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Meu avô gostava de cravos
assim ao menos minha mãe dizia,
e voltávamos da feira com um cravo vermelho
que eu escolhia numa lata
e o moço enrolava numa folha branca grossa.
Quando o meu avô morreu eu tinha seis anos
e talvez tenha imaginado
essa história de cravos e feira,
mas lembro do rangido de seus chinelos
e das marcas de suas mãos nos móveis.
Tenho pensado no meu avô.
Acho que de tanto ouvir a palavra estrangeiro.
Ele não era, não queria ser,
embora fosse ligado de sangue e alma ao país que nasceu.
Minha avó contava que ele gostava de subir de bondinho
o Corcovado
e levava minha mãe com ele.
Essa história é só porque vi um cravo
vermelho
como os que ele gostava.
EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS III - ANTOLOGIA - IN-FINITA
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