quinta-feira, 25 de março de 2010

Pied-de-nez - MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO



Lá anda a minha Dor às cambalhotas
No salão de vermelho atapetado -
Meu cetm de ternura engordurado,
Rendas da minha ânsia todas rotas...

O Erro sempre a rir-me em destrambelho -
Falso mistério, mas que não se abrange...
De antigo armário que agoirento range,
Minha alma actual o esverdinhado espelho...

Chora em mim um palhaço às piruetas;
O meu castelo em Espanha, ei-lo vendido -
E, entretanto, foram de violetas,

Deram-me beijos sem os ter pedido...
Mas como sempre, ao fim - bandeiras pretas,
Tômbolas falsas, carrossel partido...

in... Poesias - MÁRIO DE SÁ-CARNEIRO

Site da editora aqui

1 comentário: