quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Tiro de letras - INÊZ OLUDÉ DA SILVA

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Não deixe eu me arrepender
Da vida que eu levei
Das coisas que eu não fiz
Dos jeitos que eu não dei

Não viva a vida por um triz
Corte o mal pela raiz
E finque pé no pedaço
Do país que escolhi

Meu verso manco me traga
A cantiga do alvoroço
A viola, o sorriso doce
A cantiga de ninar
Os versos de arrepiar

E a cadeira de embalançar

Que os meus sonhos de mentira
Se enredem como novelo
Cheguem ao entardecer
Que o resto eu tiro de letra

Me dê as tintas, os pincéis
Os papéis e as canetas
Espoco poesia na hora
Que o resto eu tiro de letra

Deixe eu cantar no terreiro
Dançar com o feiticeiro
Sair por aí correndo
Empinando papagaio
Que o resto eu tiro de letra

Não deixe eu me arrepender
Da vida que eu não tive
Das pessoas que eu não fui
Das coisas que eu não vi
Do amores que não senti
Dos pensamentos que tive
Das coisas que não vivi
Que o resto eu tiro de letra

Leve-me no Imaginário
Na asa do passarinho
Que enfim, fez o seu ninho
Na borda do meu tinteiro

Verseje em cada estampa
Deixe respingar a tinta
Em capa de travesseiro
No meu teclado parceiro

Que o resto é tiro de letras

EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (POESIA) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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