LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO PELO AUTOR
Sempre que a luz se esvai,O negro cobre qualquer lugar
E das brumas o medo sai,
Propagando o seu uivar!
O medo mora ao virar da esquina,
Que se esconde na falésia,
Perseguindo uma varina,
Que foge a sete pés da miséria!
Vendendo a alma ao Diabo,
Por três escudos desvalorizados,
Troca a canastra por um nabo
E um naco de carne aos bocados!
Depois, apressada põe-se a andar,
Já com meia sopa conseguida,
Para a fome poder ir matar,
Aos seus meninos de seguida!
Ao caminhar descalça no labirinto,
Dessa calçada polida pelo sofrimento,
Depara-se com alguém faminto,
Que lhe implora um alimento!
Um bocado de pão para a boca,
Que há muito que não come,
Treme seu corpo, e de voz rouca,
Anda, vou-te matar a fome!
Vem comigo, dá-me a tua mão!
É o mínimo que te posso fazer!
Em minha casa te aqueço o coração,
Da minha panela vais comer!
Coberto de neve, vento e frio,
Um corpo tremido, suspirou,
Da angústia e solidão se despiu
E à solidariedade se abraçou!
Fora na véspera de Natal,
Poderia ser outro dia qualquer...
Porque há neste mundo afinal,
Sempre quem não tenha de comer!
EM - BALADA DA LIBERDADE - MIGUEL BEIRÃO - ED. AUTOR
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