sábado, 18 de dezembro de 2010

A ilha do arcanjo - NATÁLIA CORREIA


Eu vos direi da ilha que na dorna
do Arcanjo é eterna em chão escasso.
Fulva de gado ao dia. À noite, morna.
Embebida no verde. E o mar colaço.

Ilhado alumbramento em templo torna
a unção de contemplar. Um ténue traço
de garça entre água e céu. A paz encorna
em lagoa e lavoura o tempo e o espaço.

Tanto silêncio confiado à luz!
Treme um nenúfar se um trilo tremeluz.
Caiam o sol de azul os agapantos.

Na cevadeira a broa luminosa,
romeiros nos persignam com uma rosa.
Suas rezas joeiram pombos santos.

in... Poesia completa - NATÁLIA CORREIA - Dom Quixote

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