quinta-feira, 4 de novembro de 2010
As perguntas - FRANCISCO JOSÉ VIEGAS
Não tem rosto, o Deus dos perplexos. Nem voz.
Nem arrependimento. Nem a alegria dos alegres
ou o medo da escuridão. Não posso dizer-vos como
se encontram os seus caminhos, se o melro poisa
nas hortas junto do rio, ao adivinhar a tempestade.
Deus predador, o nosso, prudente, interdito,
que desagrada ao canto mais simples. As nossas
pegadas ficam no deserto, aguardam a passagem
como um fantasma que se desprende da chuva.
Esta luz é incerta, balança sobre as varandas, ameaça
os dias, converte ou desarma todas as palavras certas,
todos os olhos abertos. Não tem rosto, o Deus dos
perplexos, não caminha nos precipícios, não arde
como a urze fitando o céu, não o comove a morte.
in... O puro e o impuro - FRANCISCO JOSÉ VIEGAS - Quasi
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-
ResponderEliminarporém,
tem a aparencia
dos sem rosto . . .
,
saudações,
,
*
O Universo conduz-me para a existência de um Criador, mas creio que Deus está em cada um de nós,nos nossos talentos, nas nossas virtudes. Talvez seja lírica, mas sou um pouco panteísta.
ResponderEliminarGostei de refletir.