LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Saibam do autor neste link
Conheçam a In-Finita neste link
Na pequena esplanada, sala de fumo possível,
indiferentes ao frio húmido da noite
misturam-se os clientes costumeiros
contam-se histórias com cunho de realidade
na voz do António sempre pronto a recordar
memórias das aventuras por terras de África
em missão nos tempos de guerra colonial,
a Nhanga, a Izaina, e quem sabe outras mais.
Outro António, companheiro de conversa,
atento observador ao que dizem em redor
e homem de verbo fácil das lides teatrais,
em astuto sentido de humor vai cortando
o verbo ao narrador sublinhando com graça
e sempre pronto para uma oportuna chalaça
no acutilante jeito de quem não esqueceu
a sátira da escrita para peças revisteiras.
A Maria, vizinha ocasionalmente passageira
que sempre dá dois dedos mais à conversa,
detém por momentos a passada e deleita-se
em sucessivas pequenas gargalhadas
com as histórias que se vão desfiando
ou com as que o vizinho Vítor já traz
como bom incendiário de qualquer conversa
no peculiar jeito de acicatador mordaz.
Acabado mais um dia de trabalho em vão,
o prato de sopa e a patanisca na adega da rua
são parco mas precioso jantar ocasional
a que se seguem momentos de convívio social
no café ao virar da esquina e o saborear da italiana
com a chávena escaldada a preceito
logo secundada de umas quantas fumaças
que os pulmões enfermos não agradecem.
A hora avança e o dono do café,
bem-disposto sempre e bom rapaz,
dá-nos guarida e lá estende o horário
enquanto dá também o ar da sua graça,
até que a vizinhança vai recolhendo
à medida que o tempo passa,
e assim termina a rotina de mais um dia
em que por acaso trabalhei de graça...
EM - VERSOS COM REVERSOS - CELSO CORDEIRO - IN-FINITA
Sem comentários:
Enviar um comentário