LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR IN-FINITA
a ave pousa suavemente
sobre o mourão fincado na areia
tudo é silêncio
penas em desalinho
desafiam o vento e o sereno
e a ave contempla o horizonte perdido
como quem fita solitário o vão destino
e esse tormento
no canto noturno
há um lamento
que embala o barco distante e perdido
lá no mar ou na imensidão do firmamento
nessa lamúria e infindável espera
o curiango triste anuncia o canto
como quem diz adeus na despedida
“amanhã eu vou”
“amanhã eu vou”
como se pudesse desafiar o lumiar do céu
e sua sina
por um descuido ignora as asas
e mantém os pés firmes
fincados na madeira inerte
surpreso e em devaneio
ouve atentamente o próprio eco
e como quem se alimenta de esperança
engana a si mesmo
acreditando ouvir o grito
que o encanta e o conforta
“amanhã eu volto”
“amanhã eu volto”
e todo silêncio se desfaz
EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA
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