quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Vazios - MANUEL MACHADO

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Existem em mim vazios sem cavidades,
Pensamentos ocupados por medusas górgonas
Afugentam ou aniquilam negaças mordazes
Tornando-os poáceas ocas, mas flexíveis e resistentes.

Tantos corpos vazios e ocos de entranhas,
Apenas invólucros cobertos de peles e tecidos
Esgravatam cada canto em busca da essência.
Há felicidade no reencontro entre seres e estares!

Sinto corações em batidas cadentes
Fragilizados por cansaços à vida magoada
Desamorados, esquecidos e atraiçoados
Agora vazios e ansiosos às próximas paixões.

Mentes retrógradas fechadas em nichos escuros,
Perversamente traiçoeiras quiçá ferinas,
Insaciáveis por corpos ocos de nada, vazios de tudo
Dilaceram peles sedosas e desprotegidas.

Sentimentos esvaem-se inseguros por ambiguidades,
Pensamentos vãos em galopares constantes.
Abrem-se alas, há festejos com alardeio às mentes abertas,
Ouvem-se coros a dissipar futilidades e vazamentos!

EM - CONEXÕES ATLÂNTICAS IV - ANTOLOGIA - IN-FINITA

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