terça-feira, 17 de abril de 2012

1. - ANTÓNIO FERREIRA

Livro, se luz desejas, mal te enganas.
Quanto melhor será dentro em teu muro
quieto, e humilde, estar, inda que escuro,
onde ninguém t'impece, a ninguém danas!

Sujeitas sempre ao tempo obras humanas
coa novidade aprazem; logo em duro
ódio e desprezo ficam: ama o seguro
silêncio, fuge o povo, e mãos profanas.

Ah! não te posso ter! deixa ir comprindo
primeiro tua idade; quem te move
te defenda do tempo, e dos danos.

Dirás que a pesar meu fostes fugindo,
reinando Sebastião, Rei de quatro anos:
ano cinquenta e sete: eu vinte e nove.

IN - CASTRO E POEMAS LUSITANOS - ANTÓNIO FERREIRA - VERBO

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