Uma nota só, de desordem persistente,
a vibrar no abismo das coisas,
no mapa dos delitos;
acarinhando o pequeno remorso precioso
dos fins por atingir;
dobrando o tempo numa curvatura baixa
que cinge os tornozelos
da fugidia esfinge;
uma nota só, de correcção insidiosa,
na dádiva natural do tempo já vivido,
de dor aflitiva pela palidez das coisas
e o seu nome por dizer.
Falando sempre, sempre lamentando
o que ficou por dizer.
EM - O TEMPO QUE NOS CABE - ANTÓNIO MEGA FERREIRA - ASSÍRIO & ALVIM
Uma nota só, entoando uma nota só num belo poema chamado Poema.
ResponderEliminarE as coisa por dizer? Faz-me lembrar outro Poema de outro autor.
Os poetas, por vezes comunicam , pela quarta dimensão.