desejo
é pousar devagarinho
a minha cabeça confusa
sobre o teu peito despido

EM - CAUSOS DE QUARENTENA (OR QUARANTINE POEMS) - CRISTIANO CONSTANTINO - IN-FINITA

Tempo ser - HUMBERTO CELLUS

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
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O tempo é implacável
É o que dizem por aí
Severo em seu passar
Amigo, covarde e frio
Espera para destruir
Aquilo que lhe convém
As rochas, as aves e o mar
A flor, o jardim e o rio
Muda o semblante do homem
Dos olhos apaga o brilho
Deixa-se enxergar
Quando se acha vadio
Porém é presa fácil
Dos sons que existem no ar
A música na melodia
No vento do assoviu
O tempo então é fraqueza
Perde o seu ego e o seu brio.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA