Livro, se luz desejas, mal te enganas.
Quanto melhor será dentro em teu muro
quieto, e humilde, estar, inda que escuro,
onde ninguém t'impece, a ninguém danas!
Sujeitas sempre ao tempo obras humanas
coa novidade aprazem; logo em duro
ódio e desprezo ficam: ama o seguro
silêncio, fuge o povo, e mãos profanas.
Ah! não te posso ter! deixa ir comprindo
primeiro tua idade; quem te move
te defenda do tempo, e dos danos.
Dirás que a pesar meu fostes fugindo,
reinando Sebastião, Rei de quatro anos:
ano cinquenta e sete: eu vinte e nove.
IN - CASTRO E POEMAS LUSITANOS - ANTÓNIO FERREIRA - VERBO
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