segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Alienação no desconhecimento - FILIPA CARNEIRO

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Pairando no vazio
Em busca encontrada
Do inexistente nada
No exorcismo espio

Em borboletas dementes
Loucando o consciente
Esvoaçando o silêncio
Leve perfilar de mentes

Descerebrado alienar
Desconstruindo mitos
Reconstruindo ritos
Egocêntrico extasiar

Negado conhecimento
Inconsciente alienar
Esquizoide acordar
No inevitável momento

EM - INDELÉVEL - FILIPA CARNEIRO - IN-FINITA

O tempo, sorrateiro - TECA MASCARENHAS

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O TEMPO, SORRATEIRO
me faz algum favor
subtrai-me d’alma
o desapreço ao estranho
e o medo do escuro

se permaneço
ou desvaneço
já não floresce no peito
a inquietude

são ganhos os dias
em que o amor
me acolhe e alegra
o mais é menos
e no vai e vem das marés
navego

nenhum deus me guia
ou está à minha espera

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

domingo, 29 de novembro de 2020

Contramão - FREDERICO DANTAS VIEIRA

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Na contramão do impossível
eu vejo rosas, pétalas ao vento.
Tenho tentado tanto não dizer do indizível
e deixo suave como os olhos dela o meu
momento.

Assim, me sobra o tempo e a realidade.
Não precisa doer,
doendo só a saudade
bem me sabem as nuvens para dizer.

Montanha russa aqui jaz.
Prefiro os buracos de minhoca
não..não falo de toca
mas de imensidões onde consigo ser mais.

Me amplifica,
me vicia deliciosamente.
Criatividade dançante que ativa minha mente
frente a frente ao que em prisma se intensifica.

Na contramão do impossível acompanhado.
No sonho que os meus olhos alcançam
nos mergulhos descobertos, corpo incendiado
na rotina que meu passo ludibria, em que os dias
não se cansam.

EM - PALAVRAS NÔMADES - FREDERICO DANTAS VIEIRA - IN-FINITA

Palavras Enforcadas - SUZANA D'EÇA

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Há dias em que as palavras apertam no meu peito
Como corda que enforca um molhe de lenha
Há dias em que a insónia se deleita no meu leito
Como poeta louco, cinge, ama, emprenha...

Há dias em que as palavras quase enforcadas
Como que filhas da insónia poeta e louca
Bailam na insanidade de uma hora rouca
E da nomenclatura da poesia são fadas

Há dias em que as palavras fadadas
Como que presas num labirinto rei
Desdobram na mente outras estradas
Que tantas vezes chorei e calei

Há outros dias em que as palavras
São simplesmente palavras
Que me despertam e me mimam
E que simplesmente rimam

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Alguém que Marca - ROBERTA WADNER

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Marca pela grandeza
Marca pela simplicidade
Marca pela amizade
Marca pela sinceridade
Marca pelo amor de verdade
Mar por me deixar ser
Marca por me deixar ter
Marca por me deixar agir
Marca por me deixar sentir
Marca por me deixar existir

Grata tio por deixar sua marca
E hoje ao ter que partir
Ficou ao meu lado
Por eu guardar
Suas marcas em mim.

EM - ALMA DESCORTINADA - QUANDO A POESIA GERA CURA - ROBERTA WADNER - IN-FINITA

sábado, 28 de novembro de 2020

Escrever e sentir - MARLI DIAS RIBEIRO

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Nos livros, nas leituras encontramos mundos
Sonhos
As falas, os gestos, o tempo, eles passam,
mas a arte escrita nos livros eterniza de forma
concreta nossas ações e pensamentos escritas
que como alma evocam a infinitude

EM - PARDAS POESIAS: SOBRE SER, FAZER E SENTIR - MARLI DIAS RIBEIRO - IN-FINITA

Insônia - SONIA PALMA

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Noite
Janela sombria
Aberta ao vento
Que sopra dentro
O tempo
Que passa
Repassa
E me assa os miolos
Tolos
Um tic-tac
Relógio lento
Assombra o tempo
Sobra dentro um medo
Sopra o vento
Janela sombria
Noite adentro

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Lugar vazio - ANA LANDEIRO

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Deixei o meu lugar vazio
Ausentei-me para deambular
Em busca da eternidade
Com que teimo em sonhar

O meu ser vacila ao luar
Aspirando o odor terno das flores
A minha alma não sabe esperar
Na vastidão de tantas cores

A noite serve para repousar
Das amargas vicissitudes da vida
O inferno está para chegar
Para aqueles que não têm comida

Não parto impunemente
Para que o mundo se ausente
O fogo arde constantemente
Com a chama sempre ardente

Não quero mais ficar
Neste sítio moribundo
Tenho medo de me deitar
Ir parar aos confins do mundo

EM - PEDAÇOS DE MIM - ANA LANDEIRO - IN-FINITA

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Praia e Assomada - ARLINDO ANDRADE

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Praia e Assomada
Cidades cúmplices
– mãe e filha.
Melodias, histórias
E memórias...
Vos interligam.
Sois marcas
Indeléveis da identidade
Que singulariza
E caracteriza
O povo desta ilha.
Riqueza e cultura...
Saberes, ritmos
E mitos
Sem igual...

EM - FIRME E HIRTO COMO O POILÃO - ARLINDO ANDRADE - IN-FINITA

Rosa Negra - SIMÃO ASCENÇÃO

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Rosa, rosa, mas afinal
Era negro o teu amor, sim!
Cravos e rosas choram agora
Ao lembrarem-se de mim
Rosa, ouve por favor!
Que de negro veste este poema
Cor de rosa é a vida
Apenas daqueles com alma pequena
Mas eu não,
Fui profundo como o Mar Negro!
Mas magoei-me nos espinhos da rosa
Só Deus sabe como me arrependo.
E cá de cima garanto-te,
Que o teu desprezo foi cruel
Esses lábios de tom rosa,
Afinal sabiam tanto a fel!
Jaz aqui quem te amou
Que frio e negro ficou
Por Rosa amar...

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Amor e milhas - TITA TAVARES

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Gostava que tu soubesses
O quanto, quanto te amo!
Não to digo, que te esqueces...
Nem eu memória já tenho...

Tantos quilómetros e milhas,
Tantos sóis e tantas luas
Tantos mares e tantas ilhas
Vivências minhas e tuas...

Para as relembrar seria
Preciso desenterrar
Do túmulo, tanta agonia...
E é pecado profanar!...

Por isso as vou guardar
Na memória do passado,
Para poder preservar
O que é Amor, não pecado.

EM - O AMOR NÃO TEM SUJEITO - TITA TAVARES - IN-FINITA

 

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Palavras, palavras - PATRÍCIA CACAU

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Sabe aqueles dias difíceis?
Recebi uma palavra,
uma palavra muda toda uma história,
uma decisão,
uma vida
Uma palavra de VIDA ou de MORTE.
Quero ser uma pessoa de palavras.
Quero deixar palavras,
É...
Um legado de palavras.
Quero ser lembrada pelas palavras,
Que disse, que escrevi, que rabisquei, que gritei alto
ou sussurrei.
Olha!! Sabe aquela mulher?
Ela levava sempre palavras
Sabe, tenho que repensar minhas palavras,
Benditas, Malditas...
Para que elas não sejam mal interpretadas
depois que partir.
Quero bendizer a vida, as pessoas, os lugares.
Tudo tem seu lado positivo!
Nada de palavras vazias, soltas ao vento.
Palavras existem e têm vida própria, elas têm o poder
da transformação.
“ELE ERA O VERBO, QUE SE FEZ HOMEM”
Não desejo que elas fiquem voando por aí..
Desejo sim,que elas sejam fixas,coladas no coração
de quem as ouvir, ler, refletir!
E possam repetir...
Ela deixou palavras,
PALAVRAS para o porvir!!

EM - QUINTAIS - PATRÍCIA CACAU - IN-FINITA

Sobre ela! - SHIRLEY PINHEIRO

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O dia amanhecera coberto
por uma cortina de nuvens escuras.
Prenúncio de chuvas, pensou ela...
Mas, pra quem viera de grandes tempestades,
aquelas gotículas de chuva
não lhe causavam medo.
Aprendera na caminhada a usa-las
para regar a aridez da vida.
Deu um longo suspiro, ajeitou sua bagagem.
Voltar era preciso.
Escolhera viver muitas vidas!
Porém, em cada uma havia sempre
o compromisso de voltar.
E, pra esta que escolhera viver,
o momento era este.
Então, se pôs a caminho.
A liberdade era sua bússola!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Fim-de-festa - FRASSINO MACHADO

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Argentina e Alemanha, em pleno Maracanã
Repleto integralmente de uma multidão
Tão ávida de bola como de razão,
Terçaram argumentos em busca do maná.

Se é justa ou não a Copa ninguém saberá
Tal foi o equilíbrio feito de emoção
E, perto de uns e de outros, por revelação
Ditou o destino que esta sorte fosse alemã.

Vinte e dois jogadores e uma bola colorida
Cumpriram um bailado para aquela gente
Em palpitantes duas horas da sua vida...

Dois fortes coros ondulantes frente a frente
Gritaram hinos em paixão desvanecida
Culminando em apoteose de alma ardente.

Um só gesto e um só golo deram a vitória
E as lágrimas de todos ficam pra memória!

EM - A MUSA DOS ESTÁDIOS - FRASSINO MACHADO - IN-FINITA

Amor Gestacionado - VITÓRIA PORTO

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Você me disse sim e eu acreditei...

Confiei no seu:

Eu
      Te
            Amo

Mas eram palavras soltas...
De um tolo vadio, com medo de amar

Sua imaturidade gerou nossa primeira gestação...
De uma possível separação...
Minha imaturidade nos levou a sentir dores do parto
Nossa imaturidade causou um aborto de extensa separação

Hoje choramos os nove meses de luto...
Somados hoje aos meus anos de celibato...
Mas não deixei de crer no amor...
Apenas não vejo mais com o mesmo olhar de uma criança...
Ingênuo...
Puro...
Infantil...

A cada queda, decepção...
Vou renascendo das cinzas como uma Fênix...
Exalando um pouco da essência...
Em cada ser que compartilho no conviver...
Levantando voo firme e livre a cada amanhecer

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Tangibilidade - FILIPA CARNEIRO

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Consciência cósmica no olhar
Longe tangibilidade possível
Incontrolável toque perceptível
Do sentir na pele a ondular

Memorizo a tangibilidade
Da tua mão a suavizar
Guardo a luz do teu olhar
Na inviolável ingenuidade

Infinitaria este idílio
Levitando na tua magia
Vivendo a minha utopia
O sonho livre do exílio

Intocáveis na cumplicidade
Nas tuas mãos entrelaçadas
Apertando essências veladas
Na irreversível tangibilidade

EM - INDELÉVEL - FILIPA CARNEIRO - IN-FINITA

Mulher Africana, Mulher Negra - SARAH

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Mulher Africana,
Mulher poderosa de garra infinita,
glamorosa e segura de si num enlace perfeito.
Trilhos inóspitos e vazios de uma clareza que só os seus
olhos alheios conseguem ver!

Mulher Africana... esculpida a rigor num pincel colorido,
a tua cor quente salpica a avenida atribulada!
Por onde vagueias, os olhares envergonhados resgatam
o brilho da tua Fortaleza...!

Mulher Fugaz... desigual na igualdade alheia,
de uma verticalidade vincada, dançante no dia
negrejante!

Mulher caliginosa... peça extraída da película
cinematográfica,
sedenta do fulgor da liberdade,
esboço da matriz plantada na tua savana!

Mulher Guerreira de odor penetrante,
vencedora da estória vivida de um passado presente!

Simplesmente... Mulher!
Não uma mulher qualquer... Uma Mulher Africana!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

país de palha - VERA LÚCIA DE OLIVEIRA

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país de palha
onde me fiz
em beirada de cama
vendo o pai morrer

levou de mim
o que nem me deu
nessa dor comida
com garfadas de feijão
com arroz

país de estopa que a mãe alvejava
e no branco aberto muitos dos
pássaros me ensinaram a voar

país de grama e terra molhada
país de arame farpado
que nos enrolou a língua
país de facas apertadas
nessa garganta limpa

vai por beiras
debruadas
onde é fácil despencar
por isso o par de chinelos
não quer sair do lugar

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Rei da coroa de lata - FREDERICO DANTAS VIEIRA

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Essa é a hora dos covardes,
os mesmos que se escondem,
os que gritam “mito” em alarde
os alienados sem nome.

Defensores da arrogância e violência
mergulhados em ignorância
não refletem pelo coletivo e sem o mínimo
de consciência
pensam e ser de alguma relevância.

Do senhor da guerra um mero capacho,
baixa a guarda em covardia.
Herói brasileiro é Trump vejam a ironia,
não fosse ele o indolente continuaria sua bizarrice
por decreto ou despacho.

Distorcendo palavras, difundido mentiras,
mestre do ilusionismo.
Fugindo da responsabilidade, contraria,
líder messiânico do caos surpreendendo
a capacidade do ineditismo.

Bradam as panelas enquanto relincha.
Ecoam os berros em resistência.
O coletivo se sobrepõe a sua apatia
fazendo desta crise sua cruel sentença.

A porta está aberta para a derrocada
e não tardará o dia e a hora marcada
onde serão fechadas as cortinas dessa palhaçada.
O povo será seu pesadelo, rei da coroa de lata.

EM - PALAVRAS NÔMADES - FREDERICO DANTAS VIEIRA - IN-FINITA

Quando o mar secou - SARA TIMÓTEO

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Já não precisávamos de mar
E há muito que os peixes,
A arquejar pelo solo fora enquanto morriam,
Já não eram parte da nossa alimentação.

Por contaminações sucessivas de medo,
Ou talvez por fastio,
Tornáramo-nos em algo já não propriamente humano,
Algo que não morria e que podia manter-se jovem
indefinidamente,
Mas que também não sorria, nem sabia amar;
Algo que nada teve a lamentar quando o mar secou
Na ponta dos azulejos.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Pamonha - ROBERTA WADNER

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Lembrança de infância
Comendo uma pamonha
Feita pela minha avó
Ralando o milho
Cantando e ensinando.
Por toda a parte
Da casa e do meu ser
Onde até hoje sinto
Esse cheiro na memória.
Relembro minha história
Onde teve momentos
Ásperos como da embalagem
Doce como o conteúdo.
Como é bom relembrar
Momentos passados
E se alegrar com o futuro.

EM - ALMA DESCORTINADA - QUANDO A POESIA GERA CURA - ROBERTA WADNER - IN-FINITA

Sacro e profano - VÂNIA GUSMÃO

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Suas mãos rezam em meu corpo
Toda oração profana
Seus lábios comungam os meus
Promessas obscenas
Me entrego toda nesse altar
De sacrifício e gozo
Suas mãos...
Ah, essas mãos que passeiam
Por meus seios palpitantes
E descem por entre as pernas molhadas
Trêmulas de desejo
Pesa sobre mim o lençol do teu corpo suado,
Em brasa pelo fogo que te consome as entranhas
Arma-te de punhal e desfere-me golpes lentos,
Leves, rápidos e fortes
Bebes do amor cavalgando no cálice da vida
Que divides comigo
Para viajarmos rumo ao infinito.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Insta instantâneo - MARLI DIAS RIBEIRO

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Imagem e sorrisos e fatos
Congelados e Maquiados e Recortados
Sabotagem de instantes, em montagens, de frívolas
viagens de superficialidades
Falsidade escondida em cores e cliques
Truques de sombras, de caras e bocas
Felizes ou infelizes?
Almas perdidas no mundo virtual, tão real
de curtidas e cutucadas frias, sem o calor do toque.

EM - PARDAS POESIAS: SOBRE SER, FAZER E SENTIR - MARLI DIAS RIBEIRO - IN-FINITA

Mundo sem arte - SANDRA MARIA SAMPAIO RODRIGUES

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Como imaginar o mundo sem a arte
Nas palavras dos poetas
Em folhas que um dia estiveram em branco
Na imensidão das cores na paleta do artista
Dos sentimentos que brotam nas formas da argila
O que seria do mundo
Sem um toque do amor
Vindo da alma de um tenor
Da vida sem o amor
Da alma de um artista
Que da arte se alimenta
E esse alimento que se expande pelo mundo
O que seria
Sem arte
Sem o amor
Sem o artista?

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Há chamas ardentes - ANA LANDEIRO

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Há chamas ardentes
Que deixam os corações quentes

Há almas ardentes
Que queimam no momento
Dando asas ao julgamento

Há chamas ardentes
Duras como punhais
Enaltecem o clamor
Que se querem jamais

Há chamas ardentes
Como beijos profundos
Vindas de sonhos intensos
Repletas de orvalhos densos

Há chamas ardentes
Plenas de felicidade
Expõem os corpos nus
Com tamanha intensidade

EM - PEDAÇOS DE MIM - ANA LANDEIRO - IN-FINITA

Alma fervente - VALLDA

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no silêncio do ego
ventanias em riste
nada mais se ouve
nada menos qu’isso
há um mar revolto
inundando histórias
levando p’ra longe
aves migratórias
os Deuses se ebulindo
pelas portas seladas
em cadáveres náufragos
e almas penadas
é este o cenário
de minh’alma fervente
que bem disfarçada
não diz o que sente

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

domingo, 22 de novembro de 2020

Poesia amada - ARLINDO ANDRADE

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Bem-vinda, poesia amada!
Tu me concedes um lugar
e me dás voz!
Pela poesia,
sou um poeta entre poetas
tratado por igual
neste mundo desigual...
Poesia amada
Tu me permites realizar
a minha missão:
fazer cultura,
devolver alma ao mundo,
quiçá, torná-lo um pouco melhor,
menos injusto e desigual,
pela força da palavra,
ainda que as minhas palavras,
pouco inspiradas e pobres,
mas verdadeiras,
sejam insuficientes
para expressar os desejos
e os sonhos
mais nobres do coração.

EM - FIRME E HIRTO COMO O POILÃO - ARLINDO ANDRADE - IN-FINITA

Casa ampla - RUNA

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não se procura o vento
ele é que nos encontra
quando viaja para longe
no seu cavalo branco
preso pela cauda
ao movimento das roldanas
que puxam a noite
para perto do fogo
não se sabe onde começa
nem onde termina
a névoa que cobre os telhados
e queima os laranjais
ainda assim
é pelo cascalho que vamos
a pé e desamparados
com o coração à arreata
longe e inacessível
a felicidade é uma casa ampla
do outro lado do rio

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Amargura - TITA TAVARES

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Guardei no peito as penas de outra gente
Soltas no ar, por bandos de andorinhas.
Não trazem nome, não dizem quem as sente...
Tanta amargura se juntou às minhas.

Demais dorida, comecei a contá-las
Tentei curá-las, até morrer o dia.
Mesmo ao luar quis identificá-las.
Mil do João, quinhentas da Maria?

Perdi-lhes o conto, o rasto e até os nomes.
Inventei números, vias, sobrenomes.
Nada sarou a dor de quem a tem.

Me derreais, ó bandos de andorinhas
Com tantas penas que juntastes às minhas!
Levantai voo, alai minha dor, por bem!

EM - O AMOR NÃO TEM SUJEITO - TITA TAVARES - IN-FINITA

Evolução - VALQUÍRIA IMPERIANO

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Enquanto o vazio me persegue, eu persigo o tormento.
faço, me refaço,
sem voltas contadas, sem sonhos desfeitos.
A noite vira dia e... eu continuo nas moléculas
querendo abstrair-me,
querendo ser de novo eu.
No vai e vem das leis não desobedeço,
sou partícula querendo aprender e crescer,
querendo esquecer que fiz sofrer,
querendo fazer o outro esquecer meus atos,
meus pecados.
Anseio perdoar-me, perdoá-los,
dissolver as mágoas que eu provoquei.
Longo e contínuo caminho!
Continuo a percorrer vidas, esquecida do que fui.
Depois de matar a desesperança,
de enterrar os remorsos, de acumular amigos,
quero viver em paz, fazer o outro feliz,
ser um ser completo,
sem medo e sem remorso.
Poderei, então, olhar a todos, encarar suas perseguição.
Finalmente terei o conhecimento universal do amor
Desfrutarei do universo, de sua boa composição
serei um ser feliz.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sábado, 21 de novembro de 2020

Gentes - PATRÍCIA CACAU

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Ando com mania de gente.
Vou me despedir: Tchau, gente!
Vou animar: vamos, gente!
Mandar embora: simbora, gente!
Agora escrevo, só escrevo gente,
é gente para todo lado
Um tantão de gente!
Gente com beleza gera gentileza
que encanta o coração da gente!
Que coisa linda é gente de riso solto.
Coisa triste é gente de pranto,
lamentando, resmungando.
Coisa feia é gente zangada, mal-humorada
que faz intriga com a vida alheia.
Com isto eu não me espanto.
Bonito é se alegrar com a felicidade do outro.
Você pode ser agente de canto e alegria, isso contagia.
Afinal gente é para gostar de gente,
assim se faz parceria
porque tem gente que invade o coração da gente
e ali faz moradia.
E se é para agradecer?
Obrigada, GENTE!!

EM - QUINTAIS - PATRÍCIA CACAU - IN-FINITA

O Valor da Vida está... - ROSELI DE QUEIROZ

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Em cada esforço pra sorrir.
Em todas as lágrimas a cair...
O encontro no querer.
E também no padecer.
Sempre ele está no vozear
de alguém que tenta cantar.
Quando precisa chorar.

O valor da vida...
Vou encontrar no caído, no ferido,
embora não desiludido...
Pois sabe bem, que tem um bom abrigo,
no velho coração de um eterno amigo.
Na existência de Deus... O alcancei.
E não me demorei
pra entender
que todo o valor da vida está:
Em tudo que vivi...
E em tudo que viverei.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

A vingança de Scolari - FRASSINO MACHADO

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Ó Senhora, dos meus botões, de Caravaggio
Que suportais do orbe todos os pecados
E defendeis os filhos desafortunados
Venho a Teus pés depositar o meu presságio:

Eu sei que todo o mundo viu este naufrágio,
Eu sei que de nenhum favor fomos bafejados,
E viste muito bem que fomos prejudicados
E, além disso, faltou-nos o Teu sortilégio.

É certo que o discernimento ninguém o viu,
É certo que a ousadia sempre nos faltou,
E todo o nosso melhor engenho se sumiu...

Mas, puxa, nem uma bençãozinha nos chegou
E nem ao menos um favorzinho nos saiu...
Vês o serviço? Toda esta Copa o vento levou.

Só cá p´ ra nós, já que me puseste de saída,
E nem sequer um nadica de sorte me sorriu...
Vou pôr os meus botins à Senhora da Aparecida!

EM - A MUSA DOS ESTÁDIOS - FRASSINO MACHADO - IN-FINITA

Tapete Felpudo - VALESKA BRINKMANN

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tapete felpudo capacho macio
vejo do sofá azul
onde me aconchego tranquila
A memória do teu rosto
está gravada em mim
e ninguém sabe como me falta
tua voz e teus lábios
o torso que se banhava na luz
vinda da janela
Nunca te desejei tanto
como naquele dia
o dia do tapete e do amor.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Existir - ROSA LAPINHA

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Doce emoldurada
Pela força da natureza
Imaculada
Dos céus cai água gelada
Um manto branco em baixo
A terra noiva espera
E o sol quando aparece a derrete derretendo-se também
Promete protegê-la da geada
Ou tudo ou nada
A força imensurável da mente
Que tanto é verdadeira como mente
Descamba
E tudo de novo parece andar na corda bamba
Assim gotícula a gotícula
Como chuva agora caindo docemente
Esvoaça o véu
E repentinamente do céu
Um raio um trovão
Relâmpagos escuridão
A macieira e o ulmeiro dão a mão

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Inquietude - FILIPA CARNEIRO

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Tranquilidade inquieta
Âmago timbrado
Pelo sentimento tocado
Da moral deserta

Âmagos transbordados
Em corpos unidos
Pensamentos entorpecidos
Em desejos inacabados

Inquietude racionalizada
De ausência sofrida
Da posse banida
Na união passionada

Inquietude de reviver
O físico sentido
Do expoente mantido
Da transcendência do ser

EM - INDELÉVEL - FILIPA CARNEIRO - IN-FINITA

Gratidão - TITA TAVARES

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Quanta mágoa já correu
Nos rios de cada vida…
Quantas fontes cristalinas
Jorraram em vales de lágrimas
Pr´o mar que se agigantou
Em sua massa salgada…
Quantos amores desfeitos
Em pétalas de variadas cores
Atapetaram o chão…

E quantos raios reluzentes
Em reflexos de calor
Acrescentou o Sol ao planeta?
E quanto a Lua se adornou
Em magia e sedução?
E quanto as montanhas cresceram
Num clamor de contenção
Ao vento, aos raios às marés,
Numa imponência divina?

Quanta generosidade se deliu na Natureza
Solidária com o Mundo
Numa incansável corrida
No adeus à guerra, na busca do Amor?
Ai quanta gratidão se solta de meu coração... incontida.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Simplesmente figuras - ROSA GONÇALVES

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Oxalá! As lágrimas inundaram o Tejo...
Veio em vendaval o vento à vácuo no vulto,
O amor como vão sentimento,
No ar, o calor sentimental da noite anterior.

A flecha fincou a rabeira no dorso,
No impacto, caiu em pé à beira do mar...
Pareciam a frieza da paixão unilateral...
Partiu sem rumo aos braços errados.

Esperava cerrar a semana sem mácula,
Por isso, o coração assustou-se...
A fala nas aparas abrandavam a alma,
No silêncio, ouvia os tons vermelhos.

Ardentemente, o sangue pulsava o peito...
Na Cidade Branca, perante à estátua do poeta, sorriu...
As pedras rolavam enquanto trocavam carícias...
Olhou com os olhos a cena encantada.

Se as manhãs florescem aos encantos,
Se as noites desbloqueiam o escuro,
Semente, broto, folha, fruto a saciar...
Ou plantava, ou colhia, ou chorava, ou sorria.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Isolamento - FREDERICO DANTAS VIEIRA

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Essa frieza do isolamento
não é fria para quem dela se enrolava, aquecido
e acolhido em si, já mostrava
que solitude não é solidão, é intento.

A guerra é contra o tempo,
contra o controle e a onipotência.
Corações acelerados pedindo clemência
a esse agora constante em incômodo momento.

E se fosse essa aurora
um buraco de minhoca para outra vida?
Novas formas de pertencer a si mesmo, dessa
maneira bendita
onde o tempo se perde e reconquistamos o agora?

EM - PALAVRAS NÔMADES - FREDERICO DANTAS VIEIRA - IN-FINITA

Amei-te - TITA LEAL

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Amei-te sem dia nem hora
Amei-te num rumo perdido
Labirinto deste coração que agora chora
Na esperança de reconquistar o amor ferido
O que semeei e cultivei outrora
Amei na força daquela que não erra
Como quem ama sem querer parar
No aconchego dos teus carinhos feliz eu era
Na profundidade do teu corpo, te quis amar
Amei-te em delírio na tua fogosa sensualidade
Fiquei rendida ao teu charme carnal
Sinto-te ainda em pele de saudade
Neste sentido amor, que foi só meu afinal
Amei-te
Amo-te em portas fechadas ao coração
Neste meu sentir intemporal
Em teimosia e alma limpa te amarei em libertação
Meu grande amor que te será eternamente fiel e leal

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Minha Infância - ROBERTA WADNER

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Eu não me recordo de tudo
Na realidade quase nada
Tudo passou num segundo
Com o se eu não tivesse
Vivido nada
Mas as imagens que vejo
Registram alguns momentos que vivi
Gosto de resgatar imagens
De rever momentos
Os bons e os ruins
Para celebrar cada um deles
Eles me deixaram marcas
As quais me ensinaram muito
Alguns as vezes caio
Nos mesmos erros que cometi
Mas o mais importante
É que hoje estou aqui
É que hoje sobrevivi.

EM - ALMA DESCORTINADA - QUANDO A POESIA GERA CURA - ROBERTA WADNER - IN-FINITA

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Perdida em mim - ROSA FLOR

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Perco-me em pensamentos, que se escondem ao pôr
do sol e espreitam o luar, sonhando
acordada.
Sonhos que me incitam a esperar-te com sorrisos,
que se entrelaçam no desejo de buscar o amor,
acomodado no medo contido nas fantasias e no amargo
do meu silêncio.
Procuro sentido para amenizar a dor da caminhada,
nas madrugadas frias, onde vagueiam os pensamentos,
deixados presos em bouquets de estrelas, para onde
dirijo as minhas preces.
Viajo, imaginando o dia de poder, com ousadia, ancorar
nos braços da minha ilusão!
Adormeço e, em sonhos, resgato emoções sentidas,
palavras sofridas, materializando a imagem da
minha quimera: TU.
Inspirador da minha poesia e, num impulso, beijo-te
a boca, afago os teus cabelos, excito-me nos teus braços
e eternizo todo o meu sentir!...
Ouço ao longe uma música que reconheço.
Acordo ladeada pela tristeza e pela saudade. Choro!...
Perco-me em pensamentos que se escondem no brilho
do Sol e eis que a manhã me devolve a
esperança de continuar a sonhar.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

O caderno de uma folha só - MARLI DIAS RIBEIRO

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Não tinha utilidade para o vizinho da casa grande
e foi jogado no canto, depois no lixo
Algumas folhas brancas ainda
estavam grudadas e resistiram a faxina
Por sorte as gotas de água do céu não visitaram
sua viagem
Sua capa era de uma princesa linda, brilhante,
branca e sorridente
As mãos escuras do resgate acariciavam
o que sobrara de suas páginas
Pensou por um instante na possibilidade de existir
cadernos com princesas reais, pardas, negras
Apenas pensou, sonhou, não recorda de ter retirado
dos lixos algum caderno assim
Foi um ano de idas e vindas, poucas linhas escritas,
muitas folhas rasgadas, outras emprestadas,
outras sem destino
Restou –lhe uma folha só nas mãos de uma criança
que fez poesia em suas últimas linhas brancas
Caderno de uma conto-poesia

EM - PARDAS POESIAS: SOBRE SER, FAZER E SENTIR - MARLI DIAS RIBEIRO - IN-FINITA

Palavras precisam-se - TILÓ HENRIQUES

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As palavras são o sangue da alma dos poetas...
Palavras precisam-se para na poesia navegar...
Urgem palavras para dar sentido ao sentir e ao voar...

Palavras que levem a dor e o sofrimento...
Que soltem as sombras e a solidão no vento...

Palavras que semeiem flores no mar...
Palavras que soltem grilhões com as gaivotas...
Palavras que percorram galáxias de luz...
E encontrem nas esquinas do tempo a amor...

E construam poemas no universo...
Em jardins de sonhos de estrelas e luar...
Onde apenas se conjugue o verbo amar...
As palavras são o sangue da alma dos poetas…

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Imaginação - ANA LANDEIRO

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Não fosse a imaginação
A doçura perdia-se
Nas ondas da transmutação
Que triste seria a ilusão

Os corpos anseiam o tato
Os suspiros já não se aguentam
A liberdade de amar transformou-se
Longe dos que se afugentam

A tirania anda à espreita
Para amaldiçoar a evolução
Dos seres que se querem livres
Da loucura da traição

Exaltam-se as torturas
Que jamais voltarão
O mundo não para
Procura a compaixão

EM - PEDAÇOS DE MIM - ANA LANDEIRO - IN-FINITA

terça-feira, 17 de novembro de 2020

No meio do nada - ROSA ACASSIA LUIZARI

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Instantes de sobra na sombra do medo
guardei em meu ombro singelo segredo
instantes de peso em sonhos nefastos
busquei o meu anjo em chão correlato,
em belas molduras deveras guardadas
que ilustram as vidas de sempre sonhadas,
mas sei do meu mundo eterno cansaço
do cotidiano tal vil me desfaço
e fico de flores de sonho enfeitada
com pétalas finas no meio do nada
mas busco a luz em meio à tempestade
tão fria, tão sóbria, avessa à vontade
de estar sobre mim pelas portas abertas,
entrar nas entranhas de ilhas desertas
e fujo a tempo de achar a saída
à alma cansada, mas cheia de vida.
Instantes de sobra na sombra do mundo
tiram-me o teto em questão de segundo
mas fico a tentar outra forma sagrada:
desenho um deus novo na folha rasgada
e fico a pensar na escassa memória
gravada no eu de uma vã trajetória
e sigo a sonhar com a alma cansada
em meio a tudo e a troco de nada.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS V - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Assomada 2 - ARLINDO ANDRADE

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Assomada é luz,
paixão,
é semente a germinar.
Vida que gera vida,
emoção e criatividade
e liberdade!
Assomada é magia,
força que contagia
com sonhos,
com arte,
com ousadia
e determinação.
Assomada é alegria
e festa,
Assomada é grande!
e tem encanto.
Assomada é fama,
é conquista e garantia
de um futuro
para todos nós!

EM - FIRME E HIRTO COMO O POILÃO - ARLINDO ANDRADE - IN-FINITA