A morte sem mim é nada - ALVARO GIESTA

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA

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«correm em mim os mortos, como água –

com o murmúrio gelado da sua incalculável ausência.»

elegia múltipla, Herberto Helder

Nego-me a lutar com a morte
com ela não luto
porque ela é nada.
É como noite sem luz
é como ter de transportar o leve peso
de inexistente cruz.
A morte sequer é sem mim,
é apenas alegoria do acabar
do meu irrecusável fim.
Resta-me a alegria de saber, então,
que comigo morre a minha morte;
ela também acaba, assim,
sem remissão:
– fechada,
entre as tábuas pregadas do meu caixão

EM - O SERENO FLUIR DAS COISAS - ALVARO GIESTA - IN-FINITA