Orvalho - António Soares Ferreira

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P´lo orvalho da manhã

Percorro léguas a fio

Por veredas, por verdes campos

Seguindo o leito do rio

P´lo orvalho da manhã

Levo novas, mato fomes

Dos lugares ouvi histórias

Dos homens esqueci nomes

Homens e mulheres entre xisto

Escondidos entre dois montes

O orvalho da manhã

Gela a água nas fontes

Entre penedos e antas

Qual secular guardiã

Sigo sozinho o meu rumo

Sobre o orvalho da manhã.

EM - NUM MAR DE PALAVRAS - ANTÓNIO SOARES FERREIRA - IN-FINITA

Já és só sabedoria - Celso Cordeiro

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Já foste criança pequena,

Já foste miúda adolescente,

Já foste vivaça e sorridente,

Já o sorriso não mora em ti,

Já foste Mulher casadoira,

Já até tentação de tanta gente,

Já te tornaste Mulher madura,

Já fizeste do sorriso armadura,

Já foste Mulher e mãe devota,

Já foste referência aos novos,

Já há quem te chame de cota,

Já passaste por tanta tropelia,

Já estás até da vida cansada,

Já és Mulher anciã, sabedoria.

EM - NO CAMINHO DO VERSO - CELSO CORDEIRO - IN-FINITA

Impulso - Ivo Álvares Furtado

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Desejo premente;

inquietude de espírito;

fervilhar da mente.

Palavras avulsas,

soltas num repente.

Escrita compulsiva;

impulsiva e sistemática;

limpa, fluente,

gravada em ato contínuo,

anotada no meu caderninho,

testemunho vivo e perene,

da minha forma de escrita.

EM - A SEMENTE VERDE DA ESPERANÇA - IVO ÁLVARES FURTADO - IN-FINITA

aqui tendes - Rosa Melo

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a quem devo entregar 

tanto que tenho para dar 

embrulhado num sorriso 

estendido em suave olhar 

condensado num falar 

espontâneo natural 

retardado retraído 

desusado divertido 

sem a ninguém causar mal? 

quem me recebe a encomenda 

em sobrescrito fechado 

não lacrado 

que me cansaram segredos 

perdi muitos dos meus medos 

ergo o queixo insuflo o ar 

já o peito a rebentar 

e não sei a quem entregar 

tanto que tenho para dar

EM - CURTO SEM AÇUCAR - ROSA MELO - IN-FINITA