LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Venho do outro lado
Daquele lado em que as coisas estranhas acontecem.
Venho saída das grutas de um mar severo
Onde fiquei anos adormecida.
Venho coberta com as algas de cor prateada
Aquecida pelas passagens luminosas do sol
Entre as grutas de águas azuis
Tendo apenas por companhia
As areias prateadas estendidas como lençol.
Falo-vos de mim
E trago-vos o cheiro da maresia.
O corpo molhado
E o olhar à procura de um farol
Que me possa guiar
Até ao melhor porto de abrigo
Onde eu me possa aportar.
À minha volta
Sempre tive o mar vitorioso
Vagas mansas que me adormeciam
Estrelas-do-mar que me acariciavam
Acabei por não querer mais nada
Tal era a serenidade em que me envolviam.
Um dia falei-lhes de ti
Contos amargos
Alegrias breves
Dores e abraços
Sonhos perdidos
Mágoas…
As águas estremeceram
Taparam-me e defenderam-me dessas lembranças
Vestiram-me de rendas amarelas de espuma
Decoraram-me com conchas madrepérola
E fizeram um festim só para mim.
Não me deixaram partir
Quiseram que eu enterrasse o passado
No lugar mais fundo do mar…
Não consegui.
Um dia
A maré subiu rápida
O mar encapelou pelos ventos frios da maré
E tornou-se em grandes vagas desesperado.
Tudo aconteceu depressa
O mundo redondo deu a volta.
Perdi-me do meu refúgio consagrado
E sem saber
Vim aportar onde os rios se cruzam
Quando correm em direcção ao mar…
Uma luz rasgava o céu
O vento acalmava o mar
O ar gritava ao sol
E o silêncio pesou
Parecendo embalar todas as dores do mundo.
Nessa altura…
Eu própria soube
Que nunca mais ia voltar.
EM - INTUIÇÃO - COLETÂNEA - IN-FINITA
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