segunda-feira, 8 de julho de 2013

Poema - ANTÓNIO MEGA FERREIRA

Uma nota só, de desordem persistente,
a vibrar no abismo das coisas,
no mapa dos delitos;
acarinhando o pequeno remorso precioso
dos fins por atingir;
dobrando o tempo numa curvatura baixa
que cinge os tornozelos
da fugidia esfinge;
uma nota só, de correcção insidiosa,
na dádiva natural do tempo já vivido,
de dor aflitiva pela palidez das coisas
e o seu nome por dizer.

Falando sempre, sempre lamentando
o que ficou por dizer.

EM - O TEMPO QUE NOS CABE - ANTÓNIO MEGA FERREIRA - ASSÍRIO & ALVIM

1 comentário:

  1. Uma nota só, entoando uma nota só num belo poema chamado Poema.
    E as coisa por dizer? Faz-me lembrar outro Poema de outro autor.
    Os poetas, por vezes comunicam , pela quarta dimensão.

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