quinta-feira, 27 de maio de 2021

Poema da minha infância - MARILDA SOUZA

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Infância difícil e dolorida
Nem por isso deixou de ser colorida
Ainda que com tons desbotados
Queimados e salpicados

Um capitão daqui, uma quadrilha acolá
Um trelê le, um trala lá
Uma boneca de pano
Um amacaco a assobiar

Uma surra com galhos de araça
Um pote de mugunzá
Esconde - esconde
Pega - pega e chicotinho a queimar

Escravos de Jô e irmão a olhar
Minha mãe cozinhando no
Fogão a lenha carne de sol e fubá
Aipim e o que mais sobrar

A infância poderia ter sido melhor
Mas dadas as condições
Era o que tinha para dar
Naquele lugar e lar

Infância minha de outrora
De ti não tenho saudade
Mas hoje enquanto adulta
Te adoço com cantiga e rapadura.

EM - ECOS DO NORDESTE - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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