sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Quem me dera um guarda-sol... - MARTA CORTEZÃO

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O crepúsculo mora no guarda-sol
Eu, no meu deslugar escolhido
É sempre bom ter um lugar para se guardar
Ainda que seja de pedra fria, invernal
Às vezes, a poesia guarda a lua
quando o sol escorrega e tchi-bum no horizonte
Muitas vezes escorrego e não tenho lugar que me guarde
O Atlântico é gigante
e se ampara entre abraços continentes
E o sol que é bem maior
cabe no céu do guarda-sol
Se a lua fosse minha
seria uma lugar para eu me guardar?
Tem muita coisa e gente que não tem canto que lhe caiba
Disso entendo bem, tenho doutorado
A lua por exemplo é de causar-me inveja
Sempre cabe em alguma poesia
O arroz quase queima e eu pensando no lugar do arco-íris
Tem que ter luz para luzir-se no horizonte
É exigente o danado!
Eu ainda que exija não tem luz que me luza
Meu deslugar me sufoca quando o sol se guarda
e a neve cai rindo de minhas taças de chás quentes
Preciso de um caso de amor torridamente poético, urgentemente
para fazer lugar neste coração luxento
Tipo o sol, a lua, o Atlântico, o arco-íris...

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÃNEA - IN-FINITA

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