quarta-feira, 19 de maio de 2021

O ar dos meus pulmões (em tempos de pandemia) - CARMEN LÚCIA DE QUEIROZ PIRES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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de leve, bem leve, levezinho
sentia nas narinas
bocadinho de ar

as vezes, ele fazia um chiadinho
chiando, chiando, pedindo mais ar

outras vezes nem sentia o ar
ele entrava e saia, sem cerimônia

em outras vezes, cansada
puxava o ar para dentro
e ele escapava, sem eu esperar

com pressa eu atropelava o ar
lá se ia ele sem se explicar

às vezes tirava o cateter,
faltava-me o ar, recolocava depressa
para sentir mais ar

assim se passaram os dias
e eu pensando no ar

meu Deus! como vou me livrar
ou agarrar esse ar

se ia ao banheiro levava o ar
se me deitava, deitava com o ar
se comia, comia com o ar

oh! como eu queria não sentir falta do ar

hoje tiraram-me o cateter,
o cateter que levava meu ar
para minha surpresa,
não senti falta do ar

meu pulmão estava livre,
ficou liberto da borrachinha do ar

meus pulmões se agigantaram
do tamanho do meu ar
e assim vi que eu podia respirar!

EM - TOCA A ESCREVER 2021 - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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