sexta-feira, 28 de junho de 2019

I - MARIA TERESA DIAS FURTADO

O Poeta rasga as mãos nas palavras
Para que o sangue flua até outras chagas.
Sangue, vida; sangue, morte...
Nada disso importa ao poeta
Que quer que a respiração
Sempre idêntica e nova do amor
Seja a corrente e a passagem
O silencioso rumor dos dias
E das noites.
Que vida é essa
A que ele quer chegar?
Porque não lhe basta
Estar bem e ter muitos amigos?
Este jovem poeta
Lança-se para a totalidade
Não divide carne e espírito
Não deixa nada ao acaso
E até as pedras são pegadas do seu caminho.
Esse caminho não está em nenhum mapa,
É ele que o rasga com o sangue das suas
Palavras, generosamente.

EM - ONDE O POETA MORA - MARIA TERESA DIAS FURTADO - POÉTICA EDIÇÕES

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