LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELO AUTOR
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De tudo que sobrou os restos dos restos
estão aqui
Por sobre a mesa como um tanto de
qualquer coisa
Farelos de pão, restos de comida
fria, restos de bebida no copo
Os restos destes restos nestas
moscas e neste cão faminto e nesta casa e nestes escombros em carne e osso
O final neste final tão sem sentido
como estas palavras frias e cambaleantes
O final nestes corpos cansados em
final de noite
Neste silêncio de quem morre por
motivo ignorado
Neste jeito de ócio no cheiro de
gordura de uma panela secular
Neste desejo de matar o que quer que
seja por motivo ignorado
Nesta sede inexplicável no deserto
inóspito de uma alma atormentada.
De tudo que sobrou os restos dos
restos estão aqui
Como uma saga maldita que se arrasta
por anos a fio
Quando sinto esta ânsia de vômito
naquele odor de desinfetante de cozinha
Naquele nada adiposo que esbravejava
como um cão sem dono
Em alguém que tinha o hábito de ir
de um cômodo a outro a contar as horas de seu exílio
No tal relógio preciso na angústia
de tardes inteiras em perpétuo abandono
Nestes restos, neste ponto final na
mobília empoeirada e no mofo das paredes vazias
Nestes restos dos restos dos restos
e nada mais
Dos restos e de tudo que sobrou e
que está aqui
No registro deste veneno ordinário
que peleja em minhas veias
Neste mal qualquer enraizado em meus
dias de extrema sevícia
EM - POEMAS ESCUROS - JOÃO AYRES - ARMAZÉM DE QUINQUILHARIAS E UTOPIAS
Ou seja: Retalhos de restos que são restos em retalhos
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Deixo cordiais cumprimentos
.
Grato pela visita comentada...
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