domingo, 2 de março de 2025

Orga(ni)smo - Gilsa da Rocha Magri

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Saibam mais do projecto Conexões Atlânticas neste link
Conheçam a IN-FINITA neste link

O gostoso de ser feita
de poeira de estrela
é poder flutuar quando te vejo
juntando cada partícula
do meu corpo nada celestial
no infinito
para explodir novamente
por quantas vezes me tocar
enquanto lá no céu
da boca do estômago
pontas de gozo perfuram
paredes de minha alma
confusa de dor e prazer
rasgar o tempo
num voo rabisco
uivando com a força ancestral
de todos o seres
que habitaram esse mundo.

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IX - COLETÂNEA - IN-FINITA

Ah, se eu fosse Capitu... (excerto) - Cleusa Piovesan

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Saibam mais do projecto Mulherio das Letras Portugal neste link
Conheçam a IN-FINITA neste link

Se eu fosse Capitu...
Teria atraído o jovem Bentinho
A uma ilha longínqua e deserta
Desprendido da carolice da mãe
Dos cruéis ardis de José Dias
E ele me veria bela e inocente
Sem olhos de “cigana oblíqua”
Só o olharia dissimuladamente

Se eu fosse Capitu...
Eu teria “olhos de ressaca”
De passar as noites acordada
Enrolada numa rede com Bentinho
Aconchegada em seu abraço
Contaríamos estrelas ao luar
Com o mar murmurando desejos
Sem o olhar da inveja a nos mirar

Se eu fosse Capitu...
Eu cantaria como uma sereia
Faria amor com ele debaixo d'água
Falaríamos apenas com os olhos
Ele sucumbiria aos meus encantos
Enroscado em meus cabelos
Nossas bocas se procurando
Saciando todos os apelos

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL - COLETÂNEA - IN-FINITA

sábado, 1 de março de 2025

Decrépita fechadura - Fernando Silva

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Saibam mais do projecto Conexões Atlânticas neste link
Conheçam a IN-FINITA neste link

Decrépita fechadura que tanto te prende
Como grilhetas intransponíveis do Castelo
A grande vontade que em ti se expande
Na diáspora vertente de como protegê-lo

A noite chora lágrima sentidas de pranto
Ouvem sombras garridas da madrugada
O Monge protege a vida com seu manto
A Haia chora convulsa e desesperada

O Rei partiu para bem longe foi caçar
Levou consigo imprescindíveis aliados
O poeta dedicou a poesia ao verbo amar
Redigiu poemas para a realeza revigorados

Uma chave velha compunha esse mote
Dum conto de fadas deveras antiquíssimo
Trovador desenhava habilmente sua sorte
Desejando que a Rainha fosse no realismo

Ao encontro da mais subtil e dócil poesia
Escreveu na chave do cinto de castidade
Cortejou a Rainha com enorme mestria
Ofereceu-lhe a mais ditosa liberdade

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IX - COLETÂNEA - IN-FINITA