domingo, 1 de setembro de 2019

A mulher solitária que sou - ISABEL BASTOS NUNES

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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E é sempre a solidão que me chama,
Essa voz que tanto causa o meu cansaço
Que me faz gritar num silêncio cheio de raiva
Porque esquecida estou de todos os abraços.

Já nem me lembro sequer
Se alguma vez tive noites de amor
Em que se deve beber até à última gota
Todos os gestos que, em delírio se devem fazer.

Já nem tudo devo escrever
Porque a vida já não me faz sentido
Mas se de mim mesma, parte esse desejo consentido
Porque me aflige assim tanto a minha solidão?

Se em meus olhos, já não há o brilho do tempo
Nem em meu corpo o viço da mocidade
Se a minha vida é apenas um sonho malogrado
Que me interessa viver num reino ensombrado?

Há frio à minha volta
Degenera-se-me a ausência das palavras
Estou presa aos limites da minha (in) significação
Desamando a vida, numa derradeira imagem,
sem compaixão.

Não quero mais sair deste denso nevoeiro
E retendo os meus sentidos nessas palavras esquecidas
Fecho-me como gavetas de cómoda apodrecida
Escondendo dentro de mim, a chave que as podia abrir
Deixando-a para sempre, aí esquecida.

EM - ENTRE OS POEMAS... AS PALAVRAS - ISABEL BASTOS NUNES - IN-FINITA

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