sábado, 27 de julho de 2024

Apanhadora de reparo - Elizabete Nascimento

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Abandonada na fenda 
entre silêncios e vazios, 
vejo um barco solitário e sua âncora, 
num mar sem ondas, banhado pelos raios do sol. 
No avesso, 
o mar se veste 
com o brilho da lua, salpicado de estrelas 
a iluminar a escuridão. 
Adentro sem rumo numa viagem sem remo, 
que brinca com a falta de desejo 
com os barulhos que brotam da solidão. 
Companhia só das respostas urgentes, 
das perguntas que não fiz, 
dos amores que deixei partir, 
das vidas que não vivi... 
Eu apanho imagens e palavras, 
na busca por gritos p'ra reparo de insensatez, 
da vida em descompasso que pulsa 
dos berais deste barco parado, à deriva,
ouço apenas tua voz a matar minha sede de água doce. 
Flechas apontam em cima e abaixo da minha cabeça, 
nas respostas que vagam 
feito líquido em correnteza. 
A loucura se ancora na minha lucidez. 
Acordo! Miro o vazio, caída no ineditismo da solidão. 
O livro aberto está ali rindo, 
da ignorância da procura, 
abandonado na minha mão.

EM - GRANADA - ELIZABETE NASCIMENTO - IN-FINITA

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