segunda-feira, 22 de junho de 2020

O meu erro foi amar-te - ELISABETE PINHO e JOÃO DORDIO


LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Desespero por notícias, como um condenado desespera
pela liberdade.
Ouço-te onde não estás, vejo-te onde nunca estiveste.
No peito, um grito mudo que luta por se fazer ouvir,
na lembrança a tua imagem que tento refutar e que, teimosamente,
se recusa a sair.
Estás entranhado em mim desde aquele dia em que me fizeste tua!
Desde aquele dia, em que, erradamente, pensei que eras meu!
Na penumbra do meu quarto, na brancura dos lençóis que
manchámos com o nosso amor,
olho para o vazio da noite e espero por um sinal teu.

Maldito sinal que não chega!
Maldita dor que não me larga!
Maldito amor que me cega! E me faz errar!
Erro porque te amo e erro porque ainda te quero amar...

Desespero por notícias tuas porque me condenei à tua presença!
Ouço-te quando falo sozinha, vejo-te no meu próprio reflexo!
Entraste e ficaste. No batimento do próprio coração cujo eco...
também és tu!
E eu, ingénua... acreditei em tudo...
E eu, iludida... acreditei em ti...
Os lençóis da nossa cama ainda cheiram a ti! Sim, da nossa cama,
porque será sempre a nossa cama!
Dias e noites que passam sem que voltes...
Sem que voltes porque apesar de tudo, apesar de não te ter
escolhido para amar,
continuo cega e condenada a amar-te eternamente!

Apesar desta sentença a que me condenaste: ser tua eternamente,
Já não desespero por notícias tuas! Habituei à tua ausência!
Àquela que me impuseste quando ainda dividíamos o mesmo teto.
Àquela a que me habituaste quando me abraçavas...
Quando me beijavas, quando me mentias e dizias que eras meu!
Apesar desta dor que ainda sinto,
apesar desta dor que me tem alimentado os dias e as noites...
Já não desespero por notícias tuas!

No espelho ficou apenas o teu reflexo;
No eco do meu coração ficou apenas o meu batimento;
Nos nossos lençóis apenas o teu cheiro;
Na nossa cama apenas o teu lugar.
E o maldito sinal que nunca chegou!
E a maldita dor nunca me largou!
E este maldito amor cegou-me e nunca mais me fez acertar
nem a mente nem o coração...
Continuo a errar pelo amor que ainda te tenho e por tudo
o que gostaria de fazer contigo.
E nesta ou noutra vida sei que o irei fazer...

EM - DUETOS DORDIANOS - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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