quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Tantas mortes que nem sei - JOSÉ JORGE LETRIA

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Já morri em tantas mortes que nem sei
como tenho ainda cara para aparecer
a mim próprio com fingimentos
de assombro, eu que perco todos os dias
as chaves de vidro com que me abro
e fecho por dentro, tão bem fechado
que esqueço até a liberdade mínima
de um grito ou de uma queixa,
a inocência branca de uma pétala
à deriva no mar morno dos teus lábios.

EM - POESIA ESCOLHIDA - JOSÉ JORGE LETRIA - IUC

1 comentário:

  1. O Poeta realça um certo desalento, no momento que atravessa. Será fruto do desencanto vivido, da fase crepuscular da vida própria. Sendo pela última razão, terá que se conformar. A fase põe a descoberto as fragilidades do corpo, não o poupa, e então parte-se para a resignação com serenidade.
    Um belo poema Grata.

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