sábado, 26 de outubro de 2013

A miséria - VIRGÍLIO CARNEIRO

Como me lembro dos teus olhos tristes.
Negros, tão negros, mais tristes parecem
Nesse teu rosto onde os raios fenecem
Envergonhados tão só porque existes!

Assim marcada p'la vida madrasta
E de cabelos grisalhos, sem brio...
oh! Dura sorte num mundo tão frio
Onde a vontade é gritar : homens, basta!

E quando estendes a mão cai a lágrima,
Gota de um rio perdida no vento
Da tempestade duma alma exânime.

Mas que justiça a dos homens, meu Deus,
Toda enredada em int'resses banais,
que apaga tantos olhos como os teus!

EM - SONETOS SEM CHAVE E OUTRAS MÁGOAS - VIRGÍLIO CARNEIRO - EDITORIAL NOVEMBRO

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