sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Condição - RUY CINATTI

A noite prevalece no meu espírito
embora na alma estratos se iluminem.
Os passos do homem pisam sendas
difíceis de entender, de penumbras...
e assim os destinos inscritos
desde sempre no livro único símbolo
de Pedro, o meu íntimo amigo,
embora João, o mais amado!

EM - 56 POEMAS - RUY CINATTI - RELÓGIO D'ÁGUA

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Sentimento - MARIETE LISBOA GUERRA

Aceitarás o amor como eu o sinto?
Folha de orvalho, gota bem leve, um nimbo
Guardo o teu olhar
nestas paredes brancas de harmonia
Tudo o que tens
vive em teu corpo nu de adolescente,
pensamentos soltos a fugir
olhar preso no meu, perdidamente.
Não exijas mais nada. Não desejo
só o olhar, enquanto o livro aberto
... a realidade é simples, e isto apenas.
Que nasce das imperfeições. O encanto

EM - LÓTUS JASMIM LADO A LADO - MARIETE LISBOA GUERRA - EDIÇÕES OZ

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Homem de grandes dias - RUY BELO

E a cal casa de cada qual

Tens as orelhas brancas
longa é a lança que dos olhos lanças
És tu e tens mistérios de mulher
ó breve ó longo
Faço percebes horas
Há muitos pés pela cidade
Oh [longo] és possível
elefante branco visto em África
E não há mais ninguém

EM - TODOS OS POEMAS I - RUY BELO - ASSÍRIO & ALVIM

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Poema rasgado - TERESA TEIXEIRA

Eu queria cantar o amar...
(solta-se um vento que estremece as ondas,
namora-me o mar)

Queria cantar a força...
(solta-se um tempo que estreita as fissuras,
fascina-me a forca)

Queria cantar a paz...
(rasgo-me em verso, de lírios vestida,
sou branco fugaz)

Quero cantar a esperança...
(prende-me a rima que busca sem rumo...
... as ranhuras ásperas da cobrança...)

EM - DA SERENA IDADE DAS COISAS - TERESA TEIXEIRA - TEMAS ORIGINAIS

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Os olhos - VERA SOUSA SILVA

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA

São meus olhos que te amam.
Quedam-se em tentação perante teu corpo
e ajoelham-se à tua voz.

Não sou eu!
Nunca fui eu quem te amou
nas ardências das lágrimas,
nos soluços dos gritos.

Foram eles - os olhos!
Traiçoeiros do meu ser extinto,
monólogo dos meus lábios
silenciosos...

São eles, os olhos
que te amam assim

loucamente!

EM - BIPOLARIDADES - VERA SOUSA SILVA - LUA DE MARFIM

domingo, 26 de janeiro de 2014

Chegadas e partidas - ANTÓNIO MR MARTINS

Sinónimo de entreajuda
No muro de cada lamento
Rescaldo de cada brandura
Escoltada pelo sentimento
Lembrança de uma memória
No pomar de uma vida
Pertinácia de cada história
No ápice de uma fugida
Nos campos se situaram
Os ganhos da humanidade
Hoje se empobrecem
No seio de cada cidade

EM - MÁSCARA DA LUZ - ANTÓNIO MR MARTINS - TEMAS ORIGINAIS

sábado, 25 de janeiro de 2014

Lembrando Sidónio Muralha - VITOR CINTRA

Se o "Novo Cancioneiro" foi razão,
Ou foi, apenas, uma solução
P'ra criticar visões salazaristas,
Em versos ditos neo-realistas,
Jamais o saberemos. Logo agora
Que quem o escreveu já cá não mora.

No mal dizer, porém, há uma certeza,
É tradição da gente portuguesa.
E, quando o mal dizer assenta certo,
A gente sente quase o céu aberto.

EM - NAS MARGENS DO ESQUECIMENTO - VITOR CINTRA - LUA DE MARFIM

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Desejo antigo - JOSÉ M. M. PEDRO

Dantes,
queria novos barcos cantantes
de novos mastros
como círios acesos
às adormecidas
águas dum porto.

Dantes,
queria ser inocente gaivota
para pairar lá no alto dos mastros
onde batem todos os sóis
- Cantar com os ventos
dos quadrantes.

E, ver o místico horizonte
onde os meninos-sóis repousam
nos seus leitos de Poente
e conversam com as estrelas
e com a lua
e com o mar
inteiramente a sós!

EM - A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS II - ANTOLOGIA - EDIÇÕES OZ 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

XIV - DANIEL AFONSO

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA

entra devagar
com o gesto suave do teu corpo
entra pela água morna do mar
ao fim da tarde
mergulha e serpenteia o teu corpo
desce tranquila para a profundeza
esperam-te os cardumes
deixa que te desenhem as curvas do corpo
deixa-te abandonada ao prazer
beijos aquáticos
água que te invade
concavidade íntima
lentamente
sobe
conta-me como é a luz
colorida das algas

desce ao fundo de ti mesma

EM - DIAS DE SETEMBRO - DANIEL AFONSO - UNIVERSUS

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Murmúrio de ausência - JOÃO CARLOS ESTEVES

as margens da lagoa
acompanham os passos da tua silhueta

reflexos de ti
invadem as águas serenas
e preenchem o meu horizonte
em ecos fugazes

assola-me o murmúrio da tua ausência...


EM - INVENTEI-TE AS MANHÃS - JOÃO CARLOS ESTEVES - CHIADO EDITORA

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Educação sentimental - MARIA TERESA HORTA

Põe devagar os dedos
devagar...

e sobe devagar
até ao cimo

o suco lento que sentes
escorregar
é o suor das grutas
o seu vinho

Contorna o poço
aí tens de parar
descer, talvez
tomar outro caminho...

Mas põe os dedos
e sobe devagar...

Não tenhas medo
daquilo que te ensino

EM - AS PALAVRAS DO CORPO - MARIA TERESA HORTA - DOM QUIXOTE

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

No momento - ALEXANDRE CARVALHO

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELO AUTOR

O tempo não espera por nós
vamos viver felicidade
no minuto das nossas vidas
até ao fim da nossa idade.

Comecei "ontem"
não perderei mais tempo
pensando em vidas vividas.

O sentir...
ver transbordar um sentir
um olhar a presença de felicidade
deixa-me contagiantemente feliz
com vontade de seguir
majorando todo o carinho
sem seguir uma matriz
rumando um caminho
ao encontro do que me é dado.

Amando e sendo amado
acredito que tenha encontrado...
Amor!

EM - CAVALETE COM POESIA - ALEXANDRE CARVALHO - UNIVERSUS

domingo, 19 de janeiro de 2014

Freio de mão - HELENA ISABEL

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA AUTORA

Exacerbei-me por um travão
Freio de mão
Sempre travado, nunca desnudado.
Palavras doces? Poucas... causam diabetes
Mas enlouquecem qualquer mulher.
A cada curva, provável despiste
Numa recta, momento de distracção
Vou aproveitar...
Aceleração banal, o condutor apercebe-se
A muito custo, contendo perícia
Lá vai soltando o ar
Que entrara nos tubos
Deixa-se levar a soluços
Entusiasmo total? Terá de ficar
Para um outro Carnaval
Quem sabe afinal... de mecânica individual.

EM - MAR QUE ME ESCREVE - HELENA ISABEL - CHIADO EDITORA

sábado, 18 de janeiro de 2014

Chacais - MARIA FÁTIMA SOARES

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA

Surpreendi-me ao ver os pingos de sangue
indicar a minha direcção
e reconheci-te o ódio, quando meigamente
me banhavas em sangue!
Cortando, espremendo e deixando
cada bocado exangue, até não restar mais.
Terminaste. Calmamente como começaste
entregaste-me aos chacais...
Foi o que doeu mais.

EM - JOGOS DE ÁGUA SERENA - MARIA FÁTIMA SOARES - LUA DE MARFIM

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

E veio a lua - CARLOS TEIXEIRA PINTO

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA

Branca estava a pele
sem os tons de teu sol
no dia em que me salvaste de mim
e a pálida solidão
sem vontades sem coração
foi colorida de paixão
por tuas tintas por tua mão
passei a ser arco-íris
expulsando o negro
o branco e o fado
pois quem vive enamorado
quem tem outra vida ao lado
é ser sempre bronzeado
pela luz de seu amor

EM - DE AMOR E POESIA - CARLOS TEIXEIRA PINTO - UNIVERSUS

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Lamento - LÍLIA TAVARES

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA AUTORA

Adivinho o pulsar da manhã
quando apalpo a madrugada
com os meus dedos de lua.
Assim sinto os dias:
vagas a lamber a praia longa
sem nos levar ao porto.
O meu bote é frágil e redondo
e sofre os arremeços da borrasca
enquanto permaneceres erecto,
minha escultura de bronze,
no alto da falésia.

Não ouves o meu lamento fundo e granítico
e o apelo agudo de uma ave
que se procura sozinha
e erra a rota?

Sabe-me a lágrimas este mar
onde me procuro,
no limiar vazio do cansaço.
Ficarei só?

EM - PARTO COM OS VENTOS - LÍLIA TAVARES - KREAMUS

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Em silêncio - SÃO REIS

É no silêncio que te escuto
que te encontro e me acho
que passo de mera cinza
a rubro facho

E nessa vertigem em que me sufoco
me transmuto e desdobro
ganho a perfeita noção
que sem ti sou espuma
que sem ti sou chão

Diz-me como ter-te
ensina-me como amar-te
se querer-te é já perder-te
se ter-te é já chorar-te!

EM - A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS II - ANTOLOGIA - EDIÇÕES OZ

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

XXXIII - EUGÉNIO DE ANDRADE

A tua vida é uma história triste.
A minha é igual à tua.
Presas as mãos e preso o coração,
enchemos de sombra a mesma rua.

A nossa casa é onde a neve aquece.
A nossa festa, onde o luar acaba.
Cada verso em nós próprios apodrece,
cada jardim nos fecha a sua entrada.

EM - PRIMEIROS POEMAS... - EUGÉNIO DE ANDRADE - ASSÍRIO & ALVIM

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Fado areia - JESÚS RECIO BLANCO

A areia é uma ponte pênsil
entre a margem e o seu contrário,
é uma mão nostálgica
que se recusa a ser mão,
é um poema sem véu,
uma palavra constante,
um espaço para solapar o tempo,
um desejo que carece de ar.

EM - SOBRE OS FADOS - JESÚS RECIO BLANCO - LUA DE MARFIM

domingo, 12 de janeiro de 2014

Súplica - RUY CINATTI

Aprofunda-te, altera-te, a liberdade é tua
e nada a ela podes dizer mais
do que não seja a verdade única.
No teu peito adormeço, teus braços amparam
o meu outro ser e tão misericordioso
como um afago de mãe.
Os pássaros voam, os vermes perfumam
caminhos invios...
A alma, desprevenida, canta
e só tu, meu Deus, me concedes a inocência!

EM - 56 POEMAS - RUY CINATTI - RELÓGIO D'ÁGUA

sábado, 11 de janeiro de 2014

Lucidez - ANA CASANOVA

Luto para resistir
para manter a lucidez
no meio de tanta loucura
medo, inquietação, sofrimento
Tento alimentar a mente
para não me perder
e em palavras desconexas
lançadas para o papel
tudo faço...
para me sentir inteira!

EM - NÓS ETERNOS - ANA CASANOVA - TEMAS ORIGINAIS

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

45 - ÁLVARO DE CAMPOS

Ah, sempre me contentou que a plebe se divertisse.
Sou-lhe alheio à alegria, mas não alheio a que a tenha.
Quero que sejam alegres à maneira deles.
Se o fossem à minha seriam tristes.
Não pretendo ser como eles, nem que eles sejam como eu.
Cada um no seu lugar e com a alegria dele.
Cada um no seu ponto de espírito e falando a língua dele.
Ouço a sua alegria, amo-a, não participo não a posso ter.

EM - POESIA - ÁLVARO DE CAMPOS - ASSÍRIO & ALVIM

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

29 - JAIME ROCHA

É uma prisão com um estábulo
e nesse espaço há uma torneira
de onde sai uma água verde. Um dia,
nasceram rãs e os cães ladraram até ao
amanhecer. E a seguir às rãs surgiram
pássaros e outros seres cada vez mais
distantes do homem. Viscosos, com
grandes mandíbulas invisíveis. Todos
pensaram que uma nova era havia
chegado, mas a prisão permaneceu
intacta e sólida como um túmulo.

EM - DO EXTERMÍNIO - JAIME ROCHA - RELÓGIO D'ÁGUA 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Descobrimento - SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN

Um oceano de músculos verdes
Um ídolo de muitos braços como um polvo
Caos incorruptível que irrompe
E tumulto ordenado
Bailarino contorcido
Em redor dos navios esticados

Atravessamos fileiras de cavalos
Que sacudiam suas crinas nos alísios

O mar tornou-se de repente muito novo e muito antigo
Para mostrar as praias
E um povo
De homens recém-criados ainda cor de barro
Ainda nus ainda deslumbrados

EM - MAR - SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN - CAMINHO

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Poema da selva - ANTÓNIO GEDEÃO

Se eu não fosse eu, teria ido além
e voltado contente.
Como não fui, resta-me este degrau
p'ra pensar nisso.

Andar no mundo
é como atravessar o continente negro
do berço à contracosta.
Vai-se crescendo e andando. Sonhando enquanto é tempo.
Depois...
Depois todos o sabem. As metáforas são fáceis.
São os olhos que espreitam na escuridão do mato,
redondos como sóis e acesos como chamas.

São os uivos, mais longos do que o fôlego,
que brocam a folhagem e esfrangalham os nervos.
São os ruídos secos, rasteiros e insinuantes,
no restolho macio, almofadado e húmido.
São os silêncios, os crivos de buracos imensos,
engolidores de espasmos e de espantos.

São isto e mais aquilo.
São aquilo e mais isto.
E assim por aí fora.
Todos o sabem no momento certo.
É só esperar um pouco.

EM - OBRA COMPLETA - ANTÓNIO GEDEÃO - RELÓGIO D'ÁGUA

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Ruídos da alma - TELMA ESTEVÃO

Diz-me alma inquieta
porque tens sede de infinito?

Porque vais colhendo cores e formas
respirando lembranças e desejos
florescendo com palavras
e voando em espasmos constantemente?

Diz-me alma perturbada
porque te embriagas e gritas sílabas de prazer?

Ah! Pudesses tu ter pétalas
aveludadas, suaves e delicadas
encantar com a tua feição de menina

Desenhar poemas perfumados
e bem perto do ouvido
ouvir o ruído e o sorriso
dos sonhos ao anoitecer

Ah! Triste alma
órfã de tantos sonhos suspensos

EM - A ESSÊNCIA DOS SENTIDOS II - ANTOLOGIA - EDIÇÕES OZ

domingo, 5 de janeiro de 2014

Líquido - MARIA FÁTIMA SOARES

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA

Deixas-me em conturbado
estado líquido.
A mim... que não sou bloco de gelo
que faço tudo para sê-lo,
me esforço para não derreter.
Líquida é como me deixas,
com pesos na consciência
nessa tua competência
de me fazeres sempre queixas
que não quero ouvir,
tão pouco ver.
Liquidificas-me com os teus reparos.
Quando o que preciso é de aparos
e de escrever.

EM - JOGOS DE ÁGUA SERENA - MARIA FÁTIMA SOARES - LUA DE MARFIM

sábado, 4 de janeiro de 2014

Gosto de... - FERNANDO JORGE BENEVIDES

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELO AUTOR

Gosto de
gostar-te

Gosto
de sonhar...
de ser
um sonhador
um romântico
incurável

Gosto
de aromas suaves
em que os cheiros
fiquem no ar

Gosto
do beijo saído
dos lábios teus
de rompante
sensual atraído
aos lábios meus...

Gosto
que me ocupes
o tempo
me ocupes
o coração
me ocupes
o pensamento

Gosto
de sentir
que mais nada
existe
quando estou
contigo

Gosto de
gostar-te

EM - O GESTO E O OLHAR - FERNANDO JORGE BENEVIDES - EDIÇÕES OZ

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Ousemos - CARLOS TEIXEIRA PINTO

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELA EDITORA

Ouso dizer-te que "sem querer" te amo
ouso dizer que é teu nome que chamo
quando a noite impostora não se vai embora
ousa dizer de teus olhos fugitivos
ousa amar como se ama nos livros
e eu escrevo um contigo, pela vida fora...

EM - DE AMOR E POESIA - CARLOS TEIXEIRA PINTO - UNIVERSUS

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Ausência - MARIETE LISBOA GUERRA

Recordo-te na névoa dos dias
na aurora cinza da lágrima
ensopados por outras
passadas

Alívio a brancura dos olhos
por esquinas e cafés,
os meus dedos esfolados
passos vãos, desencontrados

Estás tão perto,
estendo o coração e a pontinha toca-te

Sinto-te tão longe e estás perto

EM - LÓTUS JASMIN LADO A LADO - MARIETE LISBOA GUERRA - EDIÇÕES OZ

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Lembrando Dom Dinis - VÍTOR CINTRA

Gastando o tempo na governação,
engrandeceu a sua realeza.
Do seu reino fez uma lição.
Foi ele o pai da língua portuguesa.

Poeta grande, até no seu saber
tornar-se exímio como trovador,
compôs "canções de escárnio e mal dizer",
"canções de amigo", e "canções de amor".

Mas, ao criar a Universidade,
deu ao futuro a oportunidade
de na ciência ter o bem maior.

Mostrou o tempo que soube reinar
quer p'la vontade, grande, de educar
quer p'lo engenho como "Lavrador".

EM - NAS MARGENS DO ESQUECIMENTO - VÍTOR CINTRA - LUA DE MARFIM