quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

A cura - Maria Cabana

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A magia que deambula no interior, 
De laboriosas células escondidas 
Dão elas ao cérebro o real valor, 
Das vitórias conseguidas. 

A perfeição se envaidece, 
Leva tempo a reflectir, 
Num reconhecer que se merece, 
Em momento a surgir. 

As células aventureiras, 
Voam para lá do espaço. 
São chamadas pioneiras, 
Dando às outras um abraço. 

Abrem um tempo novo, 
De descobertas, até aí nebulosas. 
São a salvação de um povo, 
Chamam-lhe curas milagrosas.

EM - A CASA VERDE ESPERANÇA - MARIA CABANA - IN-FINITA

Olhar Interno - Alan Dornales

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Quando a luz acendeu
E os olhos abriram
Quando o corpo contempla a si mesmo
E os olhos enxergam o que está na alma
Quando o semblante triste ou alegre falar com calma
E os olhos lerem sem ter escrito palavras
Quando os pensamentos escondidos veem atona
E os olhos resolvem escondê-los
Quando a paixão proibida é sufocada
E os olhos enterram, interrompendo na calada
Quando os sorrisos escondem a ferida
E os olhos são a única saída
Quando não se tem mais opção
E os olhos se banharem de lágrimas
Quando parecer o fim da vida
E os olhos são fechados e abertos rapidamente
Para um novo ponto de partida

EM - GRITO ANÔNIMO SILENCIOSO - ALAN DORNALES - IN-FINITA

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2024

Catelapsia - Antónia Balsinha

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Do invulgar ao surreal
Histórias insólitas
Do Ser humano na terra
Não espantam eólicas
São coisas de cariz geral

Foram enterradas vivas
Pessoas julgadas mortas
Supostamente vítimas
Das catelapsias tortas
Durante vários dias

Catelapsia não mata
Incomoda muita gente
Parecendo estátua
Com a vida permanente
Fica imobilizada

Pode durar muitos dias
Vítima desse ataque
Não perdendo sentidos
Recupera com destaque
Passando noites sombrias

Gente viva confundida
Como mortas enterradas
Família desespera
Surto não rouba a vida
Estava desacordada

Morta acorda fechada
E tenta salvar a vida
Gritando bate no caixão
Desiste está perdida
Foi mesmo sepultada

EM - A POESIA CORRE MUNDO - ANTÓNIA BALSINHA - IN-FINITA

Encontro - Andreia Sofia Vale

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Um dia combinado
Um passeio contigo amado,
A paisagem era o Mar,
Chegamos ao lugar onde almoçar,
O som das ondas a rebentar,
Tudo parecia um sonho, não a realidade,
Dois “namorados” a matar,
A imensa, longa espera
A reviver a saudade
Quando te vi, toda eu tremia,
Meu tom de voz elevou-se
Meu coração bateu mais forte
Queria correr para ti,
Quando te aproximaste, evaporou-se
Todo o medo, foi pura sorte
O meu olhar queimou-se.
Deixas te amargura
Mas eu estou aqui,
Com força de uma guerreira
Para dar a volta com energia,
Imagino, foi uma nuvem passageira
Que tentou tirar a alegria,
De sorrir com emoção
Libertar a magoa
Que se alojou neste coração.

EM - SENTIMENTOS DE POESIA - ANDREIA SOFIA VALE - IN-FINITA

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

IV - Gustavo Santos (14 anos)

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A lua. Tão bonita
Ilumina a noite como se
fosse o dia.
Parada lá em cima
Dando luz à escuridão
Tão charmosa que está
Sendo minha paixão.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Onde Escapo? - Sílvia Silva

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Às vezes nem tudo é o que parece...
Falamos com alegria...
Mas com o interior em ferido...
Tenta-se estar motivado, quando só se quer desistir.
Para onde escapo,
Se a mente não é um lugar bonito?
E no caos me reconstruo
E nesta desarrumação me canso.

Enterre para sempre o que não me pertence...
Lá fique
Não volte a tristeza e negligência.

EM - SÍLVIA SILVA - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Pés no chão - Marilena de Castro

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pés no chão
rosto molhado de lembranças
cheguei muito velha
sem nada nas mãos
ouvindo o passado
as luzes da casa que morei apagaram

procurando o elo perdido
nos cenários que desabaram

EM - ESTÓRIAS RASGADAS - MARILENA DE CASTRO - IN-FINITA

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

III - Lara Rama (13 anos)

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A lua ergue-se na noite fria
A solidão dói como se fosse uma ferida
A madrugada é sombria
Mas nos meus braços vais estar sempre protegida

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Asas - Rosário Pedroso

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Põe uma rosa na panela, sal, um relógio
e um barco para repensares a virtude.
Deixa-a na lagoa.
As outras panelas enterra-as
junto ao loureiro.
Deixa o património com a terra.
Precisamos de leveza para ir
ao encontro dos humanos
e da sabedoria dos acantos eternos.
Multiplica-te como as aves
sente a canção do espaço
mistura-te com o tempo.

EM - PALAVRAS QUE FAZEM A DIFERENÇA - COLECTÂNEA GERÁBRIGA - IN-FINITA

domingo, 25 de fevereiro de 2024

II - Luiz Gonçalves (13 anos)

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Sou uma lua
Em uma noite fria
Sempre sozinha
Mas com muita alegria

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Entre rosas - Eli Coelho

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Fui criada entre as rosas,
Acho que até fui meio roseira,
Entre as rosas,
Entre os estercos,
Entre os chiqueiros,
Entre os galinheiros,
Entre bichos,
Entre a vida pulsante,
Entre o ferver de água quente a combater...
O terror do inseto barbeiro...
Entre o contar de histórias,
Entre o trabalhar nas eternidades de horas...
Entre as noites de lua cheia,
O apanhar de algodão,
O terror da loucura do cão...
O terror de cobras venenosas,
E o urro de onças...
O esturro de seus achaques na caça felina...
O “Saril” do poço para saciar a criação...
Tudo em prol da nutrição...
Subsistência da família e de toda a nação...
Tudo no lar,
Os pais, os irmãos, a união...
Poesia, trabalho, verso e canção...
Tudo a começar e terminar...
Entre rosas.

EM - ENTRE ROSAS, TUIUIÚS E BONECAS DE MILHO - ELI COELHO, MARCOS COELHO, MARIA ALIENDER - IN-FINITA

sábado, 24 de fevereiro de 2024

I - Jason Auxiliador (13 anos)

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A Lua é uma estrela, quantas vezes eu falei, nem imaginas como
esse sabor me interessa, as estrelas tem muito que ver
connosco, a Dança da lua deu-me alegria.
Tocou-me, às vezes, na terra!
Anda e Dança, a Alegria, dessa lua que Brilha!
A Lua é Brilhante, linda e tem mais luz do que as estrelas.
Porquê?
As Estrelas brilham daqui, e ainda, eu vi uma estrela no Mar,
que às vezes Baila e Dança
Sou o primeiro a andar na Lua.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Porta do tempo - Maria Cabana

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Guardiã da porta pesada, 
Tenho a chave, não te abri! 
Algo em ti eu escondi, 
E não te abro, por nada de nada! 

Tenho medo, só do medo, 
Que tenho de o encontrar! 
E se ao o abrir, não o fechar? 
Minha chave é meu segredo!

EM - A CASA VERDE ESPERANÇA - MARIA CABANA - IN-FINITA

Viagem - Alan Dornales

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Ansiei a noite de amor
Meu futuro estava selado
Os dentes brilharam na luz
Fui agraciado
Era à tarde na hora do chá
Tempos de invernos, garoava sorrisos
Flores lavadas na chuva
Banhadas naturalmente
Os olhos não piscavam
Hipnose
Transe
Viagem
Uma carruagem com cavalos brancos de crinas afamadas
Ferraduras de prata para combinar com seu anel de
brilhante
Viajei até a madrugada
Vagando solto e sozinho pelas calçadas
Sorrindo atoa de braços dados com o nada
Ascendi uma fogueira, conversei com uma geleira no meio
do Saara
Atravessei o deserto a nado
Antes do dia acordar, numa busca insistente na
recompensa do seu amor ser o bastante
Assim viajei naquele instante através do seu olhar

EM - GRITO ANÔNIMO SILENCIOSO - ALAN DORNALES - IN-FINITA

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Na escola - Rosário Pedroso

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Um quotidiano atlântico matiza-nos
nascem hortos nos valados da imaginação
afloram palavras feitas de lua
nas crianças que planam
enquanto os jacarandás brilham
de emoções salgadas.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Carinho - Antónia Balsinha

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Encho a minha vida de cor
Não me perco no escuro
Com imensa energia
Desenho o meu futuro

Transponho com valentia
No meio de muita gente
Investigo tudo a fundo
Sou pessoa competente

Tenho o dom da virtude
E ouro fino nas mãos
Desenvolvo qualidades
Entre os meus irmãos

Nunca fui ambiciosa
Mercúrio é meu amigo
Verdade sempre me salva
Me salva do inimigo

Fujo de gente maldosa
Seguindo o meu caminho
Descubro gente amiga
Que me dá muito carinho

Mundo é carta aberta
Entre as boas ideias
Verdade reina na terra
Plas cidades e aldeias

Num mundo cheio de guerras
Há muita persistência
Pela paz da natureza
Salva-nos a ciência

EM - A POESIA CORRE MUNDO - ANTÓNIA BALSINHA - IN-FINITA

Apenas quis! - Andreia Sofia Vale

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A escuridão súbita
De um longo prazer acabado
De um prazer alimentado,
E agora um rosto com lágrimas,
Com tristeza.
Tento esquecer tanta coisa,
Guardo no pensamento, os beijos
Que não te consegui dar.
O destino é que deve saber!
Se as tuas mãos com as minhas
Se voltarão a apertar,
E aí, não há mais nada a fazer.
Pensei que iria acontecer,
Tudo parecia verdade, mas foi ilusão
Mais uma vez desapareceu a fantasia,
Mais uma vez destruíste a Alegria,
Ficando a solidão neste coração.
Fui longe demais em meus pensamentos,
Queria repetir tais momentos,
Mas não deverão voltar a acontecer,
Nunca mais eu te vou querer ter!

EM - SENTIMENTOS DE POESIA - ANDREIA SOFIA VALE - IN-FINITA

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Eu, poeta - Vilma Machado

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Caminhar, é preciso
mesmo que tateando sonhos em um mundo
a exalar ódio, entre tantas realidades transfiguradas
pelo desejo insano de tantos loucos
a quererem abortar o mundo.
Vigiar o verbo,
enquanto soam doces os sofismas,
rastrear palavras entre as tantas dicotomias,
gritar, onde a palavra já não fala,
onde ecos são perdidos,
onde seres escorrem dores imanentes da mudez inumana.
A que contrapor-se a esta triste realidade,
seja criando asas e voando
para confrontar razões escorregadias
que dançam alucinadas entre estrelas do céu.
A que tirar do abstrato o concreto
palavras esquecidas que ainda me alucinam.
Quero talhar nas almas perdidas a releitura
deste Ser chamado humano,
pois Ser é preciso.
E quando o sermos, quem sabe
tatearemos o limiar do verdadeiro Ser.
E assim, eu, poeta,
possa quem sabe continuar
num acaso, desarrumar o tempo,
reencontrar na brisa que passa
palavras esquecidas numa noite sem estrelas
enquanto decifrava vazios.
E em paz voltar a perscrutar os ventos
em um fio da madrugada
onde em êxtase me envolverá no silêncio das tempestades.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Letras que me compõem - Sílvia Silva

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Mas será que sabemos o que cada olhar esconde?
entre o alinhar e desafiar da vida
longos compassos de espera
aliados e breves triunfos...
numa mistura de candura e caos
canvas dormente...
olhos meus...
(... lentamente, acordo!)
Inicio a minha jornada, amor próprio
as letras que me compõem e bem poderiam ser tuas.

EM - SÍLVIA SILVA - ANTOLOGIA - IN-FINITA

Sentada ao lado... - Marilena de Castro

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sentada ao lado da cama media o tamanho da noite
esperando que trouxessem meu filho
meus peitos sangraram
sinto os pés presos
em armadilhas
não ando nem para frente nem para trás
quanto mais me debato mais dói
condenada
luto até à morte
ou corto meus pés

EM - ESTÓRIAS RASGADAS - MARILENA DE CASTRO - IN-FINITA

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Dona de mim - Vera Silva

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Gosto... de me sentir assim
Livre, leve, dona de mim!
Corpo, mente e espírito
Em harmonia saudável
Sinfonia de paz no pensar, sentir, agir

Gosto...de me sentir assim
Sem amarras, limitações
E envolta pela natureza ir e vir
Livre como o vento
Feliz, dona de mim

Gosto de me sentir parte do TODO
Esse todo que é Deus
Eu estou nele, Ele está em mim
Gosto de louvar o Senhor
Criador de todas as coisas
Do universo sem fim
Da flora, fauna, mãe terra
Mar, ar, luar, enfim.

GOSTO de tudo que faz a vida pulsar em mim
A fé que me guia, fortalece e inspira
A aprendizados novos e descobertas vislubrar
Lugares sonhados conhecer, belezas explorar
E continuar florescendo sempre, dona de mim!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Vinte e um de fevereiro!! - Rosa Sampaio

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Quatro horas da tarde, estava a ouvir na Rádio
Simplesmente Maria,
Grávida de 9 meses, nada sentia!!
Nem sequer imaginava que seria este o dia!!
Na Rua Triana, por cima da loja onde vivia...
A porta ao lado sempre aberta...
Ouvi gritar a subir a escada... Quem seria?
A Esmeraldina? A cigana mais carismática que por ali estava alerta?
Não, era a Dona Dina, a parteira alegre e simpática,
que por Alenquer e arredores muitos partos fazia.
Poi-te a jeito dizia.!!
Na barriga uma injeção e começa a dilatação.
Vinte minutos somente e chega a cara de gente.
Um menino desejado, que há muito já era amado.
Na rua o Sarano já bêbado gritava!! Esta é minha!!
E eu pensava... e este é meu!!
O meu Ruizinho!!
Uma bênção que Deus me deu.

EM - PALAVRAS QUE FAZEM A DIFERENÇA - COLECTÂNEA GERÁBRIGA - IN-FINITA

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Eu assumo… - Vallda

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Eu assumo que nas vísceras me adentram
campos de concentração e palcos.
(Palcos porque me batem palmas…)
Eu assumo ser metade uma,
Metade outra:
Uma de mim, é perfeita
A outra destila defeitos genéticos…
Eu assumo que o meu teto é cheio de máculas
O chão de fendas;
Paredes vítreas;
Janelas opacas…
Só não posso assumir o que tanto argumentam
Se meu semi-cadáver está inerte
Coagula sangue;
Salienta veias;
Fricciona olhares;
Filtra pontos negros
E sempre em silêncio…
Nos campos de concentração
Guardo apenas e só
Pérfidas fobias de inutilizar os inimigos
Porque uma de mim, a taciturna
Vive entre uma espada que degola
E uma parede que veta
Todo o meu líbito de “alforriar” a verdade.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA

Balaios - Eli Coelho

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No sítio a vida se compõe por balaios...
Ali os balaios são portadores de coisas boas...
Descartes que são úteis vão a novos destinos...
A vida humana também é assim...
No lombo do burro ou do cavalo...
A vida não para o movimento...
O sitio desperta antes do galo...
Às vezes, no sitio nem se dorme...
O perigo do urro da pantera...
O chocalho do guizo da serpente...
O uivo do cachorro louco e babento...
A vida sob o rabo do tatu ou a galha do marmelo...
O psicólogo hostil atrás da porta de madeira,
Um detalhe bem descrito
A educação exige-se desde o berço até a maturidade...
A coruja buraqueira cuida sua toca,
Cada um faz a sua parte...
O lenho quente e o chão batido limpo com cinzas...
A velha vassoura de mato...
Sinto o cheiro da roça...
O perigo do roçado...
O velho cesto, os nossos balaios...
A cangalha...
O colchão sofisticado feito de palha de milho,
O travesseiro de taboa,
Tudo bem arranjado e simples...
A vida iluminada a lamparina...
No balaio da vida,
Carrego as boas lembranças...
Da vida simples e cheia de esperanças...

EM - ENTRE ROSAS, TUIUIÚS E BONECAS DE MILHO - ELI COELHO, MARCOS COELHO, MARIA ALIENDER - IN-FINITA

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

Não esperes de mim - Teresa Condeço Ferreira

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Não esperes de mim hipérboles, metáforas ou alegorias.
A minha gramática é crua como a carcaça exposta 
aos elementos depois de saciar as hienas.
A minha escrita resulta dos oximoros da vida, segue os
disfemismos que tu desdéns.

Não esperes de mim um manancial de palavras largas, 
inusitadas ou redondas.
O meu vocabulário é limitado e disponho de poucas 
tentativas para acomodar os meus pensamentos.
A minha escrita resulta de combinações toscas de palavras 
simples sobre o sofrimento humano.

Não esperes de mim sinónimos eloquentes, analogias 
preciosas que te levem a sonhar com o que não podes ter.
Os meus textos são folhas secas, fumo negro, espelhos da 
realidade que te faz sofrer.
A minha escrita resulta da expansão melancólica das 
minhas meditações sobre o impermanente e o inefável.

Não esperes de mim que espere muito de tudo.
A minha escrita é a propósito de nada… resulta sabe-se lá do quê…

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS VIII - COLECTÂNEA - IN-FINITA