quarta-feira, 20 de novembro de 2024

O Cardo-Mariano - Frassino Machado

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Em agrestes terrenos e em monturos
Viceja uma das mais estranhas plantas:
O cardo-mariano, d’ atributos puros,
Em toda a natureza uma das mais santas.

A sua flor é macia e graciosa,
De múltiplas cores, as mais variadas:
Assenta numa auréola espinhosa
Mas atrai as borboletas delicadas…

Todos os insectos revelam uma paixão,
Naquele sabor a mel que vão sugar:
Assim a natureza é-lhes uma bênção
Naquela existência rara de encantar.

O cardo-mariano é como a vida real,
Inteiramente agreste e doloroso:
A bela flor é a sua alma natural
E o seu néctar é doce e delicioso.

Há plantas e plantas, há flores e flores
E, entre amarguras, há belezas e sabores!

EM - CORAÇÕES ANSIOSOS - FRASSINO MACHADO - IN-FINITA

terça-feira, 19 de novembro de 2024

Viagem lunar - Fátima Santos

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Brilham as mil estrelas
Em silêncio total
Desnudo-me do meu mal
E deslumbro-me a vê-las.
Na lua espraio o olhar
Imagino meu deambular
Como astronauta a flutuar
Viajo nos anéis de Saturno
Abrindo na noite o sonho diurno
E em Vénus faço uma paragem
Descarregando peso e bagagem
E inebriando-me com esta viagem

EM - COSMOS POÉTICO - FÁTIMA SANTOS - IN-FINITA

Eram militares - Graça Pires

Eram militares.
Eram jovens.
Carregavam no peito
o peso da arma e do receio.
Quantos rezaram?
Quantos choraram?
Quantos vacilaram?
O retrato dos filhos perto do coração.
A imagem da mulher a cercar-lhes o corpo.
As mãos das mães cheias de bênçãos.
E todos tão cheios de coragem!

EM - ERA MADRUGADA EM LISBOA - GRAÇA PIRES - POÉTICA EDIÇÕES

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Tuas feições - Maria Cabana

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Quando o tempo acorda cansado
Pela ingratidão dos silentes sonhos
Pelo teu chamado logo é despertado
Dando oportunidade a outros sonhos…

Teu olhar, pede o conforto de meu regaço
E o alimento de meu de leite, que te faz crescer
Minha ternura te envolve em doce abraço
Num amor pleno que nos faz sobreviver…

Meu menino de feições, esculpidas a ouro
O metal mais nobre de um brilho sem fim
Em ramos de oliveira, coroa de louro
O mundo inteiro pede um tempo assim…

Mãos entrelaçadas simbiose de vidas
Fogo de partida é luz de chegada
No entretanto, há metas cumpridas
Mãe de acolhimento, estás sempre na estrada…

EM - A ARTE DE POETIZAR - COLETÂNEA (organização de António Alves, sobre telas de António Dias) - IN-FINITA

Saudade - Lídia Palminha

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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(instante de saudade de um momento vivido
na infância com o amparo de uma presença Divina)

Lindos olhos eram os teus, de azul cor do mar,
recordo-os como se os tivesse visto esta manhã,
percebo que nem dei pelo tempo passar.
Recordo quando para mim olharam,
e tudo à minha volta mudou, o feio ficou belo,
o belo, magnificente ficou.
Foram apenas instantes,
foi um instante constantemente a recordar,
que lá atrás não entendi,
agora, consome-me a saudade traduzida neste meu chorar.
Quando olhei bem no seu fundo no teu memorável olhar,
senti-me como nunca me havia sentido, exuberante,
inimaginável um simples olhar, ter tanto valor para o meu coração,
por um mínimo instante, foi perturbante.
Neles não habita discórdia, só existe puro amor,
olhos azuis cor do Mar,
doce mistério, estranho calor.
Recordo a sua força, a sua alegria e a sua vida,
valores excelsos a não perder,
e sou tão grata pelo teu olhar ter conhecido,
e em mim, eternamente vão viver.

EM - VELEIRO DAS SETE CORES - LÍDIA PALMINHA - IN-FINITA

domingo, 17 de novembro de 2024

Apenas dias (excerto) - Desafinador de palavras

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Apenas um dia para viver, três dias para morrer
Quantos homens, mulheres e crianças
Ainda vão cair ou perecer
Sem eu nada querer ou poder fazer

Talvez por distração
Ignorando aquele
Que está caído na beira da estrada
Sem ninguém lhe dar a mão

E eu…, fariseu, passando de largo
Como se a minha vida e tudo aquilo que eu tenho
De graça não me tenha sido ofertado
Passo depressa, apenas olho de lado

Uma vida inteira a morrer
A cair aos poucos sem eu saber
Deixei-me arrastar pela vida
Ignorei que a mesma era finda
Esqueci-me nessa fonte beber

EM - VIAGEM - FRANCISCO MCM FAUSTINO (DESAFINADOR DE PALAVRAS) - IN-FINITA

Adequação da palavra (excerto) - Ivo Álvares Furtado

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É o termo apropriado,
para definir o modo de utilização,
mais adequado.
A palavra é um instrumento
acutilante,
causador de dano,
se mal aplicado.

A palavra ponderada,
é promotora de pacificação,
construtora de pontes;
criadora de elos de união
entre seres humanos;
talvez o mais eloquente e desejado,
elo de concertação.

A palavra é também
um potente motor,
um gerador
e impulsionador,
de objetivos
de pretensa realização.
...

EM - A LÍNGUA PORTUGUESA QUE NOS UNE - IVO ÁLVARES FURTADO - IN-FINITA

sábado, 16 de novembro de 2024

O temporal anoitece - Joaquim Paulo Silva

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O temporal anoitece
o passado
como uma flecha
atravessa o Oceano.

EM - DIÁRIO DAS LEMBRANÇAS PERDIDAS - JOAQUIM PAULO SILVA- IN-FINITA

Fado Alexandrino Jaime Santos (Tua boca purpurina) - Fernando Silva

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Na tua vida encanto
Nas ruas do teu corpo
Situadas nesse canto
És sempre esse conforto
Levo comigo este sonho
E a vontade de amar
A vida de abandono
Contudo não quero passar

E entre a sombra escura
E o melhor desta vida
Caminhei sempre à procura
Da ladeira e da subida
E desses teus lindos lábios
Tua boca purpurina
Momentos mais sábios
Lembram-me essa menina

Posso ainda agora
Lembrar a noite escura
Quando quis ir embora
Tu fizeste uma jura
Na sombra pensei melhor
Mas deitei tudo a perder
Porque o nosso dúbio amor
Não podia acontecer

Posso ainda agora
Lembrar a noite escura
Quando quis ir embora
Tu fizeste uma jura
Na sombra pensei melhor
Mas deitei tudo a perder
Porque o nosso dúbio amor
Não podia acontecer

EM - O FADO MORA AQUI - FERNANDO SILVA - IN-FINITA

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

O arauto da poesia - Frassino Machado

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«Dedicado a América Miranda»

Ó Tertúlia distinta, vinte anos já passaram!
Desde que América Miranda te fundou
Até hoje, uma chama de paixão te consagrou
Nos jubilosos tempos que se revelaram…

Foram vinte anos em que o Palco se agitou
P’los poemas de Bocage que nos enfeitiçaram;
E nestes versos novos, que ora se ergueram,
Cumpre-se o sonho que América estruturou.

Os tempos de Bocage – do nobre Vate Sadino –
Fizeram deste Elmano um memorável hino
Que a toda hora, e sempre, soubemos recriar…

Neste terno acalento, tornado peregrino,
Vem o «Arauto da Poesia» agora a anunciar
Qu’ a Tertúlia “América Miranda” está no ar.

E por este mar revolto de folhas a bailar
Singra a ousada caravela da lealdade
Num Horizonte sem destino e sem idade.

E aí, nesse glorioso Parnaso de ventura,
A pena de Calíope, em cada partitura,
Escreverá d’ América um livro de saudade!

EM - CORAÇÕES ANSIOSOS - FRASSINO MACHADO - IN-FINITA

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Hefesto - Fátima Santos

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Foste à nascença amaldiçoado
Do Olimpo afastado
Mas sempre foste receado
E do fogo artesão invejado
Com tua forja e invenções
Reinaste entre cálidos vulcões
E vingaste-te com duras lições
A quem te desrespeitou e humilhou
Regressando à montanha sagrada
Onde só os eleitos têm a entrada.

EM - COSMOS POÉTICO - FÁTIMA SANTOS - IN-FINITA

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Bailarinos - António Ferreira

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Qual borboleta em corpo frágil
Ela se deixa conduzir
Por ele num passo ágil
Em que ambos estão a sorrir.
Dão mil voltas em rodopio
Nos braços um do outro estão
Numa valsa de Tchaikovsky
Ou numa simples canção.
Nota-se neles uma cumplicidade
E no entanto seguem impunes
A bailarina voa com majestade
No último ato do “Lago dos cisnes”.
Continua a dança, seguem felizes
Por toda a sala qual peregrinos
Em pontas, tendú ou frappé
Ao compasso da obra vão os bailarinos.

EM - A ARTE DE POETIZAR - COLETÂNEA (organização de António Alves, sobre telas de António Dias) - IN-FINITA

Quem não sou? (excerto) - Lídia Palminha

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Não sou flor, sou planta ruim
daquela ruindade que floresce livre
aproveitando o melhor da sagrada existência
de raízes profundas num crescer em resiliência.

Não sou minha nem de ninguém, sou da vida
daquela vida em que nada se conhece
constantemente de braços abertos para o que der, e vier
seja como tiver que ser, do que de cada instante advier.

Não sou um caminho, sou repreensão
daquela que insiste em caminhar sem ir atrás de alguém
na minha condição de única, individual, singular
detestando retas escorregadias, preferindo as feridas nos pés provocadas pelo piso irregular.

Não sou soma, sou diminuição
daquela que muitos criticam, por absolutamente nada de mim, nada saberem
porque para mim a vida não é nem pode ser perfeita
e assim, acordo todas as manhãs, sorrindo satisfeita.

Não estou perto, mas bem longe
estou na distância que faço questão que exista
sendo a minha escolha, viver em alegria como emoção
um excelente alimento para o meu ressignificado coração.
...

EM - VELEIRO DAS SETE CORES - LÍDIA PALMINHA - IN-FINITA

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Água cristalina (excerto) - Desafinador de palavras

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O amor…, sempre o amor…
E, se tu vivesses tranquila com amor?
Todos os dias, tranquila com amor?
Como seria? Como serias?
Quem te seguiria? Quem tu seguirias?
Com quem tu estarias? Quem estaria junto de ti?
Quem te daria amor? Quem tu amarias?
O amor…, sempre o amor…
Como apenas uma gota de Água Cristalina, poderia
transformar a tua vida.
Como uma pequena gota de Água Cristalina, poderia levar-
te aonde tu nunca estiveste.
Como uma gota de Água Cristalina, uma simples gota de
Água Cristalina, que, tantas vezes, tu deixaste evaporar, te
podia transformar e matar essa tua sede de amar.
Mas, mais uma vez, essa gota de água secou, e não fez
aquilo para que foi criada.

EM - VIAGEM - FRANCISCO MCM FAUSTINO (DESAFINADOR DE PALAVRAS) - IN-FINITA

Método de escrita da minha poesia - Ivo Álvares Furtado

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Escrevo num café,
num bar,
ou mesmo deitado
a descansar,
…, em qualquer lugar;
após o que transcrevo,
ordeno no computador
e efetuo os acertos de frases,
presentes ou em falta,
para colmatar.

A resultante organização,
na forma de poesia concluída,
é feita na minha secretária,
em total sossego
e sempre com a mesma paixão.

Assim escrevo
e dou-vos a conhecer,
o que de mais precioso tenho,
a minha Poesia!

EM - A LÍNGUA PORTUGUESA QUE NOS UNE - IVO ÁLVARES FURTADO - IN-FINITA

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Pelo rio generoso - Joaquim Paulo Silva

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Pelo rio generoso
das tuas águas
navegam
meus barcos
de palavras
e saudades.

EM - DIÁRIO DAS LEMBRANÇAS PERDIDAS - JOAQUIM PAULO SILVA- IN-FINITA

Fado Alexandrino do Armandinho (Observo) - Fernando Silva

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Arco-íris, teus olhos
Que a noite nos faz distante
És parte dos meus escolhos
És meu dia mais brilhante

Observo desta janela
Teu olhar distante
Pintas uma aguarela
Com o olhar gritante

Correndo atrás do tempo
Numa sombra tão escura
Voam as folhas ao vento
Numa desmedida procura

Hoje já não vejo os céus
Nem luar prateado
Faço preces a Deus
Nas memórias deste fado

Correndo atrás do tempo
Numa sombra tão escura
Voam as folhas ao vento
Numa desmedida procura

Hoje já não vejo os céus
Nem luar prateado
Faço preces a Deus
Nas memórias deste fado

EM - O FADO MORA AQUI - FERNANDO SILVA - IN-FINITA

domingo, 10 de novembro de 2024

Tempero e magia - Frassino Machado

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“Para a Lúcia & Francisco”

Tanto se tem escrito sobre o amor
E nada nem ninguém tem segurança
Mesmo que se articule numa aliança
Algo que a alma tenha em desfavor.

E tantos sonhos com prazer ou dor,
Tantas idas e vindas da esperança,
Tanto de contra censo ou contradança
Sem que nada se ajuste com rigor…

Há sempre amor na hora da madrugada
Quando um dos elos parte para a estrada
E o outro permanece no doce lar.

Há sempre amor na hora do entardecer
Quando de novo o encontro acontecer
No abraço e na doçura de um olhar…

E se houver mais alguém entrelaçado,
Rebento de um amor já realizado,
Eis tempero, eis magia a latejar!

EM - CORAÇÕES ANSIOSOS - FRASSINO MACHADO - IN-FINITA