se a vénus ao espelho fosse
uma oliveira a arder por dentro
com sua chama de óleo doce
e tudo em brasa desde o centro,
se o seu espelho acaso fosse
embaciado pelo alento
que algum cupido em voo trouxe
entre desejo e atrevimento,
se o ar no quarto depois fosse
feito luz táctil do aposento
e se entranhasse a tomar posse
da nudez rósea no cinzento,
e se velásquez então fosse
pintar-lhe o ensimesmamento
eu te diria: misturou-se
ao próprio instinto o pensamento.
EM - POESIA 2001/2005 - VASCO GRAÇA MOURA - QUETZAL
Sem comentários:
Enviar um comentário