sábado, 31 de agosto de 2024

Sempre - Mario Quintana


Jamais se saberá com que meticuloso cuidado
Veio o Todo e apagou o vestígio de Tudo
E
Quando nem mais suspiros havia
Ele surgiu de um salto
Vendendo súbitos espanadores de todas as cores!

EM - ANTOLOGIA POÉTICA - MARIO QUINTANA - ALFAGUARA

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Quase... os sonhos - António Soares Ferreira

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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O menino nasceu ontem. 
Que gracinha, o menino ontem sorriu para mim. 
O menino já tem um dentinho desde ontem. 
Foi ontem que o menino começou a gatinhar. 
O menino tem quatro dentinhos, o último apareceu ontem. 
Ontem foi um dia especial, o menino já anda. 
O menino foi para a creche, foi ontem. 
Ontem o menino sonhou ser bombeiro. 
Ontem o menino quis ser jogador de futebol. 
Ontem o menino sonhou ser músico 
O menino sempre sonhou ser jogador do Benfica. 
O menino queria ser treinador. 
O menino tinha muitos sonhos… 
O menino cresceu e os sonhos não se concretizavam 
O menino um dia foi pai. 
O menino plantou uma árvore. 
O menino quis um dia ser poeta. 
O menino envelheceu e já não sonha… 
O menino velho já não tem sonhos… 
O menino velho, amanhã… morreu.

EM - PALAVRAS QUE VOS TRAGO - ANTÓNIO SOARES FERREIRA - IN-FINITA

Se Deus quiser! - Clotilde Sampaio

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Para Aoud Id

Você quer que eu lhe esqueça e eu vou tentar.
Para tanto, eu já começo a me ajudar
Suportando esta saudade e este sofrer,
Castigando este desejo de lhe ver,
Sufocando esta vontade de chorar,
Maldizendo esta ansiedade de lhe amar,
Rejeitando o dom sublime de viver,
Sem poder me dar ao luxo de morrer
A presença horrenda desta solidão.

Você quer que eu lhe esqueça e eu vou fingir
A mim mesma que já deixei de sentir
A doidice de querer lhe procurar
Para ouvir sua voz e para lhe implorar
Que você volte de novo para mim
Devolvendo a paz que carregou de mim.

Você quer que eu lhe esqueça
E hei de fazer que seja assim
Mesmo que a última esperança
Hoje se vá toda de mim.

Você quer que eu lhe esqueça
E hei de esquecer, se Deus quiser,
Pois se o querer vira Poder
Coisa qualquer volta à Mulher.

EM - A INFINITA CLÔ - CLOTILDE SAMPAIO - IN-FINITA

quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Dócil forma de viver - Fernando Silva

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Acende-se a candeia já é tarde
Lá fora os candeeiros já dão luz

O olhar de minha mãe
Entrou pela janela
Deu luz à minha vida
Horizontes mais além
Pintados numa aguarela
Numa paixão tão sentida

Adorava a sua terra
Dos ribeiros à serra
Tanto lugar de encanto
Seus filhos o tesouro
A família era ouro
Amava qualquer recanto

O olhar de minha mãe
Traz alegria também
Dócil forma de viver
Brota enorme ternura
Olhar de formosura
Lindo olhar desejo obter

EM - SUBLIME OLHAR DE MÃE - FERNANDO SILVA - IN-FINITA

Escrevi um poema - Elizabete Dente

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Escrevi um poema, para dar à mãe, 
E ela pôde ver que lhe quero bem. 

Pintei um avental, para dar ao pai, 
E ele gostou e logo o colocou, 
Para ajudar a mãe. 

Fiz um crachá, para o meu irmão, 
Colocou-o ao peito, junto ao coração. 

Arranjei uma medalha, para dar ao meu cão, 
E o avô ri-se, no seu cadeirão.

EM - JANELA DA MINHA ESCOLA - ELIZABETE DENTE - IN-FINITA

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

As palavras me saem frias, ingratas - Ana Acto

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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As palavras me saem frias, ingratas
Sem gosto, cheiro ou cor
Escritas, jorradas ao acaso
Como se tivessem esvaziado a alma de sua essência

A inspiração cansou-se de ser ignorada, desprezada
E partindo me amaldiçoou
Momentos passam a horas, dias, meses

Palavras. as forço
E revoltadas em submissão se conjugam inférteis
Meramente alinhadas
Desprovidas de sentimento
Suadas, a desfavor

Tempo demais talvez
Ou talvez ao tentar sentir o mundo
Me tenha esquecido
De me sentir a mim 

EM - MALDITA - ANA ACTO - IN-FINITA

Ao longo das falésias - Tito Lívio Lisboa

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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ao longo das falésias, rente mar
rebenta com rotundas entrepresas
dois jovens cujos sexos luzem à
maneira de relâmpagos,

altezas em vezos de rilhar a luz, reinar
entre lençóis de luas e outras presas
seguir em surriadas, correntezas
às pamparras dos mastros, a brilhar

a brilhar, a brilhar...alargam fendas
e alçam exaltações de rosas, fontes
que são feitas de bronze como as lendas

jovens...a circular no ar de lírios
como se fossem breves horizontes
onde se rasgam multidões de círios

EM - 7 JANELAS PARA O TRANSITÓRIO - TITO LÍVIO LISBOA - IN-FINITA

terça-feira, 27 de agosto de 2024

Me insinuo - Renata Lima

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Me insinuo para a alegria,
Todas as horas do meu dia.
Quero seduzir a vida e namorar com ela.
Exaustivamente!
Vida, se apaixone por mim!
A cada instante, te ofereço meu corpo-templo
Onde tem um coração-diamante.
Pulsante!
Sedento,
Gotejante!
Vida, não me deixe secante!

EM - QUE SEJA MAIS - RENATA LIMA - IN-FINITA

MC's (excerto) - Desafinador de palavras

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Chamam-lhes
Agressivos, violentos, vadios, malcriados
Marciais, desordeiros, dia a dia treinados
Utilizam, improvisam, seguranças privados
Gangues das rimas, cospem recados

Pintam paredes, tatuados, marcados
Tinta preta da china, pela vida desenhados
Pircings trespassam os corpos marcados
Pentes, com cinco dentes, afiados, apontados

Um mundo que teima ser padrasto e madrasto
Que lhes rouba o futuro, o presente e o passado
Anestesia sem efeito, por estar sempre atento
Muda a cassete, eu não sou só violento

Ouve as minhas rimas, os beats lançados
Sem preconceitos ou juízos, preconcebidos limitados
Tenta ver o mundo de que estás rodeado
Dos grilhões da mente serás libertado

EM - VIAGEM - FRANCISCO MCM FAUSTINO (DESAFINADOR DE PALAVRAS) - IN-FINITA

O encontro - Elizabete Nascimento

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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A poesia, 
Não tem hora certa. 
É vulgar, faz-se oferta. 

Talvez, 
em flor, a poesia, 
veste-se de arco-íris e vadiagens. 

Na quebra do silêncio branco, 
a poesia, sofre arritmia cardíaca. 

Dá-se o encontro: frenesi e êxtase. 
Mortes! 
E, a poesia ali, cor carmim.

EM - GRANADA - ELIZABETE NASCIMENTO - IN-FINITA

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

As nossas torres - Pedro Miguel Santos

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Das vagas marítimas,
erguem-se ao longe duas torres!
Aprisionados estão quem la habita…
Distante, triste,
e com coração de batimento lento…
Longe está o amor deste prisioneiro,
do tempo que não é tempo,
ele, a eternidade do seu esquecimento…
A cada momento, na passagem de cada lua,
seu semblante envelhece,
suas articulações secam...
Na aragem do mar, nesta torre longínqua,
longe do amor, o lento definhar,
de um ser, que se esqueceu de amar...

EM - APÓS A ATLÂNTIDA - PEDRO MIGUEL SANTOS - IN-FINITA

Val de Lágrimas - JackMichel

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Num val de lágrimas o poeta sentou
e em seu morto amor pôs-se a pensar... 
Na certeza de nunca mais o encontrar, 
mergulhou a face entre as mãos
e chorou todo o pranto puro que havia 
opresso em seu peito escuro.

EM - PETIT - JACKMICHEL - IN-FINITA

domingo, 25 de agosto de 2024

Cobarde - António Soares Ferreira

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Tu, cobarde, 
que bates numa mulher, 
enfrenta o homem que é homem, 
se és homem. 
Tu, cobarde, 
que bates numa mulher, 
e te escondes como um rato, 
igual a um farrapo, 
não passas de um traste. 
Tu, cobarde, 
que bates numa mulher, 
lembra quem te pariu 
e logo sorriu 
quando olhou para ti. 
Tu, cobarde, 
que bates numa mulher, 
olha aquela que é mãe 
dos filhos que tens 
e te hão-de julgar 
a ti, cobarde.

EM - PALAVRAS QUE VOS TRAGO - ANTÓNIO SOARES FERREIRA - IN-FINITA

Não sei, não sei - Clotilde Sampaio

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Para Aoud Id

Quantas canções vão nascer
Deste pranto que eu choro?
Quantas canções vão surgir
Dos “ais” da minha dor?
Quantas canções cantarão,
Quantas canções chorarão
A cada vez que eu amar,
Cada vez que eu me enganar?
Não sei, não sei
Não sei, não sei
Não sei, não sei
Não sei, não sei...

Quantas canções vão vibrar
Cada vez que eu me acabar?
A cada vez que eu perder,
A cada vez que eu sofrer...
Quantas canções vão viver
A cada vez que eu morrer,
A cada deslize meu,
A cada desprezo teu.

Como é que eu vou saber
Se não sou advinha?
Como é que eu vou saber
Tudo o que ainda irei cantar?
Como é que eu vou saber
Se só aprendi amar?
Como é que eu vou saber
Se o amar
Só me ensinou
A amar.

EM - A INFINITA CLÔ - CLOTILDE SAMPAIO - IN-FINITA

sábado, 24 de agosto de 2024

Nasci poeta - Fernando Silva

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Minha mãe nasci poeta
Trago versos no meu peito
Poemas na Minh‘alma
Amar a palavra certa
Tu meu amor-perfeito
Teu coração m’acalma

Meu berço são as palavras
Teus carinhos felicidade
A rimar de coração
Usei palavras sábias
Uni honestidade
Com amor e gratidão

As frases são sentimentos
Estrofes são juramentos
Na sombra da ternura
A força do teu abraço
Escrevi em teu regaço
Minha mãe, minha doçura

O tempo deu-nos razão
Em cada poema que fiz
E a minha mãe dediquei
Por ti o meu coração
Bate desde muito petiz
MÃE, a mulher que amarei

EM - SUBLIME OLHAR DE MÃE - FERNANDO SILVA - IN-FINITA

Cravo onde me cravo - Vieirinha Vieira

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Cada pétala o armou
uma essência um ideal
Defesa de interesses,
puro fel… do mel.

Vermelho, branco ou rosa
Cravo no peito o sentimento
Liberdade por direito
Com uma ardorosa

Firme no meu crer
flexível no escutar
sem baixar os braços
sempre acreditar

Cada momento,
em cada lugar

muda circunstâncias
muda o olhar

E o meu eu vou cravar
Na liberdade de ser
CRAVO!
O meu ser
Deixando ao mundo
Minha essência!

EM - LIBERDADE - COLETÂNEA - IN-FINITA

Na minha escola - Elizabete Dente

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Na minha escola, há muitos meninos, 
Uns são maiores, 
Outros pequeninos! 

Na minha escola, há lá professores, 
Uns ensinam bem 
E os outros também! 

Na minha escola, há lá assistentes, 
Uns são muito atentos, 
Outros sorridentes!

EM - JANELA DA MINHA ESCOLA - ELIZABETE DENTE - IN-FINITA

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

A sede de poder envenena - Ana Acto

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A sede de poder envenena
E se entranha nas veias como uma droga
Afoga-se a inocência, os valores, os credos
Ressalta a prepotência
A ganância sem medos

Sede de abarcar o mundo
Que venha a chuva dourada
A glória, os louvores
Que se exaltem as massas!

No fim de tudo
Não são as conquistas que serão lembradas
Somente atos de amor
Palavras semeadas, abraços dados

Cegos os sequiosos à revelação
Apenas prevalece em consciência
O que entrega o coração

EM - MALDITA - ANA ACTO - IN-FINITA

Liberdade no feminino - Tita Tavares

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Será um direito do tempo
Cortar as amarras ao vento
E em seu corcel viajar?

E as armas desarmadas
De projécteis e de balas
Deixarem-se manejar
Pelo gatilho do amor?

Será liberdade, submissão ou dor?
Quem sabe? Eu não sei… não

Livre é o meu grito inaudito
Entre o confronto da caneta
E o espaço virginal da folha de papel

Livre é o pensamento carregado de sonhos
No batel do amor
Numa viagem
Sem interrupções nem interrogações

Livre é a estátua submissa à utopia
Que na fantasia
Quebra as correntes de seu próprio castelo

Liberdade é uma tatuagem de mulher
No olhar lânguido do desejo!

Liberdade é despir o fato
E ficar a nu
No primeiro acto!

EM - LIBERDADE - COLETÂNEA - IN-FINITA