quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Somos máquinas - ISABEL BASTOS NUNES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Saibam mais da autora neste link
Conheçam a In-Finita neste link

Somos máquinas deslizantes
Números de raiva inquietantes
Ecos metálicos em noite estranhas,
Mistérios de um mundo que tudo perdeu.

Parecemos uma selva com agrestes tentáculos
Hálito fétido de óleo queimado,
Chapas vermelhas e calcinadas
Onde os números com que somos marcados
Nos identificam em silêncios desarticulados
Porque as máquinas, não sabem falar.

E negros e negros de alma fechada
Dentro das latas fitamos o céu,
E de olhos encovados numa avidez raivosa
Uma lágrima cheia de ferrugem
Cai na terra queimada,
Porque todos sabemos que já não somos nada.

E nestes montes de lata, não passamos de números.
Somos máquinas velhas, desactivadas
Onde vão buscar peças para as avariadas.

E a violência com que nos são arrancadas
Levam o resto da nossa agonia
Deixando-nos inertes na terra queimada pelos fogos acesos,
E da fuligem pelo vento espalhada.

EM - ENTRE OS POEMAS... AS PALAVRAS - ISABEL BASTOS NUNES - IN-FINITA

Sem comentários:

Enviar um comentário