segunda-feira, 27 de maio de 2013

De tarde - CESÁRIO VERDE

 
 
Naquele «pic nic» de burguesas,
Houve uma cousa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
 
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
 
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão-de-ló molhado em malvasia.
 
Mas, todo púrpuro a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
 
EM - OBRA COMPLETA - CESÁRIO VERDE - LIVROS HORIZONTE

1 comentário:

  1. Daria uma aguarela,sem dúvida. Faz lembrar o "Almoço na relva" de Ed. Manet,Paris, Orsey , dos finais do séc.XIX. Grata.

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