segunda-feira, 1 de julho de 2013

Em um retrato - CAMILO PESSANHA

De sob o cómodo quadrangular
Da terra fresca que me há-de inhumar,

E depois de já muito ter chovido,
Quando a herva alastrar com o olvido,

Ainda, amigo, o mesmo meu olhar
Há-de ir humilde, atravessando o mar,

Envolver-te de preito enternecido,
Como o de um pobre cão agradecido.

EM - CLEPSYDRA - CAMILO PESSANHA - RELÓGIO D'ÁGUA

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