domingo, 31 de outubro de 2021

O mar do meu eu poético - ISABEL BASTOS NUNES

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Deste meu mar calmo e tranquilo
Soltam-se por vezes vagas revoltas
Que envoltas em espuma
Espraiam-se no areal da praia.
Desassossegam o olhar…
E na leve brisa matinal
Ordenam o meu silêncio
Consciência e pensamentos.
Desço as escadas da minha escrita
Na enorme vastidão da dialéctica
Onde a minha poesia caminha
Ela própria, fazendo-se passar
Por um eu que não existe
Na tentativa de nunca deixar morrer
Aquelas bolas mágicas em cuja espuma
O verbo se transforma em palavras
Quando estas são o mistério de vida.
E na minha humildade
Procurei abster-me de doutrinas sofisticadas
Onde alguns atestam grandes dogmas
Teorias inexplicáveis da própria existência
Quando esta é feita de factos acontecidos
Ou imaginados
Ainda por acontecer.
Entre mim a poesia e o mar
Existe uma cumplicidade de outros tempos,
Porque sempre naveguei
No mar dos sonhos e da utopia
Num mercado de palavras e contratempos
Próprios da simbologia… (de outros tempos) …
--- É como se a água desse meu mar
Se transformasse no sentido final que eu procuro dar
[nas entrelinhas dos meus poemas]
Desço as escadas da minha poesia lentamente
Num fim de tarde ou de madrugada
Vou calcorreando caminhos de areias,
Porque só eles me levam ao meu mar
Esse mar onde procuro aquelas musas
Que tanto influenciaram os nossos poetas antigos
E onde anseio vislumbrar
Aquela chama que ardia nos seus espíritos
E que lhes deu força e inspiração.
Não para escrever epopeias.
Mas sim vislumbrar o saber de poder criar
Queria só
Que o mar do meu eu poético
Fosse um mar tranquilo, pintado em tons de azul,
Ou folha branca na qual as palavras se moldassem
Às quimeras do tempo,
Aos afectos,
Às palavras moldadas
Celebrando a partilha de tantos outros poetas
Que em vida celebraram o seu amor à poesia.
Eu queria só ser poeta,
Ter a dádiva da palavra
Mergulhar nos versos, nas rimas e nas silabas
Até à eternidade.

EM - MULHERES A UMA SÓ VOZ - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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