sexta-feira, 26 de março de 2010

Soneto do soneto - MANUEL ALEGRE



Desata-se-me o verso no primeiro
no segundo de vento vai vestido
no terceiro de mar e marinheiro
no quarto está perdido está perdido

Recupero-o no quinto sem sentido
no sexto deito-o à sombra de um sobreiro.
No sétimo com Dante digo: «Guido
sê tu no oitavo verso o companheiro»

Porque não espero de voltar ao nono
leva-me O'Neill no décimo a um terceto
que aponte já no onze o sul e o sal.

Ao décimo segundo chega o sono.
No treze está a chave do soneto
mas nem sempre o catorze é o final.

in... Poesia vol II - MANUEL ALEGRE - Dom Quixote

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