quinta-feira, 2 de maio de 2013

17 - JORGE VICENTE

lá longe, uma cidade de barro
é apenas uma outra cidade -
cidade sem portas e janelas,
postigos de madeira que desalmam
a carícia dos homens sem corpo.
 
nada vive nos homens que não
seja escrito pelo cordão matricial
da carne - a vida é apenas o
ajuntamento dos pássaros na cidade
brança, com homens de barro a dormir
e a jurar solenemente pelo deus das
flores.
 
o teu sorriso é todo o meu alentejo
e a tua voz de barro é apenas minha
- a saliva de pele a crescer no
trabalho ancestral do oleiro.
 
EM - HIEROFANIA DOS DEDOS - JORGE VICENTE - TEMAS ORIGINAIS

3 comentários:

  1. Meu amigo,

    muito obrigado por esta lembrança!

    Forte abraço!
    Jorge

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    Respostas
    1. É para divulgar poesia que este blogue existe.
      Abraço

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  2. Reporta-me ao carácter frágil e perene da condição humana. Gostei do aspecto formal.
    <grata.

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