quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Resíduos - LIA SENA

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sobre o que celebram
restaram poucos vestígios.
esse amor amarfanhado
que agora resiste
sob os travesseiros
emaranhado nas cobertas
sobre as panelas
esfriando no fogão
ensaia às vezes
bem às vezes
o que seria novo passo
nova melodia
pra uma canção que teima.
esse ínfimo amor esquecido
tantas vezes
cisma cisma
por vezes toma toda a cama
por vezes colhe flores no jardim
esperneia
rasteja ofegante
no banheiro da suíte.
no carro importado
debate-se no vidro.
no mais chique restaurante
francês
quase morre.
espancado todo dia
emite ainda uns gemidos
e sonha sonha
com telhado
lua cheia
cidade sonolenta.

protagonista
outra vez.

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

2 comentários:

  1. uma iridescência dos muitos sentimentos que acompanharão implacavelmente quem arricou amar. Lindo poema.

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