domingo, 26 de abril de 2020

Silêncios - ANA MARTA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Encontrei-me no silêncio.
Estranha sensação, nunca tinha acontecido.
Os meus silêncios sempre foram multidões
de pensamentos em constantes atropelos,
um constante diálogo, disfarçado de monólogo,
que irrompia pelo cérebro distraído em permanente
desassossego.
Encontrei-me lá, nesse silêncio vazio, vácuo de alma,
de ser...
Não consegui proferir palavra em pensamento.
Apenas um nada.
E ali estava eu, tentando renascer, tentando limpar todas
as tempestades de dor, todas as tormentas passadas.
Vi-me de fora para dentro, no som estridente do silêncio
agudo que me impedia de pensar, mas não de sentir.
Dó.
Nem Sol, nem Mi. Dó. Apenas Dó.
Dó de quem se perdeu no sentir e se encontrou no Nada,
ansiando por ser expulsa, novamente,
para o mundo de ruídos.
Não se morre para se renascer.
Apenas se tenta arrancar esse lodo de desenganos
e desilusões, incrustado e velho, num qualquer reencontro
com o passado, num silêncio rude.
Raspando, começa a reaparecer algo inaudível que grita
em manchas de sangue, sufocando e vomitando dores
irreais.
Agora, livre, tateio o ar e perscruto de novo os sons que
começam a surgir em melodias confusas de novo pensar.
Tenho de orquestrar os sons da minha vida.

EM - INEXPLICAVELMENTE - ANA MARTA - IN-FINITA

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